Dando sequência às publicações sobre a presença açoriana na história de Cachoeira do Sul e em comemoração aos 270 anos do povoamento açoriano no Rio Grande do Sul, o blog traz ao conhecimento dos leitores a figura de Antônio José de Menezes. Foi ele um descendente direto de açorianos que entrou para a história político-administrativa de Cachoeira.
Rubrica de Menezes nos livros da Câmara |
Diferente da composição inicial da Câmara, cujos três primeiros vereadores foram eleitos e empossados no dia da instalação da Vila Nova de São João da Cachoeira, em 5 de agosto de 1820, houve uma sequência de nomeações feitas por carta régia. A carta régia era um documento oficial assinado por Sua Alteza Real D. João VI e que não passava pela chancelaria da Corte, ou seja, era enviado diretamente para a autoridade que deveria dar-lhe cumprimento.
Assim, em 23 de janeiro de 1822, dando cumprimento à carta régia de 24 de novembro de 1821, foram empossados e prestaram juramento os três vereadores, dentre eles Antônio José de Menezes, o procurador e o tesoureiro da Câmara.
O termo de posse e juramento de Antônio José de Menezes e dos demais está registrado no livro CM/CP/TPJ-001, folhas 7 e 7v:
Auto de Posse e Juramento dáda as Justiças novas que andem servir o prezente anno de 1822 em observancia da Carta Regia de 24 de 9br.º de 1821.
Aos vinte trez dias do mez de Janeiro de mil oito centos e vinte dois nesta Villa nóva de Sam João da Cachoeira em Camara a que prezidia o Veriador mais Velho Juiz de Fora pela Ley Ignacio Rodrigues de Carvalho, e mais Officiaes abaixo assignados, e sendo ahÿ prezentes Constantino Joze Pinto, Joaquim Gomes Pereira, e Antonio Joze de Menezes, Veriadores = Antonio Xavier da Silva, Procurador, João de Mello Rego, Thezoureiro, a estes logo o dito Juiz deferio Juramento dos Santos Evangelhos em hum Livro delle em que cada hum de per si poz sua mão direita e lhe emcarregou que bem e verdadeiramente servissem os Cárgos para que Sua Alteza Real os avia por nomiado pela Cárta Regia de vinte quatro de Novembro de mil oito centos e vinte hum, satisfazendo em tudo com os seos Regimentos; e sendo por elles ditos Veriadores Procurador e Thezoureiro asseito os Juramentos assim o prometerão cumprir: e logo pelo dito Juiz e mais Officiaes lhes foi dáda a pósse dos referidos Cargos; e para constar mandarão lavrar este Auto em que assignarão comigo João Lopes de Moraes Magalhãns, Escrivão da Camara que o escrevÿ
Rubricas:
Carvº Leal da S.ª Lisboa
Assinaturas:
Constantino Joze Pinto
Ant.º Joze de Menezes
Joaq.m Gomes Pereira
Antonio Xavier da Silva
João de Mello Rego
![]() |
Auto de posse e juramento de Menezes e demais oficiais - CM/CP/TPJ-001, fls 7 e 7v |
O vereador empossado Antônio José de Menezes nasceu por volta do ano de 1767, em Rio Pardo, filho dos açorianos Manoel José de Menezes e Mariana dos Anjos. Era casado com Maria Antônia da Costa, com quem teve vários filhos, dentre eles Luiz (1817), Francisca Maria (1819), Juliana (1820), Policárpio (1821), Balbina (1823), Zeferina (1824), Floriana (1826), Manoel (1827) e Maria (1829), todos nascidos e batizados na Vila Nova de São João da Cachoeira.
Sua nomeação como vereador abriu o caminho para outros cargos públicos, tendo sido oficial da Câmara, de 1823 a 1826, e juiz ordinário entre 1827 e 1828.
Menezes residia com a família na Rua do Loreto, atual Sete de Setembro, então n.º 130, casa edificada na esquina da Travessa do Soeiro, hoje Rua General Osório. Possuía uma fazenda na costa da serra, denominada Boa Vista.
![]() | ||
Terreno de Menezes (seta) - Cópia da planta de J. M. Buff (1850)
|
Comentários
Postar um comentário