O que pouca gente sabe é que a autoridade máxima que procedeu à instalação da Vila Nova de São João da Cachoeira era açoriano de nascimento.
Trata-se do Ouvidor Geral, Corregedor e Provedor da Comarca de São Pedro e Santa Catarina Joaquim Bernardino de Senna Ribeiro da Costa, autoridade constituída que veio à Freguesia de Nossa Senhora da Conceição para instalar a Vila Nova de São João da Cachoeira no dia 5 de agosto de 1820. Naquele ato, providenciou na abertura dos livros da Câmara, conduziu a escolha e a posse dos três primeiros vereadores e mandou levantar o pelourinho, símbolo da autonomia político-administrativa, segundo a legislação portuguesa.
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Abertura do Livro 1.º da Câmara, feita por Joaquim B. de Senna Ribeiro da Costa em 3/8/1820 - CM/OF/TA-008 - foto Cristianno Caetano |
No mesmo ano de 1820, em setembro, Joaquim Bernardino passou a compor a junta que governava o Rio Grande, integrada também por Manoel Marques de Souza e Antônio José Rodrigues Ferreira.
Em 1821, quando aconteceu um motim em Porto Alegre, soldados postaram-se defronte à sede do governo provincial para exigir o juramento à constituição de Portugal. Nessa ocasião, Joaquim Bernardino foi preso pelos amotinados, juntamente com outras autoridades.
Seu nome inspirou a antiga Rua do Ouvidor, em Porto Alegre, onde residiu depois de ter sido ouvidor em Recife - PE. Em 1822, exerceu mandato de deputado. Em Cachoeira, o ouvidor geral dá nome à Rua Joaquim Senna Ribeiro, no Bairro Barcelos.
Não há referência à data do falecimento de Joaquim Bernardino, mas em 1825, pelo estado de indigência da sua viúva, Inácia Emília, o Imperador concedeu a um dos filhos o cargo vitalício de escrivão nos Ofícios de Tabelião do Judicial e Notas na Vila de Rio Grande, de forma a conceder-lhe meios de sustentar a mãe.
É, pois, digno de nota que se divulgue a memória do ouvidor, cujos atos e decisões deram início e impulso à nossa história. Ele não tem rosto, sua biografia é permeada de lacunas, mas merece a nossa lembrança e reverência.
MR
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