Pular para o conteúdo principal

Proposta para substituição da iluminação pública por novo invento

A iluminação de uma cidade, a exemplo de outros serviços que estão a cargo da administração pública, é boa indicadora do nível de investimento e do estágio de evolução tecnológica atingido pelo município.

Cachoeira experimentou variadas formas de iluminar suas vias e casas. Do acendedor de lampiões às primeiras experiências com luz elétrica, o tempo percorreu dois séculos... E os avanços da ciência aconteciam bem longe daqui!

Uma carta remetida ao presidente e demais vereadores da Câmara, em 6 de maio de 1886, é uma prova das inovações que a segunda metade do século XIX estava atingindo na área.  E também demonstra o interesse que os concessionários do contrato da iluminação pública municipal tinham no investimento em novas tecnologias e no seu repasse comercial.



CM/DA/OM/Caixa 3

Eis o conteúdo:

Os abaixo assignados, concessionarios do contrato da illuminação publica que se faz na Cidade da Cachoeira, participão a distinta corporação Municipal dessa Cidade, que prettendem mudar o actual systema de illuminação a kerozene por outro mais vantajoso e melhor, cujo preço não excede ao kerozene.

O systema de illuminação que os abaixo assignados querem introduzir e substituir pela luz de kerozene he inteiramente novo e desconhecido, pois he uma descuberta ressentem.te feita nos Estados Unidos d'America do Norte.

Sendo necessario sugeitar esta luz e o seo systema a uma experiencia pratica, que traga em rezultado a convicção de que realm.te ella he sup.r a do kerozene, e igual ao gaz carbonico, sem alterar o custo da actual illuminação, os abaixo assignados mandarão buscar nos Estados Unidos um determinado numero de lampiões para, com elles, fazer-se a devida experiencia, sugeitando-a a apreciação dessa Municipalidade, afim de rezolver se convirá ser esta illuminação adoptada. 

Convem que essa Municipalidade não tome rezolução alguma sobre qualquer contracto de illuminação que se prettenda fazer, sem que primeiro seja experimentado e estudado o systema de luz que os abaixo assignados querem adoptar.
E. R. Mce.
Souza & Pinto.

Porto Alegre 6 de Maio 1886
(CM/DA/OM/Ofícios/Caixa 5)

Não foi localizado documento que faça alusão ao atendimento do pedido da empresa Souza & Pinto, impossibilitando que se afirme se houve ou não a experiência. Não obstante, a carta é um interessante documento que prova que os avanços estavam em curso, com nome e endereço, podendo aportar por aqui mediante uma simples assinatura...

(MR)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Casa da Aldeia: uma lenda urbana

Uma expressão que se tornou comum em nossos dias é a da "lenda urbana", ou seja, algo que costuma ser afirmado pelas pessoas como se verdade fosse, no entanto, paira sobre esta verdade um quê de interrogação!  Pois a afirmação inverídica de que a Casa da Aldeia é a mais antiga da cidade é, pode-se dizer, uma "lenda urbana". Longe de ser a construção mais antiga da cidade, posto ocupado pela Catedral Nossa Senhora da Conceição (1799), a Casa da Aldeia, que foi erguida pelo português Manoel Francisco Cardozo, marido da índia guarani Joaquina Maria de São José, é mais recente do que se supunha. Até pouco tempo, a época tida como da construção da casa era dada a partir do requerimento, datado de 18 de abril de 1849, em que Manoel Francisco Cardozo: querendo elle Suppl. Edeficar umas Cazas no lugar da Aldeia ecomo Alli seaxe huns terrenos devolutos na Rua de S. Carlos que faz frente ao Norte efundos ao Sul fazendo canto ao este com a rua principal cujo n

Hospital da Liga - uma obra para todos

Interessante recobrar a história de construção do Hospital da Liga Operária, o gigante do Bairro Barcelos, que se ergueu sob a batuta do maestro do operariado cachoeirense: o vereador José Nicolau Barbosa. E justamente agora que o município planeja desapropriá-lo para nele instalar o sonhado curso de medicina. José Nicolau Barbosa apresentando a obra do Hospital da Liga Operária - Acervo familiar O sonho do Nicolau, como ficou conhecido o empenho que aplicou sobre a obra, nunca chegou a se realizar, uma vez que a edificação não pôde ser usada como hospital. Ainda assim, sem as condições necessárias para atendimento das exigências médico-sanitárias, o prédio de três andares vem abrigando a Secretaria Municipal de Saúde. Mesmo desvirtuado de seu projetado uso original, mantém o vínculo com o almejado e necessário atendimento da saúde do trabalhador cachoeirense. O Jornal do Povo , edição de 1.º de março de 1964, traz uma entrevista com José Nicolau Barbosa, ocasião em que a reportagem do

Bagunça na 7

Em 1870, quando a moral e os bons costumes eram muito mais rígidos do que os tempos que correm e a convivência dos cidadãos com as mulheres ditas de vida fácil era muito pouco amistosa, duas delas, Rita e Juliâna, estavam a infernizar moradores da principal e mais importante artéria da Cidade da Cachoeira. Diante dos "abusos" e das reclamações, chegou ao subdelegado de polícia da época, Francisco Ribeiro da Foncêca, um comunicado da Câmara Municipal para que ele tomasse as necessárias providências para trazer de volta o sossego aos moradores. Rua 7 de Setembro no século XIX - fototeca Museu Municipal A solicitação da Câmara, assinada pelo presidente Bento Porto da Fontoura, um dos filhos do Comendador Antônio Vicente da Fontoura, consta de um encadernado do Fundo Câmara Municipal em que o secretário lançava o resumo das correspondências expedidas (CM/S/SE/RE-007), constituindo-se assim no registro do que foi despachado. Mais tarde, consolidou-se o sistema de emitir as corresp