Pular para o conteúdo principal

Salários dos professores

É sabido e difundido, com muita propriedade, que os salários dos professores não condizem com a nobre missão que desempenham. Histórica já é a luta em prol das melhorias das condições de trabalho e da remuneração a que fazem jus estes profissionais que constituem a base de todas as profissões, porque ninguém atinge formação sem o professor.

Um documento do acervo documental do Arquivo Histórico, Fundo Junta Municipal (1889-1892), datado de 13 de abril de 1892, mostra o quanto o assunto não é novo e uma faceta das várias situações a que a classe do magistério tem sido submetida ao longo do tempo:


Ofício de 13/4/1892 - JM/S/SIP-Ofícios - Caixa 2

Dizia o documento, enviado à Junta de Cachoeira pela Diretoria Geral da Instrução Pública, em Porto Alegre, que os vencimentos dos professores interinos não normalistas seriam reduzidos de 880 para 600 mil réis, autorizando a municipalidade a abrir concurso para nomeação de outros, desde que fossem abertos editais. Os candidatos deveriam apresentar documentos que comprovassem sua maioridade, isenção de culpa e bom procedimento, além de outras condições e determinando que Si algum dos interinos não tiver competidor e mostrar, por algum documento, possuir approvação de exame que seja superior ao que determina o art.º 82 § unico do Regulamento, deverá ser contractado independente de novo exame. Como se vê, no final do século XIX, provavelmente por carência de professores com formação nas escolas normais, outras pessoas eram contratadas para desempenho do magistério e, já naquele tempo, vê-se que o estado valorizava pecuniariamente melhor os realmente habilitados.

Na vigência do século XXI, apesar de todo avanço tecnológico, os professores seguem no desafio diário de vencer as batalhas que lhe são impostas por um mundo em profunda mudança, enfrentando o descrédito, a baixa remuneração e as incertezas de uma profissão que está absolutamente em desvantagem na sociedade, apesar da importância, da relevância e do caráter praticamente insubstituível que possui...

(MR)

Comentários

  1. Além das escolhas dos conteúdos das postagens te parabenizo, Mirian, por conseguir ler estes documentos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, Suzana. Quanto à leitura, a gente acostuma. Abraço.

      Excluir
  2. Acrescento ainda, Suzana, que na escolha dos conteúdos tenho o auxílio precioso da colega Neiva Kohler. O resto cabe a mim fazer. E eu adoro!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Casa da Aldeia: uma lenda urbana

Uma expressão que se tornou comum em nossos dias é a da "lenda urbana", ou seja, algo que costuma ser afirmado pelas pessoas como se verdade fosse, no entanto, paira sobre esta verdade um quê de interrogação!  Pois a afirmação inverídica de que a Casa da Aldeia é a mais antiga da cidade é, pode-se dizer, uma "lenda urbana". Longe de ser a construção mais antiga da cidade, posto ocupado pela Catedral Nossa Senhora da Conceição (1799), a Casa da Aldeia, que foi erguida pelo português Manoel Francisco Cardozo, marido da índia guarani Joaquina Maria de São José, é mais recente do que se supunha. Até pouco tempo, a época tida como da construção da casa era dada a partir do requerimento, datado de 18 de abril de 1849, em que Manoel Francisco Cardozo: querendo elle Suppl. Edeficar umas Cazas no lugar da Aldeia ecomo Alli seaxe huns terrenos devolutos na Rua de S. Carlos que faz frente ao Norte efundos ao Sul fazendo canto ao este com a rua principal cujo n

Hospital da Liga - uma obra para todos

Interessante recobrar a história de construção do Hospital da Liga Operária, o gigante do Bairro Barcelos, que se ergueu sob a batuta do maestro do operariado cachoeirense: o vereador José Nicolau Barbosa. E justamente agora que o município planeja desapropriá-lo para nele instalar o sonhado curso de medicina. José Nicolau Barbosa apresentando a obra do Hospital da Liga Operária - Acervo familiar O sonho do Nicolau, como ficou conhecido o empenho que aplicou sobre a obra, nunca chegou a se realizar, uma vez que a edificação não pôde ser usada como hospital. Ainda assim, sem as condições necessárias para atendimento das exigências médico-sanitárias, o prédio de três andares vem abrigando a Secretaria Municipal de Saúde. Mesmo desvirtuado de seu projetado uso original, mantém o vínculo com o almejado e necessário atendimento da saúde do trabalhador cachoeirense. O Jornal do Povo , edição de 1.º de março de 1964, traz uma entrevista com José Nicolau Barbosa, ocasião em que a reportagem do

Bagunça na 7

Em 1870, quando a moral e os bons costumes eram muito mais rígidos do que os tempos que correm e a convivência dos cidadãos com as mulheres ditas de vida fácil era muito pouco amistosa, duas delas, Rita e Juliâna, estavam a infernizar moradores da principal e mais importante artéria da Cidade da Cachoeira. Diante dos "abusos" e das reclamações, chegou ao subdelegado de polícia da época, Francisco Ribeiro da Foncêca, um comunicado da Câmara Municipal para que ele tomasse as necessárias providências para trazer de volta o sossego aos moradores. Rua 7 de Setembro no século XIX - fototeca Museu Municipal A solicitação da Câmara, assinada pelo presidente Bento Porto da Fontoura, um dos filhos do Comendador Antônio Vicente da Fontoura, consta de um encadernado do Fundo Câmara Municipal em que o secretário lançava o resumo das correspondências expedidas (CM/S/SE/RE-007), constituindo-se assim no registro do que foi despachado. Mais tarde, consolidou-se o sistema de emitir as corresp