Pular para o conteúdo principal

Relógio parado...

Vez em quando a história do relógio sumido que existia no cruzamento das ruas Sete de Setembro e Dr. Sílvio Scopel (antiga Travessa 24 de Maio) vem às rodas de conversas. "- Que fim levou o relógio?" é a pergunta mais recorrente. A resposta definitiva ainda não foi dada...

Relógio no cruzamento das ruas Sete de Setembro com Travessa 24 de Maio
(atual Rua Dr. Sílvio Scopel) - Fototeca Museu Municipal

Instalado naquele local em fins de janeiro de 1928, o relógio estava "montado em columna com degráus de marmore côr de rosa e adornado de arbustos floriferos nas bases. Os angulos da columna estão providos de 3 thermometros e um barometro", segundo noticiava o jornal O Commercio de 1.º de fevereiro, página 4.

Relógio e trânsito da Rua Sete de Setembro - Fototeca Museu Municipal

Pois o mesmo jornal O Commercio, edição de exatos 80 anos, dia 5 de abril de 1939, na primeira página, traz um pequeno texto, sem autoria, que diz o seguinte:

"Não sabemos porque ainda anda parado o relogio do Obelisco da praça José Bonifácio.
Dizem que isto acontece devido a trepidação do movimento de vehiculos que por ali transitam.
Está certo. Mas tambem para ter-se um "chronometro" que nunca funcciona não sabemos qual a vantagem.
Si não ha um geito, para que então, no seu logar, não se põe uma outra cousa de utilidade, de expressão?"

O texto claramente faz crítica à falta de manutenção do relógio público, instalado então há apenas 11 anos. Mas o que chama atenção é um dos motivos alegados para a avaria do relógio: "a trepidação do movimento de vehiculos que ali transitam." Pelo sim pelo não, provavelmente o trânsito de automóveis ou outros veículos devia ser de monta para a época, denotando um bom fluxo nas ruas principais, motivado certamente pela economia robustecida, pela concentração de atrativos comerciais na rua principal, pela existência ali do Mercado Público, da Praça José Bonifácio e também do Cine Teatro Coliseu nas imediações. Outro fator de movimentação intensa era ser então a Rua Sete de Setembro o caminho natural tomado para quem vinha ou se dirigia à Estação Ferroviária.

Há 80 anos a questão era a ineficiência do relógio. Hoje o lamento de muitos é a inexistência do relógio.

MR

Comentários

  1. De estar na casa de um "poderoso" da cidade "que se acha né?" O Lula não levou o faqueiro de Ouro que foi dado de presente para o Brasil na época do presidente Costa e Silva? Alguns políticos sr acham donos do patrimônio público quando assumem seus cargos. Me admiro as musas do chateau Deau estarem lá ainda kkkkk. Brincadeiras à parte, é um absurdo sumirem ou destruirem nossa história

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Casa da Aldeia: uma lenda urbana

Uma expressão que se tornou comum em nossos dias é a da "lenda urbana", ou seja, algo que costuma ser afirmado pelas pessoas como se verdade fosse, no entanto, paira sobre esta verdade um quê de interrogação!  Pois a afirmação inverídica de que a Casa da Aldeia é a mais antiga da cidade é, pode-se dizer, uma "lenda urbana". Longe de ser a construção mais antiga da cidade, posto ocupado pela Catedral Nossa Senhora da Conceição (1799), a Casa da Aldeia, que foi erguida pelo português Manoel Francisco Cardozo, marido da índia guarani Joaquina Maria de São José, é mais recente do que se supunha. Até pouco tempo, a época tida como da construção da casa era dada a partir do requerimento, datado de 18 de abril de 1849, em que Manoel Francisco Cardozo: querendo elle Suppl. Edeficar umas Cazas no lugar da Aldeia ecomo Alli seaxe huns terrenos devolutos na Rua de S. Carlos que faz frente ao Norte efundos ao Sul fazendo canto ao este com a rua principal cujo n

Hospital da Liga - uma obra para todos

Interessante recobrar a história de construção do Hospital da Liga Operária, o gigante do Bairro Barcelos, que se ergueu sob a batuta do maestro do operariado cachoeirense: o vereador José Nicolau Barbosa. E justamente agora que o município planeja desapropriá-lo para nele instalar o sonhado curso de medicina. José Nicolau Barbosa apresentando a obra do Hospital da Liga Operária - Acervo familiar O sonho do Nicolau, como ficou conhecido o empenho que aplicou sobre a obra, nunca chegou a se realizar, uma vez que a edificação não pôde ser usada como hospital. Ainda assim, sem as condições necessárias para atendimento das exigências médico-sanitárias, o prédio de três andares vem abrigando a Secretaria Municipal de Saúde. Mesmo desvirtuado de seu projetado uso original, mantém o vínculo com o almejado e necessário atendimento da saúde do trabalhador cachoeirense. O Jornal do Povo , edição de 1.º de março de 1964, traz uma entrevista com José Nicolau Barbosa, ocasião em que a reportagem do

Bagunça na 7

Em 1870, quando a moral e os bons costumes eram muito mais rígidos do que os tempos que correm e a convivência dos cidadãos com as mulheres ditas de vida fácil era muito pouco amistosa, duas delas, Rita e Juliâna, estavam a infernizar moradores da principal e mais importante artéria da Cidade da Cachoeira. Diante dos "abusos" e das reclamações, chegou ao subdelegado de polícia da época, Francisco Ribeiro da Foncêca, um comunicado da Câmara Municipal para que ele tomasse as necessárias providências para trazer de volta o sossego aos moradores. Rua 7 de Setembro no século XIX - fototeca Museu Municipal A solicitação da Câmara, assinada pelo presidente Bento Porto da Fontoura, um dos filhos do Comendador Antônio Vicente da Fontoura, consta de um encadernado do Fundo Câmara Municipal em que o secretário lançava o resumo das correspondências expedidas (CM/S/SE/RE-007), constituindo-se assim no registro do que foi despachado. Mais tarde, consolidou-se o sistema de emitir as corresp