No dia 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República no Rio de Janeiro, então capital do Império, pondo termo ao reinado de D. Pedro II e à monarquia no Brasil. Seu ato, motivado por uma série de acontecimentos que vinham agitando o país, instituiu uma nova forma de governo que ainda demandaria um bom tempo para romper paradigmas e se organizar efetivamente.
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Os estados e municípios, à época, passaram a ser provisoriamente regidos por cidadãos nomeados pelo próprio marechal Deodoro, ou pelos seus indicados como chefes políticos. Em Cachoeira, como não poderia ser diferente, depois da comunicação oficial feita na Câmara Municipal sobre a nova forma de governo, em 18 de novembro de 1889, restou às autoridades constituídas ainda no Império quedarem-se aos novos tempos e aguardarem os primeiros movimentos republicanos.
Azeitada a máquina pública com a indicação de três cidadãos como gestores municipais (João Ferreira Barbosa e Silva, Antonio Nelson da Cunha e Isidoro Neves da Fontoura), eis que em 20 de janeiro de 1890 chegou uma circular, assinada por Júlio de Castilhos, que encaminhava o "desenho" da bandeira adotada pela República, bem como das Armas Nacionais. Somente o desenho da bandeira chegou aos nossos dias como anexo da circular.
Eis o documento:
Correspondência encaminhando o desenho da Bandeira Nacional 20/1/1890 - JM/S/SE/CR - Caixa 3 |
Secretaria do Estado do Rio Grande do Sul
Porto Alegre, 20 de Janeiro de 1890
Sessão de 31 de Janeiro
De ordem do Governador Politico remetto-vos, para os fins convenientes 1 exemplar do dezenho da Bandeira adoptada pela Republica e 1 das Armas nacionaes, de que trata o Decreto n.º 4 de 19 de Novembro ultimo.
Saude e Fraternidade.
Julio de Castilhos
Aos Cidadãos Membros da Junta Municipal da Cachoeira.
Este o desenho da bandeira adotada, conforme o Decreto N.º 4, de 19 de novembro de 1889:
Anexo da circular - JM/S/SE/CR - Caixa 3 |
O Decreto n.º 4, de 19 de novembro de 1889, estabelecia os distintivos da bandeira, das armas nacionais, dos selos e sinetes da República, considerando que as cores da antiga bandeira:
(...) recordam as luctas e as victorias gloriosas do exercito e da armada na defesa da patria; (...) que essas côres, independentemente da forma de governo, symbolisam a perpetuidade e integridade da patria entre as outras nações.
A República, mesmo representando uma nova forma de governo, ansiada por muitos no Brasil oitocentista, seguiria carregando para sempre, em seus símbolos, as cores adotadas pelo Imperador Pedro I e carregadas das tradições familiares e culturais das dinastias dos Bragança (verde), pelo seu lado, e dos Habsburgo (amarelo), pelo lado da Imperatriz Leopoldina.
MR
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