Há cinquenta anos Cachoeira do Sul celebrava com passeata e carnaval a agremiação do Grêmio Náutico Tamandaré que conquistou a Taça Brasil de Bochas.
Por onde se praticava bocha no Brasil, conforme noticiou o Jornal do Povo de 25 de março de 1971, tôdas as atenções principais estão voltadas, a partir de hoje, até domingo, para Cachoeira do Sul, transformada pela maior hierarquia bochófila do Grêmio Náutico Tamandaré, em Capital Nacional da Bocha. Perdoem-nos pelo título que estamos dando a já Capital Brasileira do Arroz, mas, a satisfação de dar acolhida aos Estados de Minas Gerais, Guanabara, Rio e São Paulo, aos altos dirigentes da Federação Gaúcha de Bocha, representantes expressivos da CBD, em seu setor bochófilo, até nos fazem deixar um pouco de lado a modéstia. Recebê-los em Cachoeira do Sul é uma satisfação enorme.
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JP, 25/3/1971, p. 4 |
O Jornal do Povo, em seu entusiasmo, não exagerou em dar o título de Capital Nacional da Bocha à cidade, pois de fato o certame fez de Cachoeira do Sul o centro das atenções dos praticantes desse esporte em todo o país e, mais do que isso, antecipou a consagração dos atletas cachoeirenses.
A sede social do Grêmio Náutico Tamandaré recebeu as delegações para apresentação oficial, oferecendo-lhes um coquetel, seguido do congresso de abertura da Taça Brasil de Bocha.
Os paulistas foram os primeiros a chegarem a Cachoeira e os últimos a partirem, pois foi contra eles que os cachoeirenses disputaram a final na sede náutica do Grêmio Náutico Tamandaré. As disputas começaram às 9h da manhã, sendo abertas pelo prefeito municipal Dr. Honorato de Souza Santos e padre Ernesto Botton que giraram as primeiras bochas nas quadras um e dois.
Depois das disputas entre os representantes dos estados, no domingo de manhã lutavam pela taça os cachoeirenses e os paulistas. Assim descreveu o momento o Jornal do Povo de 28 de março de 1971:
A festa da conquista da Taça Brasil de Bochas pelo Grêmio Náutico Tamandaré inciou pela parte da manhã de domingo, quando os gaúchos venciam a primeira ante os paulistas. O espoucar de foguetes anunciava a conquista antecipada da promoção. A alegria foi geral. Ciganinho (que havia vencido a Simples contra São Paulo) recebia emocionado os abraços de seus colegas. Cachoeira do Sul conquistava pela primeira vez um título de caráter nacional através do Grêmio Náutico Tamandaré, atualmente, no setor de clubes, a melhor bocha do Brasil.
Mas não haveria "graça" vencer a competição com S. Paulo empatado. O Náutico já era campeão pelo saldo de pontos. Para ter mais sabor era imprescindível vencer a Dupla e Trio dos paulistas. Quando isto aconteceu, então Cachoeira do Sul estava unida ao Tamandaré. A Escola de Samba Almirante Tamandaré postou-se na parte fronteira ao clube, com tôda a sua batucada. Carros sairam fazendo de nossas ruas a sua passarela da vitória. A frente - em carro aberto - os troféus conquistados e lá, bem atrás, também em carro aberto, os dez atletas alvi-negros, campeões da II Taça Brasil de Bocha.
Foi a festa do "esporte que faz amigos" tomando conta de Cachoeira do Sul.
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JP, 30-3-1971, p. 1 |
Os dez atletas que conquistaram o título inédito foram ovacionados pelos cachoeirenses e recebem, 50 anos depois, a homenagem e o reconhecimento ao seu feito. Foram eles: Irineu Anversa, Pedro Ildor Lovato, Hélio dos Passos Silveira (o "Ciganinho"), Otávio Guerino Bonini, Ary Ferreira Orives, Osmar Fogliatto, José Maria Cerentini, Laurindo Dumke, Lino José Anversa e Arlindo Paz Elesbão.
MR
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