O Rio Grande do Sul ainda estava convulsionado pela Revolução Farroupilha quando a Câmara de Cachoeira foi avisada pelo Barão de Caxias, Presidente da Província, sobre o casamento de D. Pedro II com a Princesa de Duas Sicílias Teresa Cristina de Bourbon, em ato solenizado no dia 4 de setembro de 1843 no Rio de Janeiro.
O casamento havia sido contratado em 20 de maio de 1842, em Viena, depois de várias tentativas diplomáticas com outras princesas da Europa. Em 31 de maio daquele ano a mão da princesa foi concedida a D. Pedro II, sendo este representado pelo embaixador José Alexandre Carneiro Leão, em Nápoles. No dia 3 de setembro de 1843, Teresa Cristina, acompanhada do irmão, Príncipe de Áquila, chegou ao porto do Rio de Janeiro, a bordo da fragata Constituição. O casamento ocorreu oficialmente no dia seguinte, com toda a pompa da época, na Imperial Capela.
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Imperatriz Teresa Cristina por volta de 1876 - Wikipédia |
Toda a Nação foi comunicada do grande acontecimento através de correspondências que encaminhavam avisos às Câmaras Municipais, cuja obrigação era divulgar ao povo. Cachoeira igualmente recebeu o comunicado, através de ofício do Barão de Caxias, então Presidente da Província. Eis o teor do documento:
Illm.º e Exm.º Snr. = Tendo entrado felizmente no porto desta Capital no dia 3 do corrente á tarde, Sua Magestade A Imperatriz, acompanhada por Sua Alteza Real o Conde de Áquila, Seu Augusto Irmão e Havendo Sua Magestade O Imperador, com a Mesma Augusta Senhora Recebido no dia seguinte, na Imperial Capella, com a pompa correspondente á grandeza e Santidade do Acto, e com as maiores demonstrações de regozijo Recebeo as Bençãos do Seu Matrimonio, que havia sido contratado em Viena aos 20 de Maio do anno passado, e celebrado em Napoles em 31 de Maio corrente: Assim o participo a V.Ex.ª para que publicisada em toda essa Provincia esta fausta noticia, que sera sem dúvida recebida com enthusiasmo por todos os seus habitantes, altos os beneficios que deste feliz Consorcio devem resultar ao Brasil. = Deos Guarde a V.Ex.ª = Palacio do Rio de Janeiro 5 de Setembro de 1843 = Jose Antonio da Silva maria - Sr. Presidente da Provincia de São Pedro = Cumpra-se e registe-se. Quartel General em S. Gabriel 2 de Novembro de 1843. Barão de Caxias. Conforme. O 1.º Oficial João da Cunha Lobo Barreto.
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Cópia do ofício remetido pelo Barão de Caxias - CM/DA/Avisos/Caixa 1 |
A história conta que D. Pedro II não ficou agradado da aparência da noiva, especialmente por não ter ela grandes atributos de beleza e ser, inclusive, levemente manca de uma das pernas. Mas o tempo provou que aquela princesa não tão bela era uma grande mulher, intelectualmente à altura do Imperador. E este lado proporcionou, aliado a outros atributos de personalidade, a relação fraterna que os dois mantiveram por toda a vida.
Alguns meses depois do casamento de D. Pedro II com Teresa Cristina, o Príncipe de Áquila, irmão dela, casou-se com a irmã de D. Pedro, Princesa Januária. Novamente a Vila da Cachoeira foi notificada do faustoso acontecimento, conforme ofício recebido pela Câmara Municipal em 4 de outubro de 1844:
Alguns meses depois do casamento de D. Pedro II com Teresa Cristina, o Príncipe de Áquila, irmão dela, casou-se com a irmã de D. Pedro, Princesa Januária. Novamente a Vila da Cachoeira foi notificada do faustoso acontecimento, conforme ofício recebido pela Câmara Municipal em 4 de outubro de 1844:
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Ofício comunicando o casamento ocorrido em 28/4/1844 - CM/DA/Avisos/Caixa 1 |
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