Há 60 anos, no dia 29 de junho de 1958, o Brasil conquistava seu primeiro título na Copa do Mundo de Futebol. Depois de uma campanha fracassada em 1954 e do trauma da derrota para o Uruguai, no Maracanã, em 1950, a Seleção Brasileira chegou ao final da Copa de 1958 para combater a Suécia, a dona da casa, vencendo o confronto por 5 a 2! Mesmo derrotada, a torcida sueca aplaudiu o campeão de pé!
A imprensa escrita do país saudou aos quatro ventos a primeira conquista mundial do Brasil no futebol. Os jornais de Cachoeira do Sul, Jornal do Povo e O Comércio, foram porta-vozes da emoção que os cachoeirenses já haviam experimentado pelas ondas do rádio, então único veículo a transmitir as partidas da Copa do Mundo:
Jornal do Povo - edição de 1/7/1958, p. 1 - Acervo de Imprensa do AH |
BRASIL CAMPEÃO DO MUNDO
ESTOCOLMO, Suécia, 29 (JP) - Uma assistência superior a 53 mil pessoas lotou literalmente esta tarde o belo Estádio de Rasunda, de Solma [sic], nesta Capital onde o Brasil e Suecia decidiram o titulo de Campeão Mundial de Futebol.
As dependências do Estádio de Rasunda foram insuficientes para abrigar o grande publico que afluiu ao local do grande jôgo mas, pela televisão, os milhões de suécos tiveram a oportunidade de acompanhar a tôdas as incidências do magno embate.
Os brasileiros, não tão brilhantes como das vêzes anteriores, ainda assim voltaram a impressionar aos aficionados suécos e aos críticos internacionais que reconheceram nos nacionais os campeões de fato e de direito do magno certame.
(...)
AS EQUIPES
As equipes na jornada memorável desta tarde no Estádio de Solna, na Suécia, tiveram as seguintes formações:
BRASIL com Gilmar; Djalma Santos, Bellini e Newton Santos; Zito e Orlando; Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagalo.
SUÉCIA com Svensson; Borjecson, Gustavson e Axbon; Bergmark e Parling; Hamrim, Gunnar Green, Simensson, Liedholm e Skoglund.
A reportagem do Jornal do Povo traz também os principais lances do jogo do primeiro e segundo tempos em notícia de página inteira.
O Comércio - edição de 2/7/1958, p. 1 - Acervo de Imprensa do AH |
O jornal O Comércio assim deu a boa nova:
Brasil, invíto no Campeonato Mundial de Futeból
Não tem dúvida alguma que o Brasil, nestas duas últimas semanas, é o país cujo nome é pronunciado mais a miude em todo o planeta. Quasi que de uma hora para outra, passou para o primeiro plano no mundo, suplantando, talvez, os Estados Unidos, Russia, França, Inglaterra e os irrequietos países circundantes do Mediterraneo. Nem o lançamento do primeiro satélite russo agitou tanto a opinião mundial.
Pelo que parece, o que os outros fazem com a cabeça, nós fizemos com os pés.
O futeból, nestes últimos dias, polarisou a atenção, ficando os demais assuntos, para um segundo plano.
Hoje, o Brasil ocupa lugar de destaque nas manchetes da imprensa mundial e, o que não deixa de ser importante, não por haver engendrado alguma maquina de destruição e morte, mas sim, por haver, por intermédio de um pugilo de desportistas, conquistado, com toda lisura e desmedida pericia, o ambicionado título de Campeão Mundial do Futeból em uma das mais marcantes batalhas desportivas, na qual se empenharam os mais destacados valores de todos quadrantes da terra.
Os campeões de 1958 - acervo do Museu Paulista - USP |
Sessenta anos depois, o Brasil busca nos campos da Rússia o seu hexacampeonato mundial de futebol. O mundo mudou tremendamente nestas seis décadas, mas a paixão pelo futebol segue a mesma, como comprovam as notícias de 1958 e as que chegam instantaneamente até nós em 2018. Graças ao acervo de imprensa de instituições como o Arquivo Histórico, a distância temporal de 60 anos corre célere como o folhear de páginas dos antigos jornais.
MR
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