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A grande fuga para a lua

Há 50 anos, no dia 21 de julho de 1969, o homem pisava pela primeira vez na lua. Naquele tempo, poucos foram os que tiveram a oportunidade de assistir à proeza através da televisão, recurso ainda não disponível em todos os lares brasileiros. Assim, nos dias que se seguiram ao feito, jornais e rádios difundiram a nova e alimentaram as discussões.

Em Cachoeira, o Jornal do Povo foi portador da notícia em sua edição do dia seguinte, 22 de julho. Na primeira página, um quadro dá destaque ao feito:


Capa do JP de 22/7/1969
Registro histórico - JP de 22/7/1969, p. 1
Intitulada Registro histórico, a nota diz:

Registro Histórico. 
Ao primeiro minuto do dia de ontem, 21 de julho, de 1969, o homem pôs, pela primeira vez na História, o pé na Lua. O fato deve-se ao avanço da Técnica e da Ciência dos Estados Unidos da América, o herói chama-se Neil Armstrong, seguido de seu companheiro do Apolo 11, Edwin Aldrin, que fêz o mesmo, instantes após Armstrong, enquanto Michael Collins, piloto da nave-mãe, fazia evoluções em torno do satélite da Terra.

Registro da chegada do homem à lua - Google

A notícia, prontamente difundida, dá a dimensão do quanto há 50 anos já era possível um jornal do interior divulgar entre os seus leitores um acontecimento internacional de um dia atrás. Quantos envolvidos na replicação do acontecimento numa malha de comunicação extremamente intrincada e dependente de agências de notícias.

Interessante destacar que na página seguinte o Pe. Ernesto Botton, pároco da Igreja Matriz, publicou um artigo intitulado A grande fuga para a lua. No correr do artigo, o padre celebra a chegada do homem à lua como um feito gigantesco. E analisa:

Talvez a poucos ocorra classificar êsse feito como a mais espetacular fuga dos homens. Os homens costumam fugir daquilo que os aborrece, daquilo que os envergonha. Certamente esta vida aqui na terra aborrece e envergonha os homens que não conseguem torná-la pacífica, digna, humana. Indo à lua ou ficando simplesmente na terra a vida dos homens é cada dia mais desumana.

Cinquenta anos depois, cessadas as missões espaciais espetaculosas, muito movidas à época pela guerra fria, usando o raciocínio do Padre Ernesto Botton, o homem ainda não conseguiu fugir de seu desumano mundo.

Marca da bota do astronauta na lua - G1

MR
 

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