Quando houve o rompimento de uma viga mestra que amarrava o telhado do ainda jovem prédio do Teatro Municipal, em janeiro de 1908, vendo-se a municipalidade sem recursos para recuperá-lo, o intendente Dr. Balthazar de Bem tomou a decisão de cedê-lo para o governo do Estado para que nele fossem alocados o Fórum, que ocupava o andar superior da Intendência, e o colégio elementar a ser criado. No dia 18 de agosto de 1913, foi repassado o prédio do Teatro para o estado.
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Nota publicada no jornal O Commercio, de 20/8/1913, p. 2 - Coleção de Imprensa do Arquivo Histórico |
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Teatro Municipal inaugurado em 25/12/1900 - Fototeca Museu Municipal |
Intendente Dr. Balthazar de Bem |
Em março de 1915, foram feitas as matrículas dos primeiros alunos do Colégio Elementar que, naquele mesmo ano, teve aprovada a denominação de Colégio Elementar Antônio Vicente da Fontoura, por sugestão de sua primeira diretora, professora Cândida Fortes Brandão. No entanto, como o prédio do Teatro Municipal ainda não estava em condições de receber o colégio, as aulas aconteciam provisoriamente em outros locais, dentre eles a casa da diretora, sita na Rua Moron.
Em 25 de abril de 1915 tiveram início as obras de reconstrução do prédio e adaptação às necessidades do Colégio Elementar e Fórum, sendo contratado como empreiteiro o italiano Giuseppe Tellini.
Como que marcado pela desventura, mais uma vez o destino teceu imbróglios para que o prédio do Teatro tivesse obstaculizados os seus propósitos. Dois lentos anos transcorriam desde a contratação das obras quando morreu, de forma repentina, o empreiteiro Tellini.
Segundo o jornal O Commercio, edição do dia 23 de maio:
A's 12 1/2 horas do dia 16 do actual (quarta-feira) succumbiu nesta cidade, repentinamente, o sr. José Tellini, de 52 annos, natural da Italia e residente em Porto Alegre, onde tinha seu domicilio.
O extincto chegára a esta cidade ha alguns meses e dirigia, aqui, as obras de reforma do antigo edificio do Theatro Municipal, que está sendo adaptado ao funccionamento do Collegio Elementar e do Forum.
Ainda ao anoitecer de um dos ultimos domingos tivemos, com o finado, uma palestra á frente do edificio em que exercia a sua actividade. Externando uma opinião sobre o mencionado edificio, disse que as paredes do Theatro estavam todas em bôas condicções e que poderiam ter ficado inteiras, si não fosse a necessidade de transformar o edificio para outro mister, que era necessario apenas distribuir com mais equidade o lastro do madeiramento do telhado, e, assim procedendo poder-se-ia ter conservado o Theatro.
(...)
Quarta-feira, á hora do almoço, sentiu-se o intelligente constructor, que era muito sanguineo, um pouco indisposto, não comparecendo á refeição. Vindo procural-o o capataz no seu quarto para convidal-o a almoçar, ali o achou deitado, com o rosto negro, tendo de um lado um vidro de pilulas, do qual, provavelmente, tomára ainda. Chamado, com urgencia, o dr. Balthazar de Bem, este facultativo compareceu immediatamente, nada mais tendo a fazer do que attestar o obito, occorrido em consequencia de hemorraghia cerebral.
Casado com a exma. sra. d. Maria Tellini, existem, desse matrimonio, 8 filhos, sendo 2 de maioridade e 6 menores.
Seu corpo foi conduzido para Porto Alegre, em trem expresso, na madrugada seguinte, e ali dado á sepultura.
A morte do empreiteiro acabou por retardar ainda mais as obras no prédio do Teatro, último trabalho executado por esse italiano que, segundo Günter Weimer, no livro Arquitetos e Construtores do Rio Grande do Sul - 1892/1945 (Editora UFSM, Santa Maria, 2004), havia chegado em Porto Alegre no ano de 1911, quando construiu uma enfermaria para a Brigada Militar, sendo provavelmente um dos sócios da firma Irmãos Tellini.
MR
Em 25 de abril de 1915 tiveram início as obras de reconstrução do prédio e adaptação às necessidades do Colégio Elementar e Fórum, sendo contratado como empreiteiro o italiano Giuseppe Tellini.
Como que marcado pela desventura, mais uma vez o destino teceu imbróglios para que o prédio do Teatro tivesse obstaculizados os seus propósitos. Dois lentos anos transcorriam desde a contratação das obras quando morreu, de forma repentina, o empreiteiro Tellini.
Segundo o jornal O Commercio, edição do dia 23 de maio:
A's 12 1/2 horas do dia 16 do actual (quarta-feira) succumbiu nesta cidade, repentinamente, o sr. José Tellini, de 52 annos, natural da Italia e residente em Porto Alegre, onde tinha seu domicilio.
O extincto chegára a esta cidade ha alguns meses e dirigia, aqui, as obras de reforma do antigo edificio do Theatro Municipal, que está sendo adaptado ao funccionamento do Collegio Elementar e do Forum.
Ainda ao anoitecer de um dos ultimos domingos tivemos, com o finado, uma palestra á frente do edificio em que exercia a sua actividade. Externando uma opinião sobre o mencionado edificio, disse que as paredes do Theatro estavam todas em bôas condicções e que poderiam ter ficado inteiras, si não fosse a necessidade de transformar o edificio para outro mister, que era necessario apenas distribuir com mais equidade o lastro do madeiramento do telhado, e, assim procedendo poder-se-ia ter conservado o Theatro.
(...)
Quarta-feira, á hora do almoço, sentiu-se o intelligente constructor, que era muito sanguineo, um pouco indisposto, não comparecendo á refeição. Vindo procural-o o capataz no seu quarto para convidal-o a almoçar, ali o achou deitado, com o rosto negro, tendo de um lado um vidro de pilulas, do qual, provavelmente, tomára ainda. Chamado, com urgencia, o dr. Balthazar de Bem, este facultativo compareceu immediatamente, nada mais tendo a fazer do que attestar o obito, occorrido em consequencia de hemorraghia cerebral.
Casado com a exma. sra. d. Maria Tellini, existem, desse matrimonio, 8 filhos, sendo 2 de maioridade e 6 menores.
Seu corpo foi conduzido para Porto Alegre, em trem expresso, na madrugada seguinte, e ali dado á sepultura.
A morte do empreiteiro acabou por retardar ainda mais as obras no prédio do Teatro, último trabalho executado por esse italiano que, segundo Günter Weimer, no livro Arquitetos e Construtores do Rio Grande do Sul - 1892/1945 (Editora UFSM, Santa Maria, 2004), havia chegado em Porto Alegre no ano de 1911, quando construiu uma enfermaria para a Brigada Militar, sendo provavelmente um dos sócios da firma Irmãos Tellini.
MR
E o que aconteceu com o prédio depois da morte do empreiteiro?
ResponderExcluirO prédio seguiu em obras, sendo nele instalado, no primeiro andar, o Colégio Elementar. Quanto ao Fórum, ainda não temos certeza da data em que foi mudado para o segundo andar, provavelmente após 1922.
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