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Mostrando postagens de agosto, 2018

Materializando o passado

O passado pode se materializar quando lemos um documento produzido há muito tempo. As palavras, com sua força expressiva, são capazes de descrever cenários, desvendar sentimentos. Por isto história e literatura são tão próximas e tão parceiras na reconstituição do tempo. Esta é a sensação despertada por uma ata de sessão extraordinária da Câmara Municipal que registrou acontecimento festivo do dia 31 de janeiro de 1830, época em que a Vila Nova de São João da Cachoeira se constituía de poucas ruas, almas* e fogos**. Naquele dia, os vereadores saíram trajados de gala e se dirigiram à Igreja Matriz, depois participaram de uma procissão pelas ruas. A descrição do secretário que lavrou a ata é destes registros que de fato permitem que o passado ganhe corpo: Ata de sessão extraordinária de 31/1/1830 - CM/OF/A-002 - fl. 36 CM/OF/A-002, fl. 36v - Acervo documental Arquivo Histórico [Anotado na folha 36] SeSsão Extra-Ordinaria do dia 31 de Janeiro 1830 = Dada a hora,

Arquivo sendo mais que Arquivo

Algumas cidades - e não são muitas - podem se dar ao luxo de exibir orgulhosamente um arquivo histórico. O de Cachoeira do Sul, criado em 5 de agosto de 1987, é o depositário da documentação de valor histórico, tendo como ponto de partida a data da instalação da Vila Nova de São João da Cachoeira, em 5/81820. A rica, variada e excepcional documentação existente no Arquivo Histórico atende aos mais variados interesses e tem sido regularmente procurada por diferentes pesquisadores. Dos cidadãos comuns aos pós-doutorados, passando por professores, estudantes ou simplesmente curiosos, todos saem da instituição com alguma informação de seu interesse. Recentemente foi localizada dentre a documentação do período Intendência Municipal uma correspondência de Bromberg & Cia., empresa que por muitos anos teve agência em Cachoeira, dirigida ao intendente municipal, em 13 de fevereiro de 1924, com a interessante informação de que o mecânico Otto Mernak tinha todas as condições de montar

Uma capela para São João?

Quando D. João VI assinou o alvará que criou o município de Cachoeira, em 26 de abril de 1819, atribuiu-lhe o nome de Vila Nova de SÃO JOÃO da Cachoeira. É provável que as negociações que antecederam a criação da Vila tenham partido da promessa de homenagear D. João VI denominando a novel povoação com o santo de sua devoção. Um documento da época refere a gratidão  (...) pela Alta Mercê que Vossa Majestade Inclinando seus Reaes Ouvidos as Submissas e reverentes suplicas dos habitantes desta Villa, se dignou liberalizar roborando Sua Majestade esta Graça com aotra especial deDar a esta sua Villa por Patrono o Grande Santo do Seu Immortal Nome (...)  (CM/OF/TA/-008, fl. 01). Os anos se passaram e nenhuma reverência ao santo se verificou, esvaziando de sentido o nome da Vila. Até que em 21 de janeiro de 1830 a ata da sessão ordinária da Câmara registrou uma curiosa oferta: CM/OF/A-002, fl. 28v Vio-se hum Officio do Juiz de Paz da Freguezia desta Villa, João Nunes da Sil

Caverna da habitação de feras

Pouco menos de 10 anos depois da instalação da Vila Nova de São João da Cachoeira, muitas das atribuições dos vereadores da Câmara Municipal, então os responsáveis pela administração e disciplinamento dos negócios, serviços e bens públicos, ainda careciam de resolução. Segundo dispunha a Lei de 1.º de outubro de 1828, em seu artigo 56, dentro das funções municipais, os vereadores tinham que se organizar e, reunidos em sessão,  nomear uma commissão de cidadãos probos, de cinco pelo menos, a quem encarregarão a visita das prisões civis, militares, e ecclesiasticas, dos carceres dos conventos dos regulares, e de todos os estabelecimentos publicos de caridade para informarem do seu estado, e dos melhoramentos, que precisam.  Atendendo a esta atribuição prevista na lei, na sessão do dia 15 de setembro de 1829, foram nomeados para dar cumprimento à determinação o Juiz de Paz João Nunes da Silva, o Juiz Ordinário Francisco Jozé da Silva Moura, o Juiz de Sesmaria Manoel Alvares Ferraz, o

A Freguesia às portas da Vila

3 de agosto de 1820. A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Cachoeira estava às portas do grande dia em que seria emancipada da vizinha Vila de Rio Pardo. Os preparativos já se faziam notar, especialmente pela presença do Ouvidor Geral e Corregedor da Comarca de São Pedro e Santa Catarina, Joaquim Bernardino de Senna Ribeiro da Costa, que providenciava o aparato e os documentos para a grande solenidade de instalação do município, marcada para 5 de agosto. Uma das tarefas do Ouvidor foi a de abrir os livros competentes para o lançamento das rotinas administrativas do futuro município, com destaque para o que serviria ao registro dos termos da criação da Vila Nova de São João da Cachoeira, o mais importante dos livros abertos naquela época: Este Livro háde servir, para nelle se lansarem os Termos da Creação da Villa Nova de São João da Cachoeira, o qual vai numerado, e rubricado por mim Ouvidor Geral, e Corregedor da Comarca, e no fim leva o seu encerramento. Cachoeira, &q