Pular para o conteúdo principal

Artibano Savi e sua fonte

Artibano Savi, o idealizador da Fonte das Águas Dançantes, chegou em Cachoeira para jogar futebol, mas bateu um bolão na eletricidade. 


Artibano Savi - Museu Municipal


Em agosto de 1929, empregou-se na Intendência Municipal como eletricista e três anos depois assumiu a chefia do Setor de Iluminação Pública. Nessa função, fez brotar e implantar um sistema de segurança para a rede elétrica que seguidamente tinha o fornecimento interrompido em razão de mau tempo ou acidentes.

Em março de 1941, quando aconteceu a Festa do Arroz, Artibano Savi foi laureado com portaria pelos serviços executados na iluminação dos eventos que constaram da programação da festa e por seu trabalho, junto com Joaquim Vidal e Torquato Ferrari, na decoração de vitrines e espaços públicos. Em seu extenso currículo constam também a iluminação da Ponte do Fandango, do Estádio Joaquim Vidal e da cancha de basquete da Praça José Bonifácio, para citar alguns.

Graças a um cartão-postal seu nome jamais será esquecido: a Fonte das Águas Dançantes, inaugurada durante a II FENARROZ, em 18 de maio de 1968. Por proposição do vereador Volny Figueiró, aprovada por unanimidade em sessão de 14 de maio daquele ano, a fonte recebeu o nome de seu idealizador. Na justificativa da denominação, o vereador assim se manifestou:

Basta dizer que esta Casa, verdadeiro estuário das reivindicações e das mais caras expressões de sentimento do povo cachoeirense, em aprovando este projeto de  lei, estará prestando, de forma imorredoura, o reconhecimento e a homenagem àquele que, com seu trabalho, com sua inteligência e sobretudo com o entusiasmo que só podem ter aqueles que realmente amam a nossa querida Princesa do Jacuí, dotou Cachoeira do Sul desta obra magnífica que é a Fonte das Águas Dançantes, hoje um ponto turístico a elevar bem mais alto o nome de nossa cidade, não apenas no cenário rio-grandense, mas brasileiro. (Jornal do Povo, 16/5/1968, p. 1).


Jornal do Povo, 16/5/1968, p. 1

As palavras do vereador Volny Figueiró dão a dimensão do quanto a Fonte das Águas Dançantes impactou positivamente a comunidade naquele já distante ano de 1968. As gerações que se sucederam àquela que viu nascer a obra do Artibano seguiram a valorizá-la e nos momentos em que, por problemas técnicos, viram-se privadas de seu espetáculo, vibraram as vozes clamando por sua volta.

Fonte das Águas Dançantes - Acervo Julio Cezar Caspani

Fonte das Águas Dançantes Artibano Savi em funcionamento - Jornal do Povo

Artibano Savi e sua fonte serviram de inspiração para uma cidade uruguaia, Maldonado, que encomendou ao eletricista uma semelhante à cachoeirense, levando para fora do país as artes e habilidades do santanense que trocou sua cidade natal por Cachoeira do Sul, aqui encerrando seus dias em 6 de outubro de 1993.

MR

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Casa da Aldeia: uma lenda urbana

Uma expressão que se tornou comum em nossos dias é a da "lenda urbana", ou seja, algo que costuma ser afirmado pelas pessoas como se verdade fosse, no entanto, paira sobre esta verdade um quê de interrogação!  Pois a afirmação inverídica de que a Casa da Aldeia é a mais antiga da cidade é, pode-se dizer, uma "lenda urbana". Longe de ser a construção mais antiga da cidade, posto ocupado pela Catedral Nossa Senhora da Conceição (1799), a Casa da Aldeia, que foi erguida pelo português Manoel Francisco Cardozo, marido da índia guarani Joaquina Maria de São José, é mais recente do que se supunha. Até pouco tempo, a época tida como da construção da casa era dada a partir do requerimento, datado de 18 de abril de 1849, em que Manoel Francisco Cardozo: querendo elle Suppl. Edeficar umas Cazas no lugar da Aldeia ecomo Alli seaxe huns terrenos devolutos na Rua de S. Carlos que faz frente ao Norte efundos ao Sul fazendo canto ao este com a rua principal cujo n...

Instituto Estadual de Educação João Neves da Fontoura - 90 anos

O mês de maio de 2019 está marcado por um momento significativo na história da educação de Cachoeira do Sul. No dia 22, o Instituto Estadual de Educação João Neves da Fontoura chegou aos seus 90 anos carregando, neste transcurso de tempo, desafios, dificuldades e conquistas. Muitas crianças e jovens passaram por seus bancos escolares, assim como professores e servidores dedicados à desafiadora tarefa educativa. A história do João Neves, como popularmente é chamado aquele importante educandário, tem vínculos enormes com seu patrono. Em 1929, quando a instituição foi criada com o nome de Escola Complementar, o Dr. João Neves da Fontoura era vice-presidente do estado e há pouco havia concluído uma gestão de grandes obras como intendente de Cachoeira.  Em 1927, ano em que Borges de Medeiros resolveu criar escolas complementares no estado para a formação de alunos-mestres, imediatamente João Neves empenhou-se para que uma destas escolas fosse instalada em Cachoeira, município p...

Chuvas ameaçam isolar a cidade de importantes centros do estado

"Chuvas ameaçam isolar a cidade de importantes centros do estado". Apesar da similaridade do que tem ocorrido pouco mais de ano depois da grande enchente de maio de 2024, a manchete é de notícia veiculada pelo Jornal do Povo em junho de 1961! Naquele tempo, a Ponte do Fandango tinha poucos meses de trânsito oficialmente aberto, mas já causava preocupação a possibilidade de não haver acesso através dela em razão das chuvas. Ponte do Fandango - Coleção Claiton Nazar Vejamos o que diz a matéria veiculada no dia 25 de junho de 1961, primeira página do Jornal do Povo : Chuvas Ameaçam Isolar a Cidade de Importantes Centros do Estado Cachoeira do Sul vive na iminência de ficar isolada das demais localidades, cujo acesso é feito pela Ponte do Fandango. Basta uma pequena enchente e êsse isolacionismo a que nos referimos estará decretado, uma vez que não mais nos poderemos servir da ponte do Fandango. Isto porque as duas estradas que a ela dão acesso estarão interditadas. Uma delas (a ...