Pular para o conteúdo principal

Sociedade Rio Branco - 127 anos

A Sociedade Rio Branco, antiga Sociedade Atiradores Concórdia, chegou no dia 4 de agosto aos seus 127 anos. É uma das mais longevas instituições do nosso município, fundada por cidadãos de origem germânica em 4 de agosto de 1896.

Há 100 anos, quando a Sociedade Atiradores Concórdia comemorou o 27.º aniversário de fundação, o jornal O Commercio fez o registro das celebrações que os sócios promoveram em sua sede social, localizada no Bairro Rio Branco.

1.ª sede da Sociedade Atiradores Concórdia no Bairro Rio Branco - Acervo SRB

No vasto salão desta sociedade local realizou-se, á noite de sabbado ultimo, o baile commemorativo do 27.º  anniversario da fundação.

O salão foi caprichosamente ornamentado com ramos, galhos e troncos verdes de eucalyptos da variedade robusta, ornamentação que dava-lhe garrido aspecto.

Com grande participação de exmas. sras., senhoritas e cavalheiros, a dança teve inicio pouco depois das 9 horas, tocando a orchestra regida pelo sr. Walter Ritter.

Pelas 11 horas fez uso da palavra o nosso amigo Ernesto Müller, referindo ao anniversario que se commemorava e ás modestas proporções com que, ha 27 annos, foi iniciada a vida da sociedade.

O orador teve palavras de saudade á memoria dos socios fundadores já ceifados pela morte, e que, embora tendo prestado braço forte á tarefa da marcha ascensional da sociedade, não tinham o prazer de vel-a em sua prosperidade e exhuberancia actual.

Ao terminar, o sr. Ernesto Müller foi muito applaudido.

Seguiu-se um trecho de canto pela secção de cantores, ouvido com agrado geral.

Depois continuou a dança, sempre muito animada, sendo a alegria e a cordialidade as notas predominantes da agradavel diversão, que prolongou-se até as 4 horas da madrugada.

Esta folha, gentilmente convidada, fez-se representar pelo nosso companheiro Guilherme Antonio Möller e pelo nosso amigo Clemenciano Barnasque, um dos correspondentes d'O Commercio em São Sepé.

Ernesto Müller (1914) - Acervo familiar

Quando o presidente Ernesto Müller lembrou em seu discurso dos sócios-fundadores que já tinham falecido, lamentando que não pudessem ver o quanto de progresso a sociedade apresentava, certamente estava relembrando seu irmão José Müller, na casa de quem foi fundada a Schützen-Verein Eintracht, assim como os demais que pertenceram ao grupo dos fundadores. Naquele ano de 1923, já haviam falecido João Moser, Germano Pötter, Guilherme Júlio Eduardo Köhn, Henrique Lauer, Otto Büchler, Tristão José Pohlmann e João Germano Wolff. 

Não há muita informação a respeito desses nomes que sonharam e realizaram a organização da sociedade. Mas certamente o próprio Ernesto Müller, também um dos fundadores, foi o nome mais importante da história inicial da hoje Sociedade Rio Branco. 

Durante 22 anos ele conduziu os destinos da sociedade, sendo figura importantíssima para garantia de que ela não fechasse suas portas, enfrentando com denodo e sacrifícios pessoais duros momentos de sua história.

Parabéns, Sociedade Rio Branco! 127 anos são indicadores de que os pioneiros tomaram a decisão certa ao se associarem e sonharem uma entidade de congraçamento e concórdia!

MR 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A enchente de 1941

As grandes enchentes de 2015 remetem o interesse para eventos climáticos semelhantes ocorridos em outras épocas. De imediato, a grande enchente de 1941, referência para a magnitude deste tipo de calamidade, vem para as rodas de conversa, recheia as notícias da imprensa e, já mais raramente, ainda encontra testemunhas oculares para darem suas impressões. O jornal O Commercio , edição do dia 14 de maio de 1941, constante da coleção de imprensa do Arquivo Histórico, traz na primeira página a repercussão da grande cheia, refere os prejuízos na economia, especialmente no setor orizícola, e dá ciência das primeiras providências das autoridades após a verificação dos estragos: Apezar das ultimas chuvas continúa baixando o nivel das águas Jamais o coração dos riograndenses se sentiram tão cheios de tristeza, de aflição, de tantas apreensões, como por ocasião dessa catástrofe imensamente incalculaveis nos prejuizos, estragos e fatalidades, derivados das incessantes e cerradas chuva

Casa da Aldeia: uma lenda urbana

Uma expressão que se tornou comum em nossos dias é a da "lenda urbana", ou seja, algo que costuma ser afirmado pelas pessoas como se verdade fosse, no entanto, paira sobre esta verdade um quê de interrogação!  Pois a afirmação inverídica de que a Casa da Aldeia é a mais antiga da cidade é, pode-se dizer, uma "lenda urbana". Longe de ser a construção mais antiga da cidade, posto ocupado pela Catedral Nossa Senhora da Conceição (1799), a Casa da Aldeia, que foi erguida pelo português Manoel Francisco Cardozo, marido da índia guarani Joaquina Maria de São José, é mais recente do que se supunha. Até pouco tempo, a época tida como da construção da casa era dada a partir do requerimento, datado de 18 de abril de 1849, em que Manoel Francisco Cardozo: querendo elle Suppl. Edeficar umas Cazas no lugar da Aldeia ecomo Alli seaxe huns terrenos devolutos na Rua de S. Carlos que faz frente ao Norte efundos ao Sul fazendo canto ao este com a rua principal cujo n

Hospital da Liga - uma obra para todos

Interessante recobrar a história de construção do Hospital da Liga Operária, o gigante do Bairro Barcelos, que se ergueu sob a batuta do maestro do operariado cachoeirense: o vereador José Nicolau Barbosa. E justamente agora que o município planeja desapropriá-lo para nele instalar o sonhado curso de medicina. José Nicolau Barbosa apresentando a obra do Hospital da Liga Operária - Acervo familiar O sonho do Nicolau, como ficou conhecido o empenho que aplicou sobre a obra, nunca chegou a se realizar, uma vez que a edificação não pôde ser usada como hospital. Ainda assim, sem as condições necessárias para atendimento das exigências médico-sanitárias, o prédio de três andares vem abrigando a Secretaria Municipal de Saúde. Mesmo desvirtuado de seu projetado uso original, mantém o vínculo com o almejado e necessário atendimento da saúde do trabalhador cachoeirense. O Jornal do Povo , edição de 1.º de março de 1964, traz uma entrevista com José Nicolau Barbosa, ocasião em que a reportagem do