Em 31 de outubro de 1903, o agrimensor Cassiano de Freitas Santos enviou à Intendência Municipal um trabalho de levantamento e cálculo da zona a desapropriar na ex-Colônia Santo Ângelo, para conclusão da estrada de Dona Francisca.
O agrimensor é aquele profissional que verifica e determina os limites das propriedades, tanto na zona urbana quanto na zona rural. Nessa tarefa, é preciso coletar, organizar e fornecer dados para formalizar os limites e permitir com sua definição que obras possam vir a ser executadas ou projetos serem desenvolvidos.
Cassiano de Freitas Santos era profissional bem requisitado e que mantinha, no início do século XX, um escritório na Rua Sete de Setembro n.º 54. Na divulgação de seus serviços, informava que fazia medições, inscrições Torrens*, projetos para construções, orçamentos e plantas topográficas.
No material encaminhado à Intendência, Cassiano de F. Santos fez um longo relatório dando conta que as autoridades municipais solicitaram-lhe levantar uma planta topographica da zona a desapropriar, a fim de estabelecer uma estrada de rodagem, que, seguindo o valle do Jacuhy, evitasse os fortes declives, diminuindo a distancia a percorrer, entre o porto de embarque, na ex-Colonia D.ª Francisca e a estrada geral pra esta cidade. (...) No trecho sobre que versou meu trabalho profissional extende-se da divisa de Carlos Gerhke com Frederico Hoppe e termina na de Carlos Peske** com Carlos Jann. (...) A planta e o memorial que junto a este relatorio dão perfeito conhecimento do terreno, (...)
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Relatório do agrimensor Cassiano de Freitas Santos - IM/OPV/CCP-Relatórios - Caixa 16 |
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Assinatura do agrimensor no relatório - 31/10/1903 |
Conforme apresentado no relatório, o agrimensor anexou a ele uma caderneta de campo, cálculo analítico da linha e um memorial que concluiu, em síntese, o seguinte: que os proprietários dos terrenos a desapropriar eram Frederico Hoppe, Carlos Peske e Gustavo Drevanz, situados no 6.º distrito da cidade da Cachoeira, ex-Colônia Santo Ângelo, no lugar denominado Agudo, margem esquerda do rio Jacuí. Informou também que não havia nenhuma construção na zona a desapropriar, nem córregos ou cursos d'água de qualquer natureza.
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Caderneta de campo - IM/OPV/CCP-Relatórios - Cx. 16 |
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Cálculo analítico - IM/OPV/CCP-Relatórios - Cx. 16 |
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Memorial - IM/OPV/CCP-Relatórios - Cx. 16 |
Frederico Hoppe teria 4.971 metros quadrados desapropriados; Gustavo Drevanz, 3.522, e Carlos Peske um total de 4.476 metros quadrados, perfazendo tudo 12.969 metros quadrados. Serviriam como marcos e pontos de referência A estaca zéro, orientada e fixada segundo o meridiano verdadeiro; e o vertice da ogiva da porta principal da Igreja de D.ª Francisca.
* Registro Torrens: dá ao proprietário título com força absoluta sobre a propriedade.
** Pode ser Perske.
MR
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