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Mostrando postagens de abril, 2018

Aula de Meninas

A educação demorou a ser organizada no Rio Grande do Sul e o longo embate provocado pela revolução farroupilha retardou ainda mais a organização necessária para que ela se efetivasse.  Naqueles tempos, meninos e meninas estudavam separadamente, havendo ampla prevalência das classes masculinas, uma vez que o universo feminino não "prescindia" de educação formal, segundo os preceitos da época. À mulher era destinado unicamente o papel de mãe e dona de casa e para isto não havia necessidade de ler, escrever e fazer contas... Mesmo assim, algumas meninas conseguiam obter a graça do estudo, muito certamente pelo tirocínio dos pais ou pela personalidade insistente de algumas. O fato é que poucas chegavam aos bancos escolares. A primeira aula de meninas de Cachoeira só foi organizada em 1848, quando a Câmara Municipal autorizou o seu funcionamento na casa de Manoel José Pereira da Silva, localizada na Rua da Igreja, hoje Moron, sendo nomeada a professora Ana Francisca R

Abril de 1908 - boato de varíola

Corria o ano de 1908. Cachoeira estava sob o comando do vice-intendente e médico Cândido Alves Machado de Freitas desde o início de 1906, quando o também médico Viriato Gonçalves Vianna renunciou ao cargo de intendente por questões políticas e pessoais.  Dr. Cândido Freitas - Galeria de Intendentes Quando assumiu a função de vice-intendente em exercício, Dr. Cândido enfrentou mais do que uma crise política, mas principalmente uma grave crise financeira, uma vez que o município estava assolado por uma seca prolongada e por sucessivos ataques de gafanhotos que dizimavam as poucas culturas que vicejaram, apesar da estiagem. Para piorar o quadro, um boato de casos de varíola surgidos no 1.º distrito ameaçava a paz do vice-intendente... Nas páginas do jornal Rio Grande , órgão do Partido Republicano, à época dirigido por Antunes de Araújo e Aurélio Porto, edição do dia 5 de abril de 1908, são referidas as medidas adotadas pelo Dr. Cândido: Estado sanitario. Ha dias co

A Cachoeira de 1849

O passado é um tempo de descobertas. Voltemos a 1849. A Vila Nova de São João da Cachoeira era então um lugar de desbravadores, homens que enfrentavam desafios diários para garantir a sustentação de suas famílias e a melhoria do rincão em que viviam. Os vereadores, então em número de sete, apoiados por juízes com diferentes atribuições, eram os responsáveis pela administração pública. Graças às rotinas burocráticas que tinham que seguir, estes homens do passado legaram documentos que são como fotografias, revelando aos olhos de hoje um tempo que não dista apenas no contar dos anos, mas também nos costumes e no modo de viver e de produzir. Um volume de correspondência expedida pelos vereadores, com data de 11 de maio de 1849, dentre outras coisas, faz um relatório da geografia e da produção da sede e dos distritos da Vila, atendendo a uma exigência contida em circular do presidente da Província, o Tenente General Francisco Jozé de Souza Soares d'Andréa, Barão de Caçapava, q

Uma nota fiscal de 150 anos

O acervo documental do Arquivo Histórico oferece um universo de possibilidades para perscrutação do passado. Uma simples nota fiscal, por exemplo, item que comumente jogamos na lata de lixo, é capaz de permitir uma verdadeira viagem no tempo, especialmente se ela foi emitida há 150 anos! Logicamente uma nota fiscal de 150 anos está arquivada no acervo documental em razão de sua condição de documento comprobatório de uma despesa gerada para a Câmara Municipal, com trânsito pelas seções então existentes dentro do aparato administrativo. A figura do procurador, que era o responsável pelas finanças municipais, tinha grande importância, pois seu compromisso era de "arrecadar e aplicar as rendas municipais e multas destinadas a despesas da Câmara; demandar a execução das Posturas Municipais, impondo penas aos contraventores; defender os direitos da Câmara perante a Justiça Ordinária; apresentar trimestralmente as contas à Câmara e conservar em boa guarda todos os objetos pertencent