Pular para o conteúdo principal

A noz-pecã

Cachoeira do Sul, poucos sabem, além de ser a Capital Nacional do Arroz é a maior produtora de noz-pecã do Rio Grande do Sul. Ano a ano, a cidade se consolida como referência no cultivo e beneficiamento desta noz, bem como na produção de mudas.

Noz-pecã - www.jornaldocomercio.com

A pecanicultura é recente no país, sendo registradas as primeiras experiências há pouco mais de 100 anos. De lá para cá, uma sucessão de iniciativas, tanto privadas quanto da esfera governamental, foram pouco a pouco sedimentando o setor, tornando o Rio Grande do Sul o responsável pela maior parte da produção nacional. A provar isto, foi localizado um documento da década de 1960 que dá mostras de movimentos isolados para difundir e incentivar o cultivo da noz-pecã. 

Fundo Prefeitura Municipal - sem catalogação
Trata-se de uma correspondência encaminhada ao Prefeito Arnoldo Paulo Fürstenau, em 2 de setembro de 1964, por um promotor de vendas de Passo Fundo. No teor, o remetente refere um pedido de informações do prefeito cachoeirense sobre o preço das mudas de nogueiras e registra a encomenda de duas caixas. O interessante, porém, é que o promotor, de nome Eugenio Fiori Zibetti, fala em união numa campanha que visava incentivar todos os prefeitos a introduzirem o cultivo da pecã nos seus municípios, no intuito de tornar o Rio Grande do Sul "o seu maior cultivador no Brasil, e um exportador de categoria". 

No correr da carta, Eugenio Zibetti enaltece a figura do prefeito Arnoldo Fürstenau e o seu apoio: "Contamos mais uma vez com o Sr., pessoalmente e como homem público, provando mais uma vez sua larga visão e bôa vontade, para gravar no seu município o seu nome como introdutor e incentivador da nogueira pecã, que serà dentro de pouco tempo a palavra de ordem em todo Rio Grande."

O tempo acabou por mostrar que não foi tão rápido assim que a cultura se consolidou. A passos lentos, mas decididos, a pecanicultura se firmou em Cachoeira do Sul, sendo o município o maior produtor do estado. Os pecanicultores cachoeirenses, com seus viveiros e pomares de produção, exportam mudas e empregam técnicas de cultivo que credenciam dia a dia a noz-pecã como um dos mais notáveis produtos da economia cachoeirense. Em abril, entre os dias 11 e 12, a cidade sediará o 2.º Simpósio Sul-Americano da Noz-Pecã e a 2.ª Abertura Oficial da Colheita da Noz-Pecã.

Colheita de nozes-pecã - Foto Robispierre Giuliani

MR

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A enchente de 1941

As grandes enchentes de 2015 remetem o interesse para eventos climáticos semelhantes ocorridos em outras épocas. De imediato, a grande enchente de 1941, referência para a magnitude deste tipo de calamidade, vem para as rodas de conversa, recheia as notícias da imprensa e, já mais raramente, ainda encontra testemunhas oculares para darem suas impressões. O jornal O Commercio , edição do dia 14 de maio de 1941, constante da coleção de imprensa do Arquivo Histórico, traz na primeira página a repercussão da grande cheia, refere os prejuízos na economia, especialmente no setor orizícola, e dá ciência das primeiras providências das autoridades após a verificação dos estragos: Apezar das ultimas chuvas continúa baixando o nivel das águas Jamais o coração dos riograndenses se sentiram tão cheios de tristeza, de aflição, de tantas apreensões, como por ocasião dessa catástrofe imensamente incalculaveis nos prejuizos, estragos e fatalidades, derivados das incessantes e cerradas chuva...

Casa da Aldeia: uma lenda urbana

Uma expressão que se tornou comum em nossos dias é a da "lenda urbana", ou seja, algo que costuma ser afirmado pelas pessoas como se verdade fosse, no entanto, paira sobre esta verdade um quê de interrogação!  Pois a afirmação inverídica de que a Casa da Aldeia é a mais antiga da cidade é, pode-se dizer, uma "lenda urbana". Longe de ser a construção mais antiga da cidade, posto ocupado pela Catedral Nossa Senhora da Conceição (1799), a Casa da Aldeia, que foi erguida pelo português Manoel Francisco Cardozo, marido da índia guarani Joaquina Maria de São José, é mais recente do que se supunha. Até pouco tempo, a época tida como da construção da casa era dada a partir do requerimento, datado de 18 de abril de 1849, em que Manoel Francisco Cardozo: querendo elle Suppl. Edeficar umas Cazas no lugar da Aldeia ecomo Alli seaxe huns terrenos devolutos na Rua de S. Carlos que faz frente ao Norte efundos ao Sul fazendo canto ao este com a rua principal cujo n...

Hospital da Liga - uma obra para todos

Interessante recobrar a história de construção do Hospital da Liga Operária, o gigante do Bairro Barcelos, que se ergueu sob a batuta do maestro do operariado cachoeirense: o vereador José Nicolau Barbosa. E justamente agora que o município planeja desapropriá-lo para nele instalar o sonhado curso de medicina. José Nicolau Barbosa apresentando a obra do Hospital da Liga Operária - Acervo familiar O sonho do Nicolau, como ficou conhecido o empenho que aplicou sobre a obra, nunca chegou a se realizar, uma vez que a edificação não pôde ser usada como hospital. Ainda assim, sem as condições necessárias para atendimento das exigências médico-sanitárias, o prédio de três andares vem abrigando a Secretaria Municipal de Saúde. Mesmo desvirtuado de seu projetado uso original, mantém o vínculo com o almejado e necessário atendimento da saúde do trabalhador cachoeirense. O Jornal do Povo , edição de 1.º de março de 1964, traz uma entrevista com José Nicolau Barbosa, ocasião em que a reportagem do...