Domingo, á noite, por occasião do culto divino, na Igreja Evangelica Lutherana, foi apresentada, pelo rev. Gustavo Reusch, a irmã d. Carlota Benter, recem chegada da Allemanha.
O sr. pastor Reusch produziu bellissimo e commovente sermão, mostrando quão nobre é a missão de guiar e educar os entes tenros e pequeninos.
Após o sermão a referida irmã prestou o compromisso solemne, perante a congregação reunida, de tratar com muito amor e carinho os pequeninos, confiados á sua protecção.
Segunda-feira, pela manhã, a irmã Carlota assumiu as funcções do seu cargo, o qual, estamos certos, desempenhará a contento geral.
Quinta-feira, á noite, a Sociedade Auxiliadora de Senhoras promoverá uma reunião de saudação, para a qual espera o comparecimento de todas as associadas e principalmente das mães cujos filhos frequentam o Jardim da Infancia, para que possam relacionar-se com a irmã que o dirige.
Fazemos votos para que a nova instituição progrida e produza excellentes fructos.
A notícia acima, localizada no jornal O Commercio, de 28 de junho de 1933, traz a consecução de um objetivo que os membros da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Cachoeira puseram em prática depois de sugestão feita pelo Pastor Hermann Dohms em 1920.
O Pastor Dohms, em assembleia da Comunidade realizada em 23 de março de 1920, sugeriu que fosse implantado junto à escola um Jardim de Infância e que para dirigi-lo fosse trazida uma diaconisa da Alemanha, onde havia escolas de formação para professores, tornando-os aptos a trabalharem com a educação infantil.
Os jardins de infância acabaram se constituindo em prática pedagógica adotada por comunidades cristãs pelo mundo, tanto católicas quanto luteranas, para a educação de crianças abaixo dos sete anos de idade. Eram baseados no método implantado pelo pedagogo alemão Friedrich Fröbel (1782 - 1852), em que os jogos e brincadeiras infantis poderiam ser aproveitados no processo de ensino-aprendizagem. Em síntese, os pequenos aprenderiam brincando e, ao mesmo tempo, os adultos descobririam os seus dons.
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Crianças em Jardim de Infância - https://www.diarioliberdade.org/ |
O termo "jardim de infância" era empregado em razão de que, para Fröbel, as crianças deveriam ser cultivadas nas formas de vida, conhecimento e beleza, como as flores em um jardim.
Segundo o Pastor Kurt Benno Eckert, em sua obra Quando florescem os arrozais, só no final do ano de 1932 a Comunidade sentiu-se apta a abraçar a proposta feita pelo Pastor Dohms. Naquele tempo, a decisão foi de que o Jardim de Infância funcionaria junto à Casa Paroquial e que seu funcionamento deveria ter início em março de 1933.
Para atender às exigências do Jardim de Infância, foram procedidas reformas no porão da Casa Paroquial, que havia sido o Instituto Pré-Teológico, prédio tombado da Comunidade. As reformas foram feitas pelo construtor Roberto Jagnow.
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Prédio do Jardim de Infância |
Como noticiou O Commercio, a diaconisa Charlotte Benter, ou Lotte, como passou a ser chamada por todos (Carlota em português), chegou em junho de 1933 e realizou um trabalho de sucesso.
Em 1937, para atender às necessidades do Jardim de Infância e para internato de meninas, foi construído o prédio que hoje abriga a secretaria da Comunidade e residência do pastor. A obra foi assinada e executada pelo arquiteto alemão Julius Rieth, residente em Cachoeira. No ano seguinte, em razão da nacionalização do ensino, foi suspenso o funcionamento do Jardim de Infância, sendo retomado pela diretora Amália Geisel na década de 1940. De lá para cá, atendendo às normas educacionais vigentes, vem cumprindo o papel de bem desenvolver e ministrar formação inicial aos pequeninos.
Completa, pois, o Jardim de Infância do Colégio Sinodal Barão do Rio Branco, os seus 90 anos em 2023, ocupando hoje modernas e adequadas instalações.
MR
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