Cachoeira do Sul sempre foi reconhecida como uma cidade bem arborizada e muitas são as reservas de verde existentes em seu recinto urbano, como as praças e o Parque Municipal da Cultura, com seu pouco difundido Jardim Botânico. Esta condição tem sido um dos fatores que fazem da cidade um lugar aprazível, especialmente quando as estações mais quentes causam suas ações sobre a vida dos indivíduos, sequiosos por sombras.
A manutenção de um viveiro municipal é uma prática governamental que atravessa muitas décadas. Dele saem muitas mudas de ornamentais e frutíferas para reposição nos diferentes recantos da cidade.
A prática de aquisição de árvores, quando ainda não havia um setor municipal próprio para a produção e cultivo de mudas, vem de longe. Uma nota de compra guardada dentre os documentos contábeis da Intendência Municipal, datada de 16 de julho de 1909, revela que o intendente Isidoro Neves da Fontoura adquiriu, da Granja Bom Retiro, de Pelotas, enxertos para diversas frutíferas, como laranjeiras, tangerina pequena, cerejeiras, caqui, pereiras e pessegueiros.
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Nota de compra - IM/RP/SF/D-064, de 16/9/1909 |
Interessante é perceber que a Granja Bom Retiro, que pertencia a Ambrosio Perret, foi a mesma que forneceu as mudas de tipuanas que, no ano de 1926, foram plantadas na nova e embelezada Praça José Bonifácio pelo filho de Isidoro Neves, o intendente João Neves da Fontoura.
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Tipuanas recém-plantadas - Museu Municipal |
Cachoeira, ao longo de sua história e, principalmente, quando a área urbana ainda dividia terrenos com pequenas chácaras, possuía viveiros particulares, responsáveis pela comercialização de todo tipo de vegetais, incluindo verduras, flores e árvores. Eram geralmente chamadas de quintas e, dentre elas, existiam a Quinta Saldanha Marinho, de Francisco Alves Duarte, a Quinta Recreio, de Pedro Dühart Landart e Antônio Marques Ribeiro, que fornecia mudas de frutíferas para adorno e jardins, além de temperos, e que se localizava defronte ao quartel do 3.º Batalhão de Engenharia no ano de 1917. Havia também a Quinta da Granja São José, sociedade do mesmo Pedro Dühart Landart com José Herbstrith, feita em 1922, para comércio de frutíferas e eucaliptos no Passo d'Areia. Landart era homem de cultivos, pois eis que mais adiante produzia hortaliças na granja do Dr. Silvio Scopel, na Rua Duque de Caxias, e em 1931 mantinha banca de verduras no Mercado Público. Duas antigas propriedades do gênero eram a Chácara das Flores, de João José Rodrigues, que muitos anos foi jardineiro do municípío, e a Granja da Pureza, de Júlio Porto Ferraz.
Cachoeira, como se depreende pelo número de quintas e chácaras de produção, era cidade bem abastecida de plantas e árvores e, a julgar pela nota de compra da Intendência, estava buscando aprimorar a qualidade de seus pomares importando enxertos de qualificados produtores de outros lugares.
MR
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