A edição do jornal O Commercio do dia 11 de abril de 1917, assim registrou as atividades da Semana Santa:
Semana Santa. - Como era de esperar, revestiram-se de muito esplendor as solemnidades da Semana Santa.
Quinta-feira Santa, na occasião da missa cantada, mais de 300 pessoas de todas as classes sociaes receberam a santa communhão. A' tarde, querendo commemorar o facto essencialmente caridoso de Jesus Christo na vespera de sua morte ter lavado os pés aos doze apostolos, para mostrar aos homens a necessidade de amor reciproco, o vigario da parochia, acolytado por dous sacerdotes, praticou a cerimonia de lavar os pés a doze meninos devidamente preparados em bancos sobre estrados. Acabado o acto, o revmo. padre Feliciano* pronunciou eloquente discurso sobre a caridade christã.
Sexta-feira Santa foram feitas, de manhã, todas as cerimonias religiosas prescriptas, sendo cantada a Paixão de Nosso Senhor.
A's 17,20 sahiu a procissão do encontro, que foi extraordinariamente concorrida. Os dous andores, que levavam as imagens de Nosso Senhor e de N. Senhora das Dôres, encontraram-se na Avenida das Paineiras, occasião em que o revmo. padre Feliciano, da sacada da casa da exma. sra. d. Ignacia Amelia de Oliveira, prendeu por uns quinze minutos a attenção de todos os circumstantes, fazendo innumeras pessoas derramar lagrimas.
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Casa de Ignacia Oliveira, à esquerda, na Rua 7 de Setembro - sem data - fototeca Museu Municipal |
Sabbado santo começaram as respectivas cerimonias ás 8 horas e só ás 10 horas os sinos da igreja matriz deram alegremente o signal do alleluia.
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Igreja Matriz em flagrante de procissão religiosa - sem data - fototeca Museu Municipal |
Tanto nesse, como nos dias precedentes, a concurrencia de fieis foi numerosissima.
Domingo da Resurreição, na missa das 8 horas, houve communhão geral.
A's 10 horas a missa solemne foi cantada pelo vigario da parochia, servindo de diacono o revmo. padre Feliciano e de subdiacono o revmo. padre Angelo Ceresér. Ao Evangelho o revmo. padre Feliciano, subindo á tribuna, pronunciou o discurso de occasião, em que procurou demonstrar a realidade do facto da resurreição, refutando as pretendidas objecções dos incredulos. Os canticos da missa e de todas as festividades da semana foram magistralmente executados pelo côro do Apostolado, com o auxilio benevolo dos srs. Affonso Gregory e Alexandre Santini.
Na mesma edição do jornal, uma nota sobre as celebrações da Páscoa entre os luteranos e os metodistas:
Pelos templos. - Perante crescida assistencia de crentes effectuou-se. á noite de sexta-feira da paixão, a cerimonia da santa ceia no templo da Communidade Evangelica, situado no Bairro Rio Branco.
Domingo ultimo, ás 9 1/2 horas da manhã, ainda houve bem concorrido culto divino no mesmo templo, officiando o sr. pastor Germano Dohms, director espiritual daquella communidade.
- No templo da Igreja Methodista, á rua Moron, ralizaram-se cultos divinos em a noite de sexta-feira e na manhã de domingo, sendo celebrante o sr. pastor Eduardo M. Barreto Jayme.
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Antigo prédio da Igreja Metodista - sem data - fototeca Museu Municipal |
O jornal de 1917, além do distanciamento temporal de cem anos, expresso na diferença de grafia e de costumes, revela também uma diferença abissal na forma como nossos antepassados viviam a Semana Santa e celebravam a Páscoa...
*Pe. Feliciano Yagüe.
(MR)
Linda historia de Cachoeira do sul
ResponderExcluirMuito querida esta história!
ResponderExcluirE não é mesmo?
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