Pular para o conteúdo principal

O aborto

O aborto é um assunto que desperta muita discussão e polêmica, seja ontem ou hoje. Sua prática é condenada por uns e defendida por outros. Razões éticas, morais, religiosas e sociológicas são levantadas, oferecendo vários ângulos para sua observação e julgamento.

Pois surpreendentemente o jornal local O Commercio, da coleção de imprensa do Arquivo Histórico, em sua edição do dia 25 de abril de 1906, ou seja, há 109 anos, publicou em sua primeira página um soneto, então um tipo de poesia muito em voga na época, intitulado O aborto. 

O aborto

Tu que antes de nascer, morres forçado,
Triste aborto, imperfeita creatura;
Do ser e do não ser cuidado;
Do ser desprezo e do não ser cuidado;

Tu és de amor o fructo malfadado;
Fructo que a honra anniquilar procura.
De amor obra funesta e sem ventura,
Da honra triste victima e do fado.

Anjo, perdôa a culpa commetida;
Contempla a mãe, a esposa sem consorte.
Não a culpes de ingrata e de homicida.

Dous tyrannos decidem a tua sorte:
Contra a honra o amor fez dar-te a vida
E a honra contra amor fez dar-te a morte.

(Extr.)

O jornal extraiu o soneto de outra publicação? Não há referência a autor. Não importa. Fica o registro da curiosa publicação e da provável discussão que deve ter provocado nos leitores do Comercinho a abordagem de tema tão polêmico.

Parte da página do O Commercio
- edição de 25/4/1906


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Casa da Aldeia: uma lenda urbana

Uma expressão que se tornou comum em nossos dias é a da "lenda urbana", ou seja, algo que costuma ser afirmado pelas pessoas como se verdade fosse, no entanto, paira sobre esta verdade um quê de interrogação!  Pois a afirmação inverídica de que a Casa da Aldeia é a mais antiga da cidade é, pode-se dizer, uma "lenda urbana". Longe de ser a construção mais antiga da cidade, posto ocupado pela Catedral Nossa Senhora da Conceição (1799), a Casa da Aldeia, que foi erguida pelo português Manoel Francisco Cardozo, marido da índia guarani Joaquina Maria de São José, é mais recente do que se supunha. Até pouco tempo, a época tida como da construção da casa era dada a partir do requerimento, datado de 18 de abril de 1849, em que Manoel Francisco Cardozo: querendo elle Suppl. Edeficar umas Cazas no lugar da Aldeia ecomo Alli seaxe huns terrenos devolutos na Rua de S. Carlos que faz frente ao Norte efundos ao Sul fazendo canto ao este com a rua principal cujo n

O que tinha e o que faltava na Cachoeira do Sul de 50 anos atrás...

Cachoeira do Sul, outubro de 1973. O Clube de Diretores Lojistas,  hoje Câmara de Dirigentes Lojistas de Cachoeira do Sul - CDL, lançou um "volante", o que hoje chamamos de fôlder, ressaltando as potencialidades do município.  Interessante verificar a forma como a notícia chegou aos lares cachoeirenses através das páginas do Jornal do Povo,  que circulou no dia 23 de outubro daquele ano: O QUE CACHOEIRA DO SUL TEM E O QUE FALTA O Clube de Diretores Lojistas, sempre preocupado na promoção de Cachoeira do Sul sob todos os aspectos, tomou a iniciativa de imprimir um volante, relacionando o que esta cidade tem, de destaque, e o que lhe falta. Em reunião que o CDL realizou na noite de quarta-feira, foi este assunto abordado, pois uma das grandes preocupações de Gentil Bacchin, vice-presidente do CDL, em exercício, relaciona-se com a limpeza da cidade, assunto que está merecendo novas normas da administração municipal, mas que exige maior colaboração da população. O VOLANTE O volan

Colégio Estadual Diva Costa Fachin: a primeira escola de área inaugurada no Brasil

No dia 1.º de outubro de 1971, Cachoeira do Sul recebeu autoridades nacionais, estaduais e regionais para inaugurar a primeira escola de área do Rio Grande do Sul e que foi também a primeira do gênero a ter a obra concluída no Brasil. Trata-se do Colégio Estadual Diva Costa Fachin, modelo implantado com recursos do Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Médio - PREMEM, instituído pelo Decreto n.º 63.914, de 26/12/1968.  Colégio Estadual Diva Costa Fachin - Google Earth A maior autoridade educacional presente àquela solenidade foi Jarbas Passarinho, Ministro da Educação, acompanhado por Euclides Triches, governador, e pelos secretários de Educação, Coronel Mauro Costa Rodrigues, de Interior e Justiça, Octávio Germano, das Obras Públicas, Jorge Englert, e da Fazenda, José Hipólito Campos, além de representantes do Senado, de outros ministérios, estados e municípios.  Edições do Jornal do Povo noticiando a inauguração da escola (30/9/1971 e 3/10/1971, p. 1) Recepcionados na Ponte do Fa