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Mensagem de encerramento de circulação de O Comércio - 23 de fevereiro de 1966 - |
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Único exemplar conhecido da última edição de O Comércio - 23 de fevereiro de 1966 |
A doação do exemplar da edição derradeira do jornal foi feita por Sérgio Moacir da Silva Pacheco, funcionário das oficinas da Tipografia do Comércio, empresa editora do periódico. Ciente de que aquela edição encerraria a existência do Comercinho, Sérgio teve a iniciativa de resguardar um exemplar. E o fez por cinquenta anos, gesto que se constitui em exemplo de preservação de parte importante da rica memória de imprensa de Cachoeira do Sul. Por longos anos, o doador tentou localizar outro exemplar, sem sucesso, o que faz do que foi entregue ao Arquivo Histórico uma página, ou melhor, quatro páginas preciosas de um órgão que durante 66 anos registrou, relatou e difundiu o cotidiano da cidade.
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Páginas 2 e 3 da derradeira edição |
O tipógrafo Henrique Möller Filho, que se estabeleceu em Cachoeira em 1897 com uma pequena tipografia na Rua 15 de Novembro, fez circular o primeiro número d'O Commercio no dia 1.º de janeiro de 1900.
Oficinas da Tipografia d'O Commercio, vendo-se o fundador sentado à mesa - Fototeca do Museu Municipal |
O jornal, que circulava somente nas quartas-feiras, tinha edição inicial bilíngue (português/alemão), sobreviveu a duas guerras mundiais, passou pelo convulsionado cenário político gaúcho dos anos 1920 e chegou aos revolucionários anos 1960, encerrando sua trajetória de órgão comercial, noticioso e literário no início de 1966, sob a direção de Carlos Möller e Edgar Pohlmann, sucessores do fundador Henrique e seus irmãos Guilherme e João Antônio Möller.
A cerimônia de entrega do exemplar ao Arquivo Histórico foi prestigiada por representantes das famílias Möller e Pohlmann, integrantes das equipes do Museu Municipal, Biblioteca Pública, pela Diretora do Núcleo Municipal da Cultura, Cláudia Frey Scarparo, pelo presidente do Conselho Municipal de Política Cultural - CMPC, Vorni Prestes, e também por Jorge Almiro Ferreira Flores, último responsável pela distribuição do jornal aos assinantes, o que incluía despacho pela Viação Férrea para leitores em outros municípios e na Alemanha.
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Sérgio Moacir da Silva Pacheco em flagrante de seu discurso |
A abertura e acolhida aos presentes e ao gesto do doador foi feita pelo Chefe de Departamento do Arquivo Histórico, Eliseu Machado, que ressaltou a importância da doação para a preservação da memória histórica de Cachoeira do Sul e o reconhecimento do papel do Arquivo Histórico como depositário das coleções dos jornais cachoeirenses. A seguir o doador Sérgio Moacir da Silva Pacheco fez a exposição dos motivos que o levaram a preservar e doar o último número d'O Comércio ao Arquivo Histórico.
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Eliseu Machado, chefe do Arquivo Histórico ladeado pelo doador Sérgio Pacheco |
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Sérgio Moacir da Silva Pacheco em sua alocução |
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Jorge Almiro Ferreira Flores, João Carlos Möller e Sérgio Moacir Pacheco com o último exemplar do jornal doado ao Arquivo Histórico |
Na mesma ocasião, Sérgio Pacheco doou ao Arquivo Histórico o volume I da obra O Rio Grande do Sul, editada na década de 1920, que versa sobre os municípios gaúchos de então, cujo volume II já integra o acervo bibliográfico da instituição.
Que a atitude de Sérgio Moacir da Silva Pacheco sirva de exemplo e desperte nos cachoeirenses a consciência de que instituições de memória, como o Arquivo Histórico e o Museu Municipal, podem e devem ser o destino de documentos, imagens e obras de valor histórico-cultural, contribuindo para que esta senhora que se chama História possa ser comprovada e difundida indistintamente. O passado agradece, o presente usufrui e o futuro ganha referências.
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Parte dos que testemunharam a entrega do exemplar ao Arquivo Histórico |
Que espetáculo, eu que tenho sido tão agraciado pelas inúmeras vezes em que a prima Mirian Ritzel gentilmente quando encontra em suas pesquisas alguma citação justo no dito jornal sobre algum ancestral,automaticamente me repassa Fico feliz com essa doação e exemplo.Parabéns pela iniciativa.
ResponderExcluirQue maravilha ! Parabéns a estas pessoas que demonstraram um enorme respeito a sociedade cachoeirense. Com estas relíquias devemos trabalhar em busca de recursos para que o Arquivo Histórico possa colocar a disposição de forma segura para as próximas gerações.Parabéns a todos !
ResponderExcluirEstamos todos de parabéns: o Arquivo, por ser capaz de resguardar nossa memória documental, a comunidade, por poder usufruir desses documentos para situar-se na história e a memória local que se preserva em gestos como o do Sr. Sérgio Pacheco.
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