Em novembro de 1932, por ocasião dos 75 anos de chegada dos primeiros imigrantes alemães à Colônia Santo Ângelo, estabelecida em território cachoeirense, os descendentes dos pioneiros prestaram-lhes uma significativa homenagem, inaugurando um monumento que se conserva até hoje.
A inauguração de um monumento
No dia 6, ás 9 horas, como mandava o programa elaborado pela comissão promotora das festas, reunidos os que delas queriam participar na residencia do sr. F. Goltz, dalí se dirigiram todos, em massa compacta e usando de todos os meios de locomoção, para o Serro Chato, local onde devia ser inaugurado o grande monumento comemorativo da magna data, chegando áquele lugar, onde já os esperava uma verdadeira multidão, entre a qual as autoridades do distrito, grande numero de pessoas gradas e as sociedades de tiro ao alvo, de cantores, Tiro de Guerra 678, Sociedade de Senhoras, Sociedade de Bolão, etc., ás 10 horas.
Nesta ocasião apareceu naquele local uma carrêta puxada a bois, dentro da qual vinham alguns colonos com os trajos semelhantes aos que usavam seus maiores ao chegarem áquela fertil região do sólo cachoeirense ha 75 anos passados, trazendo assim á imaginação dos presentes uma idéa aproximada da cena a passagem de cuja data se festejava com tanto jubilo e entusiasmo.
Fês, logo após, uma linda saudação á memoria dos colonos cujos nomes se iam perpetuar naquele monumento, a menina Lilí Kegler, que foi muito aplaudida, sendo entoado, a seguir, por todos, um hino patriótico.
Usou, depois, da palavra, o revmo. pastor Gustavo Reusch que produziu uma belissima peça oratoria, após á qual fês um breve mas lindo discurso o revmo. padre Paschoal Libreloto, vigario da Colonia São Paulo.
Em seguida, na linguagem vernacula, saudou o general Flores da Cunha, representado alí pelo sr. Aldomiro Franco, prefeito deste municipio, e ás demais autoridades presentes, o professor Ewaldo Bruhn, diretor do Colegio Centenario, que foi, ao terminar, muito aplaudido, fazendo-se ouvir, mal haviam cessado os aplausos, a Banda Musical Ullmann, da Picada do Rio, que executou com inegualavel maestria o hino nacional, ouvido, por todos, de pé e descobertos.
Agradeceu a saudação do professor Bruhn, em breve e eloquente alocução, em que exalçou o valôr da cooperação do braço teutonico para a felicidade de grandêsa do Rio Grande e do Brasil, o capitão Antonio Alencar, delegado de policia deste municipio.
Falou, tambem, em nome do comercio portoalegrense e da firma Bier & Ullmann, que representava, o sr. Gastão Englert.
A seguir, tomou a palavra o sr. Germano Hentschke que, após uma curta oração, procedeu á inauguração do monumento, tendo, tambem, uma filha do sr. Jacob Hermes declamado uma linda poesia.
Após á inauguração do monumento, que foi feita debaixo de uma prolongada salva de palmas, todas as sociedades depositaram sobre o mesmo, corôas, nas quais se via dedicatorias alusivas á grande data.
Foto publicada na edição do Jornal do Povo - 13/11/1932, p. 1 |
Jornal do Povo, capa da edição de 13/11/1932 |
Assim o Jornal do Povo, na capa de sua edição de 13 de novembro de 1932, registrou a inauguração do monumento aos pioneiros alemães chegados nos primeiros dias de novembro de 1857, iniciando a saga de ocupação e desenvolvimento daquela região.
Monumento atual aos fundadores da Colônia Santo Ângelo - Agudo - foto Ione Carlos |
A programação comemorativa constou de muitas outras atividades que, segundo o jornal, "revestiram-se de brilho inexcedível". Na mesma matéria, foi transcrita a poesia que a menina Lilí Kegler recitou diante do monumento, da qual destacam-se as seguintes estrofes:
Que, transpostas as ondas do mar,
Bons heroes, ao labor dedicados,
A estas plagas vieram parar.
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