Pular para o conteúdo principal

Álcool para abastecer automóveis

O emprego do álcool (etanol) como combustível iniciou no Brasil em meados da década de 1920, objetivando incentivar a produção das usinas de cana-de-açúcar e amenizar a dependência que o país sofria do petróleo. Em 1933, por iniciativa do governo Getúlio Vargas, foi criado o Instituto do Açúcar e do Álcool, tornando-se obrigatória a mistura do etanol na gasolina. 

Em 1975, quando o Brasil importava 80% do petróleo que consumia, foi criado o Programa Nacional do Álcool. Três anos depois, em 1978, surgiu o primeiro automóvel totalmente a álcool produzido no país - o Fiat 147. Apesar do sucesso do carro e do expressivo número de veículos comercializados entre 1979 e 1987, ainda assim o etanol não conseguia competitividade no mercado e o Brasil continuava ainda dependente do petróleo estrangeiro.

Fiat 147 - 1.º carro a álcool do Brasil
- www.projetodraft.com/nascimento-e-desenvolvimento-do-primeiro-carro-a-etanol-do-mundo/

A partir de 2003, com a fabricação de automóveis flex-fuel, o mercado do etanol ganhou impulso e competitividade.

E o que Cachoeira tem a ver com a história da produção do etanol? Nada... Mas em 9 de março de 1921 os leitores do jornal O Commercio se depararam com uma notícia constante do rodapé da primeira página: O exito do alcool como succedaneo da gazolina.

O Commercio, 9/3/1921, p. 1 - Acervo de Imprensa

Diz a notícia:

Em Pernambuco está sendo objecto de estudo o problema da substituição da gazolina pelo alcool, como combustivel para automoveis.

Ao que parece, as experiencias foram coroadas de pleno exito, tanto que muitos proprietarios de automoveis, inclusive o governo do Estado, já adoptaram o emprego do alcool. Generalisado este, calcula-se que só Pernambuco deixará de remetter para o estrangeiro quatro mil contos annualmente, pois a tanto sóbe a sua actual importação de gazolina.

Seria o caso de, no Rio, estudar-se tambem a questão, pois talvez ahi se encontre, de facto, um meio de, ao mesmo tempo, beneficiar o publico, os proprietarios de automoveis, a industria nacional, as finanças brasileiras.

De accordo com a opinião de alguem que conhece o assumpto, é apenas necessaria a adopção da "boia" de metal para que possa funccionar a alcool qualquer automovel.

Os cachoeirenses de 100 anos atrás estavam sempre bem informados das novidades que corriam pelo mundo. Interessante é que, 100 anos depois, o preço dos combustíveis continua a não beneficiar o publico, os proprietarios de automoveis, a industria nacional, as finanças brasileiras!


Para saber mais: 

https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/etanol3_000g7gq2cz702wx5ok0wtedt3xdrmftk.pdf

MR

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A enchente de 1941

As grandes enchentes de 2015 remetem o interesse para eventos climáticos semelhantes ocorridos em outras épocas. De imediato, a grande enchente de 1941, referência para a magnitude deste tipo de calamidade, vem para as rodas de conversa, recheia as notícias da imprensa e, já mais raramente, ainda encontra testemunhas oculares para darem suas impressões. O jornal O Commercio , edição do dia 14 de maio de 1941, constante da coleção de imprensa do Arquivo Histórico, traz na primeira página a repercussão da grande cheia, refere os prejuízos na economia, especialmente no setor orizícola, e dá ciência das primeiras providências das autoridades após a verificação dos estragos: Apezar das ultimas chuvas continúa baixando o nivel das águas Jamais o coração dos riograndenses se sentiram tão cheios de tristeza, de aflição, de tantas apreensões, como por ocasião dessa catástrofe imensamente incalculaveis nos prejuizos, estragos e fatalidades, derivados das incessantes e cerradas chuva...

Casa da Aldeia: uma lenda urbana

Uma expressão que se tornou comum em nossos dias é a da "lenda urbana", ou seja, algo que costuma ser afirmado pelas pessoas como se verdade fosse, no entanto, paira sobre esta verdade um quê de interrogação!  Pois a afirmação inverídica de que a Casa da Aldeia é a mais antiga da cidade é, pode-se dizer, uma "lenda urbana". Longe de ser a construção mais antiga da cidade, posto ocupado pela Catedral Nossa Senhora da Conceição (1799), a Casa da Aldeia, que foi erguida pelo português Manoel Francisco Cardozo, marido da índia guarani Joaquina Maria de São José, é mais recente do que se supunha. Até pouco tempo, a época tida como da construção da casa era dada a partir do requerimento, datado de 18 de abril de 1849, em que Manoel Francisco Cardozo: querendo elle Suppl. Edeficar umas Cazas no lugar da Aldeia ecomo Alli seaxe huns terrenos devolutos na Rua de S. Carlos que faz frente ao Norte efundos ao Sul fazendo canto ao este com a rua principal cujo n...

Hospital da Liga - uma obra para todos

Interessante recobrar a história de construção do Hospital da Liga Operária, o gigante do Bairro Barcelos, que se ergueu sob a batuta do maestro do operariado cachoeirense: o vereador José Nicolau Barbosa. E justamente agora que o município planeja desapropriá-lo para nele instalar o sonhado curso de medicina. José Nicolau Barbosa apresentando a obra do Hospital da Liga Operária - Acervo familiar O sonho do Nicolau, como ficou conhecido o empenho que aplicou sobre a obra, nunca chegou a se realizar, uma vez que a edificação não pôde ser usada como hospital. Ainda assim, sem as condições necessárias para atendimento das exigências médico-sanitárias, o prédio de três andares vem abrigando a Secretaria Municipal de Saúde. Mesmo desvirtuado de seu projetado uso original, mantém o vínculo com o almejado e necessário atendimento da saúde do trabalhador cachoeirense. O Jornal do Povo , edição de 1.º de março de 1964, traz uma entrevista com José Nicolau Barbosa, ocasião em que a reportagem do...