Há 100 anos o carnaval de Cachoeira, a julgar pelas notícias n'O Commercio, foi bem animado! Eram tempos de ruidosos grupos mascarados que saíam às ruas incitando todos à alegria e jogando muito lança-perfume, confete e serpentina.
Naquele ano a novidade foi o surgimento do "Bloco Almofadinhas", que com um ruidoso "Zé Pereira" todas as noites assaltava as principais casas de diversões sob a batuta do maestro "Caturrita".
Na tarde e noite de domingo, 15 de fevereiro, segundo o jornal, diversos grupos de mascarados percorreram, a pé e em vehiculos, algumas ruas da cidade.
O "Blóco Almofadinhas", que já havia sahido em noites anteriores, sahiu, á tarde e á noite, com o seu ruidoso Zé Pereira, apresentando-se em diversos pontos.
Durante a noite de 16 do corrente houve grande reunião de povo na Avenida das Paineiras, jogando-se- animadamente, lança-perfume, confetti e serpentinas.
Á tarde de 17 o commercio local fechou as suas portas e pelas 5 horas começou a affluencia de povo á Avenida das Paineiras, que, ao anoitecer, estava repleta.
Embora não houvesse uma sociedade carnavalesca, nem commissão organisadora de festejos, áquella hora houve, na Avenida, muito transito de automoveis e carros alguns enfeitados e conduzindo senhoritas e cavalheiros com trajes de phantasia.
Entre os passageiros dos carros e os transeuntes do passeio da Avenida houve forte jogo de serpentinas, confetti e lança-perfumes, brincadeira que, quando desappareceram os vehiculos, ainda prolongou-se até ás 11 horas da noite.
Á noite de segunda-feira penultima effectuou-se um baile burlesco nos vastos salões do Club Renascença, cujas dependencias estiveram repletas de exmas. familias e cavalheiros.
A diversão começou pelas 10 horas, prolongando-se, por entre vivas e reciprocas expansões de alegria e cordialidade, até ás primeiras horas da madrugada de 17.
Nos intervallos da dança houve animado jogo de lança-perfume, confetti e serpentinas.
Em a noite de sabbado, 21 do corrente, o Club 7 de Setembro tambem realizou um baile burlesco.
As 10 horas os cavalheiros phantasiados partiram do Hotel do Commercio, precedidos de musica e do Zé-Pereira, estacando á frente da residencia do sr. Hercules Vasconcellos, onde receberam as phantasiadas do bello sexo, fazendo uma passeata pela rua 7 de Setembro, que, principalmente na Avenida das Paineiras, estava repleta de curiosos.
Chegando ao edificio social, á rua São João, este ficou cheio de exmas. familias e cavalheiros.
(...)
Tocaram, alternadamente, a Banda Musical Estrella Cachoeirense e orchestra do Quartetto Viennense, dirigida pelo maestro Frederico Hintze.
A diversão prolongou-se, sempre muito animada, até ás 5 horas da manhã de domingo.
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Clube Sete de Setembro - O Rio Grande do Sul, de Alfredo R. da Costa (1922) |
Pelo jornal é possível perceber que o carnaval de 1920 foi bastante festejado, seja através dos grupos e blocos que desfilavam pelas ruas, animados pelos Zé Pereiras, em que os confetes, serpentinas e os hoje proibidos lança-perfumes faziam a alegria dos foliões. Os clubes chamavam os bailes de carnaval de burlescos, iniciados por cortejo que percorria a pé o trajeto até a sede social.
Os tempos mudaram, os festejos de carnaval também. Confetes e serpentinas seguem, bem menos efusivos em bailes adultos e ainda bem utilizados nos infantis. E os Zé Pereiras? Por aqui nem se ouve mais falar deles... Pelo menos com este nome!
*Zé Pereira: grupo de foliões que saíam às ruas munidos de bumbos animando blocos carnavalescos.
MR
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