Pular para o conteúdo principal

Saneamento da Cidade

No relatório apresentado ao Dr. A. A. Borges de Medeiros, Presidente do Estado do RS, pelo  engenheiro Ildefonso Soares Pinto, Secretário de Estado dos Negócios das Obras Públicas, em 15 de agosto de 1923, encontram-se dados sobre o projeto de saneamento de Cachoeira do Sul, o qual segue a transcrição:

Caixa d'água da 1ª hidráulica
Imagem: Loveli La-Flôr
"O projecto de saneamento da cidade de Cachoeira foi organizado pelo engenheiro Saturnino Rodrigues de Brito, em 1919.
Em fins de 1920 e principios de 1921, como houvesse urgencia em fornecer agua à cidade, a Municipalidade executou uma parte da rêde hydraulica, abastecida por uma captação provisoria.
Essas obras, que foram tratadas em relatorios anteriores, importaram em 172:314$278, e constam, em resumo, do seguinte:
Captação d'agua no rio Jacuhy, a montante do cemiterio velho e da cidade; recalque para os prefiltros, onde a agua é batida, arejada e prefiltrada; segundo recalque para um reservatorio de cimento armado; distribuição pelas ruas Saldanha Marinho, Felix da Cunha e Sete de Setembro, com ramaes para as travessas Firminiano, Sete de Abril e Venancio Ayres.
Em 1922, havendo o engenheiro director das obras municipaes de Cachoeira communicado a existencia de aguas altas nos cerros do Botucarahy, Cortado e Branco, mandou esta Secretaria explorar os mananciaes que se encontrassem nas regiões indicadas, com o fim de verificar si era possivel aproveital-os para o abastecimento da cidade por gravidade.
Os estudos feitos confirmaram a presença dos mananciaes em altura bastante para o aproveitamento das aguas, porém com descargas insufficientes nas estiagens, como verificou tambem o auctor do projecto.
Nessas condições, não foi possivel o supprimento por gravidade e sim pela captação no Jacuhy e elevação mecanica, conforme resolvida a execução das obras projectadas, foi reconhecida a conveniencia da revisão do orçamento respectivo, que datava de 1919.
Essa revisão foi feita na Directoria das Obras Publicas, com a collaboração do director das obras municipaes de Cachoeira, tendo o orçamento attingido a 2.460:748$966..."

Ainda há, nesse mesmo relatório, informações pertinentes ao abastecimento de agua e esgotos sanitários.
No acervo documental do Arquivo, há além de relatórios, outros documentos que tratam desse projeto de saneamento que resultou na construção da primeira hidráulica, junto à Praça Itororó, bem como, da segunda que compreendia a captação e tratamento às margens do Jacuí e o reservatório elevado: Château d'Eau e o reservatório R-2: na praça Borges de Medeiros.

Fonte:IM/S/SE/Re-025, p. XVI

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Casa da Aldeia: uma lenda urbana

Uma expressão que se tornou comum em nossos dias é a da "lenda urbana", ou seja, algo que costuma ser afirmado pelas pessoas como se verdade fosse, no entanto, paira sobre esta verdade um quê de interrogação!  Pois a afirmação inverídica de que a Casa da Aldeia é a mais antiga da cidade é, pode-se dizer, uma "lenda urbana". Longe de ser a construção mais antiga da cidade, posto ocupado pela Catedral Nossa Senhora da Conceição (1799), a Casa da Aldeia, que foi erguida pelo português Manoel Francisco Cardozo, marido da índia guarani Joaquina Maria de São José, é mais recente do que se supunha. Até pouco tempo, a época tida como da construção da casa era dada a partir do requerimento, datado de 18 de abril de 1849, em que Manoel Francisco Cardozo: querendo elle Suppl. Edeficar umas Cazas no lugar da Aldeia ecomo Alli seaxe huns terrenos devolutos na Rua de S. Carlos que faz frente ao Norte efundos ao Sul fazendo canto ao este com a rua principal cujo n

Hospital da Liga - uma obra para todos

Interessante recobrar a história de construção do Hospital da Liga Operária, o gigante do Bairro Barcelos, que se ergueu sob a batuta do maestro do operariado cachoeirense: o vereador José Nicolau Barbosa. E justamente agora que o município planeja desapropriá-lo para nele instalar o sonhado curso de medicina. José Nicolau Barbosa apresentando a obra do Hospital da Liga Operária - Acervo familiar O sonho do Nicolau, como ficou conhecido o empenho que aplicou sobre a obra, nunca chegou a se realizar, uma vez que a edificação não pôde ser usada como hospital. Ainda assim, sem as condições necessárias para atendimento das exigências médico-sanitárias, o prédio de três andares vem abrigando a Secretaria Municipal de Saúde. Mesmo desvirtuado de seu projetado uso original, mantém o vínculo com o almejado e necessário atendimento da saúde do trabalhador cachoeirense. O Jornal do Povo , edição de 1.º de março de 1964, traz uma entrevista com José Nicolau Barbosa, ocasião em que a reportagem do

Bagunça na 7

Em 1870, quando a moral e os bons costumes eram muito mais rígidos do que os tempos que correm e a convivência dos cidadãos com as mulheres ditas de vida fácil era muito pouco amistosa, duas delas, Rita e Juliâna, estavam a infernizar moradores da principal e mais importante artéria da Cidade da Cachoeira. Diante dos "abusos" e das reclamações, chegou ao subdelegado de polícia da época, Francisco Ribeiro da Foncêca, um comunicado da Câmara Municipal para que ele tomasse as necessárias providências para trazer de volta o sossego aos moradores. Rua 7 de Setembro no século XIX - fototeca Museu Municipal A solicitação da Câmara, assinada pelo presidente Bento Porto da Fontoura, um dos filhos do Comendador Antônio Vicente da Fontoura, consta de um encadernado do Fundo Câmara Municipal em que o secretário lançava o resumo das correspondências expedidas (CM/S/SE/RE-007), constituindo-se assim no registro do que foi despachado. Mais tarde, consolidou-se o sistema de emitir as corresp