Pular para o conteúdo principal

Um Giro de 50 Anos pela Páscoa

A Páscoa e seu espírito de renovação, sentido que nasce com a ressurreição de Cristo, envolve toda a cristandade. Como todas as celebrações religiosas, ela guarda ainda os rituais que lhe são característicos, mas tem se quedado às mudanças promovidas pela passagem do tempo e pela polarização de interesses própria do mundo atual.

Uma excelente maneira de percepção das mudanças de foco e dos rituais que marcam a Páscoa é recorrer às publicações em jornais. Assim, escolheu-se um período de 50 anos, abarcando três jornais que circularam em Cachoeira do Sul entre 1956 e 2006: O Comércio, Jornal do Povo e O Correio.

Em 1956 a Páscoa aconteceu no dia 1.º de abril. O jornal O Comércio registrou em sua edição do dia 28 de março a notícia de que Atingem extraordinário brilhantismo as comemorações da Semana Santa. No corpo da matéria, referiu as cerimônias de Domingo de Ramos e as procissões que envolveram as três igrejas católicas: Matriz, Santo Antônio e São José. Na edição de 11 de abril, noticiou o Baile de Páscoa que aconteceu na Sociedade Rio Branco, sob o título: Coroado de êxito o Baile de Páscoa da Sociedade Rio Branco. E discorreu: A noitada em aprêço correspondeu plenamente a espectativa que precedeu sua realização. Os salões dessa veterana e simpatica entidade social e desportiva da cidade, se tornaram pequenos para acolher o elevado número de associados que alí compareceram completando assim as festividades do Dia de Páscoa.


Acervo de Imprensa - Arquivo Histórico

No ano de 1966, o domingo de Páscoa foi em 10 de abril. O Jornal do Povo, em sucessivas edições, trazia reclames de empresas cachoeirenses fazendo publicidade de seus produtos e relacionando-os à Páscoa: Pedro Emílio Breyer & Cia. Ltda., Petry Feijó, Industrial Madeireira Wilhelm S. A., Casa Augusto Wilhelm e Super Mercado Zimmer.


Jornal do Povo - 1966 - Acervo de Imprensa do Arquivo Histórico

O domingo de Páscoa de 1976 ocorreu em 18 de abril. O Jornal do Povo mesclava grandes reclames comerciais de Páscoa com notícias da IV FENARROZ. Primer S/A, revendedor dos veículos Ford, anunciava em página inteira: Nesta páscoa, congraçamento do mundo inteiro pela ressurreição de Cristo, a PRIMER S.A – VEÍCULOS deseja que em cada coração exista hoje e sempre mais felicidade. E para que você se sinta realizado, estaremos lhe esperando em nosso novo endereço. A Loja Grazziotin, sob a foto de uma grande cruz, deu sentido religioso à Páscoa: Atrás desta imagem, existe a grandiosidade e o amor de uma vida.




Em 1986 as cestinhas de Páscoa recheadas de ovinhos, coelhos e outras guloseimas foram entregues às crianças no dia 30 de março. O Jornal do Povo daquele dia publicou mensagens e propagandas, como a da Casa Bartz, revendedora dos produtos naturais de O Boticário, lindamente estampada com uma vovó coelha: O presente perfumado da natureza nesta Páscoa. Também a Prefeitura Municipal publicou mensagem institucional, de caráter religioso: A mensagem de Cristo na Páscoa, não está contida somente no tempo que a propaga, no amor e no sacrifício Dele por nós, mas também em todas as criaturas que têm sua existência marcada pela fé e pelo conhecimento do amor puro e verdadeiro. A todos Feliz Páscoa.




1996. Páscoa em 7 de abril. O jornal O Correio, que na época circulava sob o nome Correio Popular, dizia que Presentes alternativos estão em alta, citando buquês e cestas de frutas decoradas com bombons, jóias e relógios, coelhinhos de pelúcia ao invés de coelhos de chocolate e outras sugestões.




Chegando à década atual, no ano de 2006 o domingo de Páscoa foi celebrado em 16 de abril. Na edição do dia 10, o jornal O Correio trouxe a seguinte pergunta intitulando uma de suas matérias: Afinal, na Páscoa se dá chocolate, celulares, video game ou jóias?




Jornais são veículos do cotidiano e, justamente por isto, folheá-los depois de muito tempo constitui-se numa viagem pela cultura, pelos costumes e pelos modismos das diferentes épocas.

A Equipe do Arquivo Histórico do Município de Cachoeira do Sul deseja uma feliz Páscoa a todos.

Nota: as transcrições, em itálico, foram fiéis à grafia e pontuação originais.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Casa da Aldeia: uma lenda urbana

Uma expressão que se tornou comum em nossos dias é a da "lenda urbana", ou seja, algo que costuma ser afirmado pelas pessoas como se verdade fosse, no entanto, paira sobre esta verdade um quê de interrogação!  Pois a afirmação inverídica de que a Casa da Aldeia é a mais antiga da cidade é, pode-se dizer, uma "lenda urbana". Longe de ser a construção mais antiga da cidade, posto ocupado pela Catedral Nossa Senhora da Conceição (1799), a Casa da Aldeia, que foi erguida pelo português Manoel Francisco Cardozo, marido da índia guarani Joaquina Maria de São José, é mais recente do que se supunha. Até pouco tempo, a época tida como da construção da casa era dada a partir do requerimento, datado de 18 de abril de 1849, em que Manoel Francisco Cardozo: querendo elle Suppl. Edeficar umas Cazas no lugar da Aldeia ecomo Alli seaxe huns terrenos devolutos na Rua de S. Carlos que faz frente ao Norte efundos ao Sul fazendo canto ao este com a rua principal cujo n

Hospital da Liga - uma obra para todos

Interessante recobrar a história de construção do Hospital da Liga Operária, o gigante do Bairro Barcelos, que se ergueu sob a batuta do maestro do operariado cachoeirense: o vereador José Nicolau Barbosa. E justamente agora que o município planeja desapropriá-lo para nele instalar o sonhado curso de medicina. José Nicolau Barbosa apresentando a obra do Hospital da Liga Operária - Acervo familiar O sonho do Nicolau, como ficou conhecido o empenho que aplicou sobre a obra, nunca chegou a se realizar, uma vez que a edificação não pôde ser usada como hospital. Ainda assim, sem as condições necessárias para atendimento das exigências médico-sanitárias, o prédio de três andares vem abrigando a Secretaria Municipal de Saúde. Mesmo desvirtuado de seu projetado uso original, mantém o vínculo com o almejado e necessário atendimento da saúde do trabalhador cachoeirense. O Jornal do Povo , edição de 1.º de março de 1964, traz uma entrevista com José Nicolau Barbosa, ocasião em que a reportagem do

Bagunça na 7

Em 1870, quando a moral e os bons costumes eram muito mais rígidos do que os tempos que correm e a convivência dos cidadãos com as mulheres ditas de vida fácil era muito pouco amistosa, duas delas, Rita e Juliâna, estavam a infernizar moradores da principal e mais importante artéria da Cidade da Cachoeira. Diante dos "abusos" e das reclamações, chegou ao subdelegado de polícia da época, Francisco Ribeiro da Foncêca, um comunicado da Câmara Municipal para que ele tomasse as necessárias providências para trazer de volta o sossego aos moradores. Rua 7 de Setembro no século XIX - fototeca Museu Municipal A solicitação da Câmara, assinada pelo presidente Bento Porto da Fontoura, um dos filhos do Comendador Antônio Vicente da Fontoura, consta de um encadernado do Fundo Câmara Municipal em que o secretário lançava o resumo das correspondências expedidas (CM/S/SE/RE-007), constituindo-se assim no registro do que foi despachado. Mais tarde, consolidou-se o sistema de emitir as corresp