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Recusa de nomeação

O coronel Isidoro Neves da Fontoura desde 1912, quando a contragosto assumiu o cargo de intendente municipal, já havia noticiado que abandonaria os cargos públicos. Seguiria como chefe do Partido Republicano em Cachoeira, cuja liderança era incontestável.  Coronel Isidoro Neves da Fontoura - Fototeca Museu Municipal Eleito intendente municipal, o Dr. Balthazar de Bem escolheu para seu vice o coronel Isidoro Neves da Fontoura, que declinou da indicação, recusando a nomeação. Não havendo exemplares de nenhum jornal da imprensa cachoeirense no ano de 1914, restam como comprovantes desta história os registros existentes no acervo documental do Arquivo. Como o que consta no "Relatório apresentado ao Dr. Balthazar Patricio de Bem, Intendente do Município de Cachoeira, pelo encarregado da Estatística e Arquivo, Mario Godoy Ilha, em 17 de setembro de 1914", em cuja página 24, que trata da Administração, consta o que segue: Não aceitando o coronel Isidoro Neves a sua nomeação para o c
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Mulheres cachoeirenses em documentos do século XIX

Em março de 2004, o Arquivo Histórico realizou um levantamento em seu acervo de registros documentais feitos para mulheres. Importante lembrar que os primeiros documentos resguardados no acervo remontam ao tempo da instalação do município, fato ocorrido em 5 de agosto de 1820. Aqueles primeiros anos do século XIX eram ainda de absoluto protagonismo dos homens. Às mulheres era facultado o registro documental quando ficavam órfãs ou viúvas e, portanto, quando necessitavam do amparo do estado, aqui entendido como poder constituído, ou ganhavam materialidade pela posse dos bens de que ficaram herdeiras. Do contrário, eram representadas pelo pai, tutor ou marido. Uma das primeiras referências a uma mulher na documentação é justamente ligada a uma função que então lhe era precípua, que é a da maternidade ou amparo a crianças. Assim, aparece no Livro de Registro e Matrícula de Expostos número 01 do acervo (CM/S/SE/ME-001), na primeira folha, o nome da viúva  Ignes Gomes dos Santos  que acolhe

Hospital da Liga - uma obra para todos

Interessante recobrar a história de construção do Hospital da Liga Operária, o gigante do Bairro Barcelos, que se ergueu sob a batuta do maestro do operariado cachoeirense: o vereador José Nicolau Barbosa. E justamente agora que o município planeja desapropriá-lo para nele instalar o sonhado curso de medicina. José Nicolau Barbosa apresentando a obra do Hospital da Liga Operária - Acervo familiar O sonho do Nicolau, como ficou conhecido o empenho que aplicou sobre a obra, nunca chegou a se realizar, uma vez que a edificação não pôde ser usada como hospital. Ainda assim, sem as condições necessárias para atendimento das exigências médico-sanitárias, o prédio de três andares vem abrigando a Secretaria Municipal de Saúde. Mesmo desvirtuado de seu projetado uso original, mantém o vínculo com o almejado e necessário atendimento da saúde do trabalhador cachoeirense. O Jornal do Povo , edição de 1.º de março de 1964, traz uma entrevista com José Nicolau Barbosa, ocasião em que a reportagem do

História dos tempos da cólera

Nestes tempos de enfrentamento da dengue, doença que já tem feito vítimas no Rio Grande do Sul e que se propaga pelo mosquito A edes egypti e, naturalmente, pelas condições que tal vetor encontra para se multiplicar, importante rememorar ações de combate a males que podem ser freados por práticas de prevenção. Em 1862, quando uma epidemia de cólera morbus estava a assustar, especialmente porque em 1855 tinha feito muitas vítimas em Porto Alegre, o governo provincial tomou a medida de divulgar entre as autoridades dos vários municípios medidas para evitar a propagação do mal. Para tal, enviou uma circular com data de 26 de fevereiro daquele ano, descrevendo qual a conduta a ser tomada.  Vítima de cólera morbus em meados do século XIX - quadro de Pavel Fedotov - Wikipédia O registro da circular, bem como o seu conteúdo, foram guardados para a posteridade no encadernado de registro de expedidos ( CM/S/SE/RE-002, fls. 271v a 272v)  em razão das ordens que o presidente da Câmara da Vila da

Bagunça na 7

Em 1870, quando a moral e os bons costumes eram muito mais rígidos do que os tempos que correm e a convivência dos cidadãos com as mulheres ditas de vida fácil era muito pouco amistosa, duas delas, Rita e Juliâna, estavam a infernizar moradores da principal e mais importante artéria da Cidade da Cachoeira. Diante dos "abusos" e das reclamações, chegou ao subdelegado de polícia da época, Francisco Ribeiro da Foncêca, um comunicado da Câmara Municipal para que ele tomasse as necessárias providências para trazer de volta o sossego aos moradores. Rua 7 de Setembro no século XIX - fototeca Museu Municipal A solicitação da Câmara, assinada pelo presidente Bento Porto da Fontoura, um dos filhos do Comendador Antônio Vicente da Fontoura, consta de um encadernado do Fundo Câmara Municipal em que o secretário lançava o resumo das correspondências expedidas (CM/S/SE/RE-007), constituindo-se assim no registro do que foi despachado. Mais tarde, consolidou-se o sistema de emitir as corresp

Apelo da filha do Barão

Uma senhora, apresentada com o nome de Clotilde do Rio Branco, filha do Barão do Rio Branco, enviou uma carta datilografada ao intendente de Cachoeira oferecendo uma obra de sua arte. Até aí uma oferta que poderia ser classificada como comum, pois as cartas eram expediente muito utilizado e eficiente na comunicação entre as pessoas.  Mas o que causa desconforto é perceber que a filha do Barão do Rio Branco, figura ímpar na história do Brasil e com grande relevância na política nacional e internacional do país entre o final do século XIX e início do século XX, tenha legado aos seus descendentes uma vida de apertos e privações financeiras.  Aliás, condição que parece ter sido a de praticamente toda sua vida, especialmente porque ao longo dela se viu muitas vezes obrigado a auxiliar as filhas em maus casamentos e a outros membros de sua família. Clotilde da Silva Paranhos - www.geni.com O conteúdo da carta, arquivada em IM/S/SE/CR-025, é o que segue: Exm.º Sr. Dr. Annibal Loureiro D.D. In

1894: renúncia do intendente

Retomando suas atividades, o Arquivo Histórico coloca-se à disposição da comunidade no atendimento de suas demandas de pesquisa e abre a série 2024 de postagens no blog com um imbróglio administrativo provocado há 130 anos, durante a sangrenta revolução da degola. A revolução que teve início em 1893 e se prolongou até 1895, conhecida como Revolução Federalista, ou da Degola, por ato de um coronel do Exército, provocou uma crise política na Intendência Municipal de Cachoeira, levando o intendente David Soares de Barcellos a se exonerar do cargo em ato assinado em 5 de fevereiro de 1894. Foto extraída do jornal O Commercio , 21/9/1904, p. 1 O motivo foi a ordem que o coronel Henrique Guatimozin Ferreira da Silva (1852-1931) deu para recrutamento de cidadãos com o fim de comporem força armada sem ter consultado o intendente David Barcellos. Desrespeitado em sua autoridade, o intendente telegrafou ao presidente do estado mostrando-se indignado. Obtendo resposta em desacordo com o seu pensa