Um dos mais conhecidos e maiores bairros de Cachoeira do Sul tem sua história atrelada à família que lhe dá nome: Bairro Oliveira.
A Vila Oliveira surgiu em torno da chácara da conhecida Viúva Oliveira, na zona norte da cidade, onde, na década de 1920, foi iniciado um loteamento de terrenos. Há na documentação do Arquivo Histórico requerimentos de cidadãos que adquiriram terrenos e solicitavam à Intendência Municipal a devida licença para edificarem.
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IM/OPV/AOP/Requerimentos – Caixa 16 |
Um requerimento, datado de 1.º de dezembro de 1920, diz o que segue:
Ill. Snr. Dr. Intendente Municipal
Nesta Cidade
Oliverio José de Fonseca [sic] vem diser a V.S. o seguinte:
QUE comprou a D. Ignacia Amelia de Oliveira um terreno na projectada Villa OLIVEIRA, nos suburbios desta cidade, dentro dos limites sub-urbanos, com 130 palmos de frente por 400 de fundos;
QUE no dito terreno vae construir duas pequenas casas de madeira, sendo ambas no valor de UM CONTO DE REIS;
QUE nessas condicções vem o abaixo-assignado solicitar a respectiva licença e, bem assim satisfaser os emolumentos a que estiver sujeito
NESTES TERMOS
P. DEFERIMENTO
Cachoeira, 1.º de Dezembro de 1920
Oliverio Joze da Fonseca
O cidadão Oliverio Joze da Fonseca obteve a sua licença em 6 de dezembro de 1920, como atestam os carimbos apostos no requerimento pelos setores competentes da Intendência e pode ser considerado, com certeza, um dos primeiros moradores da "projetada" Vila Oliveira.
Ignacia Amelia de Oliveira já era, naquela época dos loteamentos, viúva de Antonio Gomes de Oliveira, com quem teve vários filhos. Antonio era comerciante e, por falecimento, levou Ignacia a assumir o negócio, quando adotou a razão social de Viúva Oliveira & Filhos, tendo por sócios José e Octaviano Gomes de Oliveira. Em agosto de 1901, o filho Octaviano retirou-se da sociedade, permanecendo Ignacia e José à frente do negócio, que era uma grande loja localizada na Rua Sete de Setembro, esquina com a atual Dr. Sílvio Scopel.
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Residência (Casa dos Arcos) de Ignacia Oliveira e a loja na esquina - Museu Municipal |
Em 1922, atestando o desenvolvimento daquela zona da cidade, então já bastante povoada, o intendente Annibal Lopes Loureiro, para melhorar a segurança local, criou um posto policial próximo à chácara da Viúva Oliveira.
Além da família dar nome à Vila Oliveira, um filho e várias filhas do casal denominam ruas do bairro e adjacências. O filho Otaviano Gomes de Oliveira, que foi sócio da mãe no comércio e conselheiro municipal, denomina uma travessa no Bairro Augusta* e dá nome ao vizinho Bairro Otaviano. As outras ruas que homenageiam membros da família Oliveira são: D. Alice, D. Azir, D. Antonieta, D. Odemira e D. Otília, todas filhas de Antonio e Ignacia Oliveira.
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Octaviano Oliveira - Grande Álbum de Cachoeira (1922), de Benjamim Camozato |
Ignacia Amelia de Oliveira, que faleceu aos 98 anos em 1946, é uma daquelas grandes mulheres da nossa história a quem ainda somos devedores no que tange ao conhecimento de suas vidas e trajetórias. Mas de informação em informação, um dia seus nomes e os daqueles que ajudaram a construir seus caminhos, quem sabe, serão do conhecimento de todos.
*Na verdade o bairro deveria ser chamado de Augusto, pois quem loteou os terrenos que lhe deram origem se chamava Augusto Ristow. Provavelmente por associação à palavra "vila" foi adotada a forma feminina Augusta.
MR
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