Pular para o conteúdo principal

Inauguração da Hidráulica Municipal - 18/10/1925

O dia 18 de outubro de 1925 foi marcado para a realização dos testes de funcionamento dos equipamentos empregados na captação, tratamento e distribuição de água do sistema implantado na segunda hidráulica. As obras, executadas pela firma Silveira, Soares & Cia., seguiam projeto do famoso engenheiro sanitarista Dr. Saturnino de Brito.

Dr. Saturnino de Brito - www.12senado.leg.br

Iniciadas em 1923, quando houve o assentamento dos condutos do esgoto em ruas principais, as obras de saneamento projetadas por Saturnino de Brito se estenderam até 1925, sendo a inauguração da segunda hidráulica, chamada de Hidráulica Municipal, o coroamento desse importante e imprescindível projeto. Coube a João Neves da Fontoura, vice-intendente em exercício, a conclusão e inauguração das obras implantadas na administração do intendente Francisco Fontoura Nogueira da Gama. Chico Gama, como era chamado, afastou-se da administração municipal por motivos de saúde, falecendo em 1927.

Curiosamente a ata da solenidade que marcou a experiência oficial de funcionamento da Hidráulica Municipal foi redigida no Livro n.º 1 da Câmara, o mesmo usado em 5 de agosto de 1820 para instalação da Vila Nova de São João da Cachoeira. Não deixa o fato de atestar a importância daquele momento histórico que marcou e ainda marca as condições sanitárias de Cachoeira do Sul.

Faziam parte dos componentes da Hidráulica Municipal, localizada próximo das instalações do 3.º Batalhão de Engenharia, o Château d'Eau - atualmente o principal cartão-postal da cidade - e o reservatório enterrado da Praça Borges de Medeiros, na Rua Júlio de Castilhos.



Igreja Matriz e Château d'Eau - Museu Municipal

Reservatório enterrado - Museu Municipal


Eis o conteúdo da ata de 18 de outubro de 1925:


Acta da experiencia official da nova Hydraulica Municipal 

Aos dezoito dias do mez de outubro de mil e novecentos e vinte e cinco, nesta cidade de Cachoeira, Estado do Rio Grande do Sul, no edificio da Hydraulica Municipal, situado nas proximidades do quartel do 3.º Batalhão de Engenharia, á margem esquerda do rio Jacuhy, ahi presentes o sr. dr. João Neves da Fontoura, vice-intendente do municipio no exercicio do cargo de Intendente, autoridades, funccionarios federaes, estaduaes e municipes, associacões civis e religiosas, pessoas gradas e grande massa popular, foi feita a experiencia official das machinas, filtros e demaes obras de que se compôe a nova Hydraulica Municipal, as quaes, postas, em execução, deram exccellentes resultados, constatando-se um perfeito funccionamento.

Em seguida, usou da palavra o referido vice-intendente em exercicio, dr. João Neves da Fontoura que, em brilhante allocucão, se referiu ao novo melhoramento que se vinha de realisar a primeira experiencia e terminou congratulando-se com os habitantes da cidade pelo feliz exito de sua installação.

Em segudia, foi offerecido aos presentes uma uma mesa de doces e finos liquidos.

As obras da nova Hydraulica foram executadas, simultaneamente com as obras de exgottos, pelos engenheiros: Silveira, Soares & Cia, sob a directa fiscalização da Municipalidade e do Governo do Estado, e de accordo com o projecto elaborado pelo eminente engenheiro Saturnino Rodrigues de Brito.

Nada mais havendo, para constar, Eu, Emiliano Antonio Carpes, secretario do Municipio, lavrei a presente acta, para ser assignada pelos presentes.

João Neves da Fontoura (e mais 73 assinaturas) 

Fonte: CM/OF/A-008.

1.ª página da ata de inauguração da Hidráulica Municipal
- CM/OF/A-008


Dentre os signatários da ata, além de João Neves da Fontoura, aparecem Julio Castagnino, Reinaldo Roesch, Antonio Soares (da firma Silveira, Soares & Cia.), Augusto Brandão, Carmen e Marina Neves da Fontoura, Carlos Leal Nogueira da Gama, Alvaro Xavier da Cunha, Placentino Stringuini, Diamantino Carvalho da Fonseca, Joaquim Vidal e o secretário e redator Emiliano Antonio Carpes.

MR

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A enchente de 1941

As grandes enchentes de 2015 remetem o interesse para eventos climáticos semelhantes ocorridos em outras épocas. De imediato, a grande enchente de 1941, referência para a magnitude deste tipo de calamidade, vem para as rodas de conversa, recheia as notícias da imprensa e, já mais raramente, ainda encontra testemunhas oculares para darem suas impressões. O jornal O Commercio , edição do dia 14 de maio de 1941, constante da coleção de imprensa do Arquivo Histórico, traz na primeira página a repercussão da grande cheia, refere os prejuízos na economia, especialmente no setor orizícola, e dá ciência das primeiras providências das autoridades após a verificação dos estragos: Apezar das ultimas chuvas continúa baixando o nivel das águas Jamais o coração dos riograndenses se sentiram tão cheios de tristeza, de aflição, de tantas apreensões, como por ocasião dessa catástrofe imensamente incalculaveis nos prejuizos, estragos e fatalidades, derivados das incessantes e cerradas chuva...

Casa da Aldeia: uma lenda urbana

Uma expressão que se tornou comum em nossos dias é a da "lenda urbana", ou seja, algo que costuma ser afirmado pelas pessoas como se verdade fosse, no entanto, paira sobre esta verdade um quê de interrogação!  Pois a afirmação inverídica de que a Casa da Aldeia é a mais antiga da cidade é, pode-se dizer, uma "lenda urbana". Longe de ser a construção mais antiga da cidade, posto ocupado pela Catedral Nossa Senhora da Conceição (1799), a Casa da Aldeia, que foi erguida pelo português Manoel Francisco Cardozo, marido da índia guarani Joaquina Maria de São José, é mais recente do que se supunha. Até pouco tempo, a época tida como da construção da casa era dada a partir do requerimento, datado de 18 de abril de 1849, em que Manoel Francisco Cardozo: querendo elle Suppl. Edeficar umas Cazas no lugar da Aldeia ecomo Alli seaxe huns terrenos devolutos na Rua de S. Carlos que faz frente ao Norte efundos ao Sul fazendo canto ao este com a rua principal cujo n...

Hospital da Liga - uma obra para todos

Interessante recobrar a história de construção do Hospital da Liga Operária, o gigante do Bairro Barcelos, que se ergueu sob a batuta do maestro do operariado cachoeirense: o vereador José Nicolau Barbosa. E justamente agora que o município planeja desapropriá-lo para nele instalar o sonhado curso de medicina. José Nicolau Barbosa apresentando a obra do Hospital da Liga Operária - Acervo familiar O sonho do Nicolau, como ficou conhecido o empenho que aplicou sobre a obra, nunca chegou a se realizar, uma vez que a edificação não pôde ser usada como hospital. Ainda assim, sem as condições necessárias para atendimento das exigências médico-sanitárias, o prédio de três andares vem abrigando a Secretaria Municipal de Saúde. Mesmo desvirtuado de seu projetado uso original, mantém o vínculo com o almejado e necessário atendimento da saúde do trabalhador cachoeirense. O Jornal do Povo , edição de 1.º de março de 1964, traz uma entrevista com José Nicolau Barbosa, ocasião em que a reportagem do...