Pular para o conteúdo principal

Impasses do Paço

A obra de construção da Casa de Câmara, Júri e Cadeia, nosso Paço Municipal, que agora está em franco processo de recuperação do telhado e suas estruturas para posterior processo integral de restauração, teve início no ano de 1861. O empreiteiro da obra foi Ferminiano Pereira Soares, reconhecido construtor de sua época, vereador e proprietário de uma das áreas que a Câmara Municipal adquiriu para erguer o prédio.

Paço Municipal em foto do início do século XX - fototeca Museu Municipal

Obra desse vulto logicamente sofreu alguns impasses. Mas o que não se esperava é que terminasse sem ter o empreiteiro recebido integralmente os valores que lhe eram devidos pela Câmara, a ponto de o próprio Ferminiano ter escrito aos vereadores solicitando a quitação da dívida! Mas acabou morrendo sem ver a cor do dinheiro! Com seu falecimento, ocorrido no mesmo ano em que a Casa de Câmara, Júri e Cadeia começou a ser usada - 1865 - a viúva seguiu fazendo a cobrança...

Esta história só pode ser contada porque nosso Arquivo Histórico dispõe das correspondências que foram remetidas por Ferminiano Pereira Soares e depois por sua viúva, D. Carlota Pereira de Lima, com a cobrança do que a municipalidade lhes devia...

Eis os documentos. O requerimento de Ferminiano foi recebido pela Câmara em junho de 1865 e o da sua viúva em 2 de novembro daquele mesmo ano. 


Solicitação de pagamento feita por Ferminiano Pereira Soares
- CM/Obras e Melhoramentos/Requerimentos/Caixa 5



Solicitação de Carlota, a viúva de Ferminiano P. Soares
- CM/Obras e Melhoramentos/Requerimentos/Caixa 5

Comentários

  1. Parabéns pela pesquisa histórica.
    Interessantes detalhes do nosso passado que são trazidos pela equipe do Arquivo.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Casa da Aldeia: uma lenda urbana

Uma expressão que se tornou comum em nossos dias é a da "lenda urbana", ou seja, algo que costuma ser afirmado pelas pessoas como se verdade fosse, no entanto, paira sobre esta verdade um quê de interrogação!  Pois a afirmação inverídica de que a Casa da Aldeia é a mais antiga da cidade é, pode-se dizer, uma "lenda urbana". Longe de ser a construção mais antiga da cidade, posto ocupado pela Catedral Nossa Senhora da Conceição (1799), a Casa da Aldeia, que foi erguida pelo português Manoel Francisco Cardozo, marido da índia guarani Joaquina Maria de São José, é mais recente do que se supunha. Até pouco tempo, a época tida como da construção da casa era dada a partir do requerimento, datado de 18 de abril de 1849, em que Manoel Francisco Cardozo: querendo elle Suppl. Edeficar umas Cazas no lugar da Aldeia ecomo Alli seaxe huns terrenos devolutos na Rua de S. Carlos que faz frente ao Norte efundos ao Sul fazendo canto ao este com a rua principal cujo n...

Instituto Estadual de Educação João Neves da Fontoura - 90 anos

O mês de maio de 2019 está marcado por um momento significativo na história da educação de Cachoeira do Sul. No dia 22, o Instituto Estadual de Educação João Neves da Fontoura chegou aos seus 90 anos carregando, neste transcurso de tempo, desafios, dificuldades e conquistas. Muitas crianças e jovens passaram por seus bancos escolares, assim como professores e servidores dedicados à desafiadora tarefa educativa. A história do João Neves, como popularmente é chamado aquele importante educandário, tem vínculos enormes com seu patrono. Em 1929, quando a instituição foi criada com o nome de Escola Complementar, o Dr. João Neves da Fontoura era vice-presidente do estado e há pouco havia concluído uma gestão de grandes obras como intendente de Cachoeira.  Em 1927, ano em que Borges de Medeiros resolveu criar escolas complementares no estado para a formação de alunos-mestres, imediatamente João Neves empenhou-se para que uma destas escolas fosse instalada em Cachoeira, município p...

Série: Centenário do Château d'Eau - as esculturas

Dentre os muitos aspectos notáveis no Château d'Eau estão as esculturas de ninfas e Netuno. O conjunto escultórico, associado às colunas e outros detalhes que tornam o monumento único e marcante no imaginário e memória de todos, foi executado em Porto Alegre nas famosas oficinas de João Vicente Friedrichs. Château d'Eau - década de 1930 - Acervo Orlando Tischler Uma das ninfas do Château d'Eau - foto César Roos Netuno - foto Robispierre Giuliani Segundo Maria Júlia F. de Marsillac*, filha de João Vicente, com 15 anos o pai foi para a Alemanha estudar e lá se formou na Academia de Arte. Concluído o curso, o pai de João Vicente, Miguel Friedrichs, enviou-lhe uma quantia em dinheiro para que adquirisse material para a oficina que possuía em Porto Alegre. De posse dos recursos, João Vicente aproveitou para frequentar aulas de escultura, mosaico, galvanoplastia** e de adubos químicos, esquecendo de mandar notícias para a família. Com isto, Miguel Friedrichs pediu à polícia alemã...