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Uma cápsula para daqui um século

As comemorações do centenário de criação do 3.º Batalhão de Engenharia de Combate de Cachoeira do Sul, inicialmente sediado em São Gabriel e instalado em Cachoeira em 1924, foram determinantes para que uma cápsula do tempo, assentada no dia 2 de abril de 1922, fosse localizada sob a pedra fundamental do quartel. A abertura do artefato fez emergir do passado muito da história daquele dia, com a grata surpresa do achado de exemplares raros de jornais, como A Palavra, de Fábio Leitão, casualmente falecido no dia 10 de novembro de 1924, no Barro Vermelho, em episódio histórico que envolveu este mesmo batalhão.

Militares que localizaram a cápsula de 1922 - Foto Jornal do Povo

No dia 10 de novembro de 2017, coroando as comemorações que se desenrolaram ao longo de todo ano, aconteceu a inauguração do monumento que marca os 100 anos da corporação (projetado pelo arquiteto Osni Schroeder), quando outra cápsula do tempo ocupou o lugar da primeira, desta vez portando para daqui um século os jornais de hoje, moedas, fotografias, documentos e um pendrive. 

Coronel Guilherme S. Hossmann com a cápsula de 2017
- Foto Jornal do Povo

O Arquivo Histórico participou das atividades com o apoio da Associação Cachoeirense de Amigos da Cultura - AMICUS na estabilização dos originais encontrados na cápsula de 1922, contando com a prestimosa colaboração do fotógrafo Renato F. Thomsen no registro dos conteúdos dos jornais em meio digital.

Exposição no 3.º BECmb dos materiais encontrados na cápsula de 1922
e parte do pessoal envolvido - Foto Jornal do Povo

O monumento do centenário - foto Eduardo Schroeder

Às futuras gerações caberá localizar a cápsula do tempo plantada em 10 de novembro de 2017 e ter para com ela a mesma respeitosa atitude de preservar o seu conteúdo, permitindo assim que os cachoeirenses 100 anos à frente possam compreender e ser tocados pelas ações do presente, fadadas desde então a reconstituírem uma história que pertence ao passado que acabou de acontecer.

MR

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