A Ponte do Jacuí, uma das obras mais demoradas e cheia de percalços da nossa história, estava fadada a não funcionar desde que começou a ser planejada. Depois de mais de duas décadas da concorrência para a sua construção, que se deu em 13 de julho de 1849, vencendo Ferminiano Pereira Soares a licitação, só em 1871 ela foi concluída por outro empreiteiro, Giuseppe Obino.
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Pilares da Ponte do Jacuí - foto Méia Albuquerque |
De uso efetivo, a Ponte do Jacuí perfez o período de 1871 a 1894, quando um incêndio de seu leito, atribuído a revolucionários, decretou a sua inutilidade.
Logicamente que a supressão de tão importante meio de circulação e acesso causou na municipalidade sérias consequências, especialmente na economia da região.
Em 25 de setembro de 1900, um documento da Secretaria de Negócios das Obras Públicas do Estado do Rio Grande do Sul referiu necessidade de conserto na ponte, ficando a cargo do município de Cachoeira a sua conservação. No ano seguinte, a 23 de março, a mesma secretaria estadual fez nova solicitação à Intendência, pois já era visível o desmoronamento de um pilar, sendo notória a falta de reboco junto à sapata.
Provavelmente nada foi feito, pois em 11 de dezembro de 1906, o intendente do município foi informado ter o estado contratado reparos provisórios, dependendo o início das obras da chegada das madeiras necessárias que deveriam ser adquiridas pela municipalidade.
Quatro anos depois, em 2 de abril de 1910, o secretário de Estado dos Negócios das Obras Públicas oficiou a Intendência de Cachoeira informando que havia mandado fazer um exame da Ponte do Jacuí para as devidas providências de conserto, relembrando ao intendente que a madeira a ser fornecida deveria ser cortada de maio em diante até julho.
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Ofício de 2/4/1910 - IM/OPV/CCP/Ofícios - Caixa 16 |
Em 23 de julho, o estado comunicou que devido ao fato de montar a uma quantia elevada o corte e falquejo da madeira a obra não poderia ser providenciada...
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Ofício de 23/7/1910 - IM/OPV/CCP/Ofícios - Caixa 16 |
Na imprensa local, seguidamente havia queixas da população pelo abandono da ponte e a extrema necessidade de sua recuperação. A respeito disso, assim publicou o Rio Grande de 20 de setembro de 1911, em sua página dois:
Ponte do Jacuhy. Attendendo as justas reclamações do povo, a directoria da viação da Secretaria de Obras Publicas está providenciando para a substituição da superestructora de madeira da ponte do rio Jacuhy por outra metalica. É esta a mais intensa aspiração dos moradores do nosso municipio cuju [sic] transito por esta ponte impõe-se como uma das mais imperiosas necessidades. Registrando esta nova o Rio Grande que servindo de echo ao povo dirigiu em suas columnas esta justa reclamação ao benemerito governo do Estado, satisfeito, deseja que esses trabalhos sejam activados o mais breve possivel.
O resto da história todos nós sabemos. Como o dito popular: "Nem mel, nem porongo".
MR
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