Com o título acima, o jornal Rio Grande, da coleção de imprensa do Arquivo Histórico, em sua edição do dia 28 de janeiro de 1909, trazia a notícia da intenção do historiador Aurélio Porto de lançar uma obra sobre Cachoeira: ...um trabalho de real utilidade para a nossa terra. Dedicando-se ha algum tempo a excavações historicas, tendo manuseado documentos de alto merito da nossa vida, quer no precioso archivo da Intendencia, quer em cartorios, em archivos particulares, e em outras partes nesta e outras cidades e na capital do Estado, Aurelio Porto, tem já subsidios excellentes para a obra a que se consagra com afam.
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Jornal Rio Grande, 28/1/1909 |
A obra referida pelo Rio Grande foi ao prelo como parte histórica e de fundamentação do relatório que o intendente Isidoro Neves da Fontoura apresentou ao Conselho Municipal em setembro de 1910, dando conta dos negócios e da administração municipal sob seu comando. Foi intitulada Resumo histórico.
Originalmente a obra de Aurélio Porto sobre Cachoeira previa quatro partes: A Terra, A Aldeia - 1758-1820, A Cidade - 1850-1908. A quarta abrangeria três períodos distintos, estudados separadamente: a cidade sob o regime monárquico, sob o regime republicano e naquele ano de 1908, a que o autor intitularia Atualidade. O jornal Rio Grande ressaltou que O livro constará de mais de trezentas paginas e será caprichosamente impresso na capital do Estado, sendo as illustrações e mappas que o acompanham feitos em Buenos Ayres.
Aurélio Porto, um dos mais renomados e confiáveis historiadores do Rio Grande do Sul, era um pesquisador contumaz. Ao mesmo tempo em que analisava documentos existentes nos arquivos da Intendência, onde desempenhava as funções de chefe do serviço de arquivo e estatística municipal, ia tomando nota e organizando a documentação. Graças a ele, os primeiros documentos produzidos pelas autoridades constituídas foram preservados e acabaram por constituir o acervo inicial do Arquivo Histórico. Sua carreira de pesquisador foi ampliada quando se tornou servidor do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, onde produziu obras de vulto como a História das Missões Orientais do Uruguai, dentre tantas outras de grande significado para a compreensão da evolução histórica rio-grandense.
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Affonso Aurelio Porto - fototeca Museu Municipal |
Benjamin Camozato, quando lançou o Grande Álbum de Cachoeira no Centenário da Independência do Brasil, em 1922, ocupou parte deste Resumo Histórico para abertura da obra. No álbum, Aurélio Porto foi apresentado como membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, entidade que hoje possui a maior parte dos arquivos produzidos pelo historiador. O Museu Municipal de Cachoeira do Sul também é depositário de obras, objetos, fotografias e alguns documentos pertencentes ao ilustre historiador a quem devemos a definição da data magna do município - 5 de agosto de 1820 - que ele defendia com argumentos históricos irrefutáveis.
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Grande Álbum de Cachoeira, de Benjamin Camozato - Resumo Histórico por Aurelio Porto - |
(MR)
Muito legal.Grimaldi deve vir a ser da família do Liberato Vieira da Cunha.
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