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Mostrando postagens de maio, 2023

A indescritível seca e o apelo dos miseráveis agricultores

Corria o ano de 1877. A velha Cachoeira, assim como toda a Província do Rio Grande do Sul, vivia uma enorme seca. A situação de estio e as decorrências de seu prolongamento são de nosso amplo conhecimento, pois o recente 2022 repetiu tão nefasto fenômeno, cujas consequências se fazem sentir ainda fortemente em 2023.  A informação chegou até nós graças ao livro Copiador elaborado pelo historiador Aurélio Porto, quando desempenhou as funções de Secretário de Arquivo e Estatística do Município na primeira década do século XX. Nesse livro ele organizou um índice explicativo dos documentos produzidos pelas administrações municipais desde a instalação da Vila Nova de São João da Cachoeira, no memorável 5 de agosto de 1820. Assim ele registrou o assunto:  7.º - Actas - 1877  - (...) Neste anno ha enorme secca, como nunca fôra visto que occasionara indiscriptiveis prejuisos á lavoura e á criação do Municipio. Em 23 de Maio é nomeada uma commissão para computar os prejuisos causados pela secca,

Fechamento do comércio aos domingos

A questão do fechamento do comércio aos domingos é muito mais antiga do que se imagina. No momento em que uma decisão tomada entre a classe patronal e a dos trabalhadores do setor decreta o fechamento dos supermercados aos domingos, em Cachoeira do Sul, surgem discussões contrárias e favoráveis à medida. O certo é que tal situação está muito longe de ser inédita. No ano de 1895, a questão foi posta à apreciação do então intendente municipal, Coronel David Soares de Barcellos, levando-o a um ato administrativo, de número 24, que revogou a obrigatoriedade de abertura do comércio aos domingos, expressa no artigo 200 das Posturas Municipais.  Comércio na Rua 7 de Setembro, proximidades do Mercado Público - Fototeca Museu Municipal  Cel David S. de Barcellos - O Commercio (1904) Eis o conteúdo do documento: N.º 24. Firmado na unanime representação do commercio d'esta cidade, pedindo a decretação de uma lei, que obrigasse o fechamento das portas, aos domingos durante todo dia, inclui no

"Meu adorado Nuto!"

  Meu adorado Nuto! - meu idolatrado,  meu querido Nuto, desapparecido a 7 para 8 do corrente - são as exclamações contidas em um escripto intitulado "Um apello ás mães" inserto na Secção livre do nosso confrade Correio do Povo, edição de 15 do corrente, e assignado por d. Amelia de Oliveira. No fim do escripto, diz a autora:  "Quero elle recrutado, quero-o moribundo, quero-o morto, mas eu quero sair desta indecisão. Oh!... minhas congeneres ouvi estas supplicas!... ellas não são loucas, são tão razoaveis, não é? Se nossos filhos estão sendo roubados para serem carneados nos campos, parece que devemos protestar contra o facto de tão impiedoso crime; se se tratasse de uma guerra, eu seria a primeira a vestir o meu Nuto, e dizer: Segue filho!... defende a tua patria!... Encarae a minha dôr, até a vacca, a gata, a galhinha [sic] , enfim todas as mães se conformam em parte quando morrem seus filhos, mas quando os perdem, uma berra, a outra cacareja, a outra mia desesperadame

Criação da Guarda Municipal

Fica creada a guarda municipal a qual se refere o Art.º 16§9.º da lei organica do municipio fixando-se para cada guarda os vencimentos de trinta e cinco mil reis, para um sargento sessenta mil reis e para um cabo cincoenta mil reis mensaes. Cachoeira 28 de Setembro de 1892 Olympio Leal - IM/GI/DA/QDLR-002, fl. 1v Olympio Coelho Leal - Fototeca Museu Municipal O texto acima é do Ato N.º 5, de 28 de setembro de 1892, uma das primeiras ações tomadas pelo primeiro intendente de Cachoeira, Olímpio Coelho Leal, logo depois de ter sido promulgada a também primeira Lei Orgânica pós-proclamação da República.  A segurança da cidade era precária nos anos finais do século XIX e a criação de um corpo de guardas para manter a ordem e a decência da vida da cidade foi uma conquista importante, pois era reclamada há muito pela população. É preciso considerar ainda o momento então vivido pelo estado do Rio Grande do Sul, às vésperas de ver conflagrada mais uma das tantas revoluções, daquela feita a cham