A história de Cachoeira do Sul, rica e longeva, afinal são 202 anos desde a sua emancipação político-administrativa, legou-nos um conjunto de bens que hoje são vistos como patrimônio histórico-cultural. Muito há ainda de testemunhos desta história que merecem a atenção pelo que representam como marcas dos diferentes ciclos históricos. Mas felizmente a comunidade e suas autoridades, desde 1981, pela criação do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico-Cultural - COMPAHC, têm reconhecido e protegido muitas destas marcas históricas.
Antes da existência do COMPAHC muitos e significativos bens foram perdidos, pois o município não dispunha de mecanismos nem legislação protetiva, tampouco de levantamento de seu patrimônio histórico-cultural. Assim, o Mercado Público, em 1957, e a Estação Ferroviária, em 1975, foram duas das maiores perdas, sendo estes dois bens seguidamente citados como omissões do poder público e da própria comunidade. Sempre importante lembrar que por ocasião do anúncio da derrubada da Estação Ferroviária, duas vozes levantaram-se contra o ato e procuraram o prefeito da época, Pedro Germano, para argumentarem contra e apresentarem alternativas. Coincidentemente ambas, Lya Wilhelm e Eluiza de Bem Vidal, compuseram a nominata de primeiros conselheiros do COMPAHC, sendo Lya a sua mentora e primeira presidente.
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Estação Ferroviária - acervo Robispierre Giuliani |
Em 1985, quatro anos depois da criação do COMPAHC, os primeiros bens de nosso patrimônio histórico-cultural foram reconhecidos e tombados. São eles: Jardim de Infância do Colégio Sinodal (antiga casa de formação de pastores luteranos), primeiro prédio do Hospital de Caridade, Casa de Cultura Paulo S. Vieira da Cunha (então Escola Superior de Artes Santa Cecília - ESASC), Palácio Legislativo João Neves da Fontoura (antigo Banco da Província), Catedral Nossa Senhora da Conceição (à época ainda chamada de Igreja Matriz) e Prefeitura Municipal (hoje Museu Municipal Edyr Lima).
A partir destas primeiras experiências de proteção legais de bens com valor histórico-cultural e, portanto, merecedores de perpetuação como testemunhas da rica história do município, outros bens foram sendo elencados, sendo 123 reconhecidos pelo Inventário do Patrimônio Cultural de Cachoeira do Sul, em 1989, em acordo de cooperação técnica firmado entre o Município, Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - SPHAN e Fundação Nacional Pró-Memória.
Hoje, o município conta com 15 bens tombados por indicação e encaminhamento do COMPAHC, sendo destes 15 dois tombados também pelo estado, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado - IPHAE, e dois apenas em âmbito estadual, que são a Ponte de Pedra e o Banrisul.
São eles:
- Catedral Nossa Senhora da Conceição - tombamento municipal
- Casa de Câmara, Júri e Cadeia (atual Museu Municipal) - tombamento municipal
- Château d'Eau - tombamento municipal e estadual
- Casa da Aldeia - tombamento municipal
- 1.º Hospital - tombamento municipal
- Fachada da extinta União de Moços Católicos - tombamento municipal
- Fachada do Cine-Teatro Coliseu - tombamento municipal
- Palácio Legislativo João Neves da Fontoura - tombamento municipal
- Casa de Cultura Paulo Salzano Vieira da Cunha - tombamento municipal
- Pró-Vida - tombamento municipal
- Painel Sinta-se Feliz na Capital do Arroz - tombamento municipal
- Jardim de Infância do Colégio Sinodal Barão do Rio Branco - tombamento municipal
- Templo Martim Lutero - tombamento municipal
- Estação Ferreira - tombamento municipal
- Fazenda da Tafona - tombamento municipal e estadual
- Ponte de Pedra - tombamento estadual
- Banrisul - tombamento estadual
O dia 17 de agosto é dedicado ao patrimônio histórico no Brasil e no Rio Grande do Sul. Em 2019, nesse dia, foi tombado o prédio do Banrisul como patrimônio histórico estadual. Este prédio icônico, inaugurado em 1922 para sediar a agência do Banco Pelotense em Cachoeira, é um dos mais reverenciados pelos cachoeirenses e reconhecido como valioso exemplar do nosso patrimônio. Sua estrutura, degradada pelo tempo, está passando por processo de restauro a fim de que tenha a sua exuberância arquitetônica devolvida ao olhar dos cachoeirenses e das pessoas que visitam Cachoeira. Com o exemplo de cuidado de que está sendo alvo, os cachoeirenses que reconhecem importância na preservação de nossa memória histórico-cultural estão vibrando. E, da mesma forma, saudaram a restauração da fachada da Casa Augusto Wilhelm, erguida um ano antes do Banco Pelotense e que são hoje, sem sombra de dúvida, duas importantes referências urbanas, arquitetônicas e históricas.
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Banrisul - ex-Banco Pelotense - foto Renato Thomsen |
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Casa Augusto Wilhelm durante restauro (2021) - foto Renato Thomsen |
O Arquivo Histórico, que sedia o COMPAHC, tem orgulho em poder disponibilizar farto material sobre o patrimônio histórico-cultural de Cachoeira do Sul, contribuindo para sua manutenção e difusão.
Vivas sejam dadas ao patrimônio histórico-cultural de Cachoeira do Sul, assim como àqueles que ao longo do tempo têm se preocupado com a sua manutenção e a preservação da memória desta terra!
MR
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