Com apreensão a comunidade cachoeirense recebeu a notícia de encerramento das atividades da Estação Rodoviária de Cachoeira do Sul, cujas instalações próprias foram inauguradas em 1976, constituindo-se, à época, uma grande e celebrada conquista.
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Notícia da inauguração - JP, 26/2/1976, p. 1 |
O Jornal do Povo do dia 26 de fevereiro de 1976 estampou em sua primeira página a notícia: Nova rodoviária inaugura hoje como velho desafio que Cachoeira atende.
A partir das 10 horas de hoje, Cachoeira do Sul passará a contar com nova estação rodoviária, onde o requinte anda de par até mesmo com as necessidades futuras dos usuários. E quando o município atende um desafio de muitos anos, dentro das prioridades comunitárias e destes três anos de progresso da administração Pedro Germano, o terminal rodoviário lá está para retratar dois fatos incontestes: o trabalho de anos do concessionário Arno Radünz (e esposa Judith Heloísa Engler Radünz) e o esmero que Augusto de Lima - Arquitetura e Construções (Comércio e Indústria da Construção Civil) emprestou à construção.
O ato inaugural terá as presenças do secretário Otávio Germano, do Interior, Desenvolvimento Regional e Obras Públicas; secretário Firmino Girardello, dos Transportes; Edmar José Lerry, diretor geral do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER); dos deputados cachoeirenses Geraldo Germano e Carlos Augusto de Souza; e, ainda, de outras personalidades estaduais e municipais, com estas lideradas pelo prefeito Pedro Germano.
Resumidamente, o programa inaugural da rodoviária prevê o descerramento de placa comemorativa, às 10 horas, seguido do corte da fita, benção do padre Orestes Trevisan e alocução oficial do vice-prefeito Julio Cezar Caspani, em nome da comunidade.
Tudo terá continuidade com a visitação às dependências gerais, durante a qual se inaugurará (no complexo administrativo) os retratos dos fundadores José e Irma Engler, pelo primeiro funcionário e hoje diretor da Imobiliária Rodrigues, Osvaldo Rodrigues de Figueiredo.
Arquiteto confere tudo
Diretor da firma cachoeirense que construiu tudo, o arquiteto Augusto César Mandagaran de Lima pode justificar toda a euforia atual pela consciência de ter feito o melhor. Tanto pelas linhas arquitetônicas como pela utilidade presente e futura (muitos anos adiante) do empreendimento.
Após ter empregado pouco mais de 700 dias (obra iniciou em dezembro de 73) e média diária de 80 homens trabalhando em dois turnos (só na concretagem de lajes e vigas empregou mais porque aí deve haver continuidade de até 72 horas ininterruptas e utilizou quatro turmas de 30 homens cada uma), Mandagaran de Lima tem reais motivos de contentamento.
A matéria do jornal segue explicando que a rodoviária inaugurada pertencia à chamada categoria especial, como a de Porto Alegre. O arquiteto Augusto de Lima esclareceu que desenvolveu para a rodoviária local uma projeção que está 20 vezes acima das necessidades atuais de Cachoeira. como no caso do equipamento público (saguão, venda de passagens, despachos, restaurante, sanitários e escritórios). Só os boxes estão três vezes superiores ao exigido, para evitar uma área ali ociosa.
A edição do Jornal do Povo também estampou em letras garrafais o convite feito pelo concessionário para os atos inaugurais:
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Convite para inauguração - JP, 26/2/1976, p. 1 |
A obra inaugurada no verão de 1976, considerada a primeira etapa da construção, suplantou o valor de cinco milhões de cruzeiros e dotou Cachoeira do Sul de uma das mais modernas estações rodoviárias de seu tempo. Por ocasião do início das obras, a inquietação da cidade era a sua localização, considerada à época muito distante do centro, o que se constituiu em mais um desafio vencido pelos empreendedores.
Transcorridos 44 anos da inauguração da Estação Rodoviária, o projetado crescimento esbarrou em uma série de fatores que acabaram por enfraquecer o transporte rodoviário interurbano, agravados agora pelos nefastos efeitos provocados pela pandemia do coronavírus.![]() |
Aspecto da Estação Rodoviária de Cachoeira do Sul - Facebook |
A história da concessão do serviço iniciou com José Engler em 1941, persistindo com seus descendentes por quase 80 anos. Nesse período, mais de uma geração da família seguiu prestando relevantes serviços, embarcando e desembarcando milhares de passageiros em chegadas ou partidas da Capital Nacional do Arroz.
MR
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