O blog do Arquivo Histórico busca acompanhar, na medida da sua documentação e acervo de imprensa, as datas comemorativas, acontecimentos históricos e outros fatos relevantes que ajudaram a forjar a valiosa história desta terra.
Na época em que as homenagens têm destino os entes queridos que não vivem mais, um poema publicado no jornal O Comércio de 70 anos atrás dá a medida do quanto o preito aos mortos têm de tradição e se faz segundo o seu tempo:
"Dia dos Finados"
Mui lindas flores, de perfume vário,
Revestem cada abrigo sepulcral, -
Mansão dos que da Morte o cruel fadário
Recolheu, com sua mão sempre fatal.
Corações cheios de saudade atroz,
Faces em muitas lágrimas banhadas,
Almas, erguendo em prece a triste voz,
Contemplam dos que dormem as moradas.
Lembrança de um viver muito feliz
Trazem aquelas pedras silenciosas...
E cada sepultura também diz
Que as horas tôdas correm pressurosas.
Em cada lousa fria assim se lê:
Na tumba, um dia, vós ireis viver;
Por que tanta ambição? Oh, sim, por que,
Si nada podereis pra cá trazer?
Por que andais sob o jugo da vaidade
Si aqui na terra iguais todos sereis?
Por que tanto rancor, tanta maldade,
Si a Justiça é implacavel em suas leis?
Preparai-vos, agora, para o dia
Em que soar da trombeta o som final.
Oh! Não deixeis partir, assim vazia,
Vossa alma, para o trono divinal.
Sepulcros - oh! mensagens veementes!
Jazigos - oh! bemditas esperanças!
Jamais sereis cadeias inclementes,
Quando o Senhor tomar da Morte as lanças
Então não mais o "Dia dos Finados"
Observado será em nenhum lugar,
Porque todos serão ressuscitados,
E lá na Eternidade irão morar.
Lidia J. Martins
(O Comércio, 2 de novembro de 1949, p. 3)
Hoje, ainda que o mundo tenha passado por profundas transformações, a morte continua uma incógnita, dominando os espíritos a sua inexorabilidade.
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Túmulo no Cemitério Municipal - COMPAHC |
MR
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