Que Cachoeira do Sul é a Capital Nacional do Arroz ninguém mais duvida. Ainda que o município não ocupe mais os primeiros lugares em produção, iniciativas nele tomadas no passado foram fundamentais para o desenvolvimento da cultura orizícola no estado e no país, assim como o aperfeiçoamento das técnicas de cultivo, da mecanização das lavouras e de beneficiamento dos grãos.
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Arroz - foto Robispierre Giuliani |
Desde o estabelecimento da Colônia Santo Ângelo em território do município, no já distante ano de 1857, que o arroz passou a ganhar um expressivo número de interessados no cultivo. Dizem que os imigrantes alemães lá estabelecidos tinham muita saudade dos pratos que consumiam em seu país de origem, especialmente o conhecido "arroz com leite", um mingau feito com arroz, açúcar, leite e canela que depois disso se tornou uma sobremesa muito popular.
Arroz era produto difícil de encontrar, assim os colonos se encorajaram a tentar o cultivo nas várzeas do rio Jacuí. A experiência se provou exitosa para muitos deles, tanto que em 1859 o Barão de Kahlden informava a Phillip Niederauer que nas terras da colônia, depois da derrubada do mato e lavração, dava de tudo e que nos campos à beira do Jacuí dá até arroz. Um perigo é a enchente do rio, mas dá muito bom arroz.
Em 1875, sete engenhos de arroz trabalhavam na Colônia para descascar a produção, pertencentes a Gustavo Wrasse, Jacó Agne, Jacó Buss, Joaquim Poehl, Augusto Poetter, João Schneider e Frederico Treptow. Na cidade de Cachoeira, João Frederico Pohlmann instalou o primeiro engenho em 1887, na Rua 7 de Setembro, utilizando máquina a vapor para descasque do arroz.
Vez ou outra, algumas iniciativas serviam como incentivo ao cultivo do arroz, o que certamente colaborou também para que o município fosse sedimentando o caminho que trilharia depois na sua produção, beneficiamento e comercialização. Uma delas se deu ainda ao tempo do Império, quando o município era dirigido pela Câmara Municipal.
Em 31 de agosto de 1881, o presidente da Província, Francisco de Carvalho Soares Brandão, remeteu correspondência ao presidente e demais vereadores da Câmara encaminhando sementes do arroz do pampa para que fosse promovida a sua cultura no município.
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Circular do presidente da Província encaminhando sementes de arroz do pampa - CM/S/SE/CR - Caixa 20 |
O fato é que o grande salto no cultivo se deu a partir de 1892, quando Gaspar Barreto, às margens do arroio Santa Bárbara, e contando com a assistência de Lotário Vasconcelos no serviço de irrigação por gravidade, obteve excelente resultado na colheita. A partir dessa experiência, outros produtores alcançaram sucesso no mesmo sistema. A partir de 1906, no arroio Capané, Jorge Hugo Franke, João Jorge Krieger e Fidélis Prates deram início ao sistema de irrigação mecanizada, contando com a genialidade do mecânico Albino José Pohlmann.
Nos primeiros tempos da produção de arroz o tipo mais cultivado era o "carolina" que foi sendo depois substituído pelo "agulha". Em 1918, foi introduzido o arroz "japonês", com largo cultivo. Na década de 1930, com a introdução do arroz "blue rose", o rendimento teve um crescimento significativo. Nos anos seguintes, com a criação do IRGA - Instituto Rio-Grandense do Arroz e os investimentos em experimentação também da EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária surgiram novas variedades. Hoje existe o cultivar BRS - Pampa, arroz irrigado de alta produtividade.
O arroz pampa de hoje não guarda apenas distância temporal com o arroz dos pampas, mas também de ciência e pesquisa empregadas na melhoria constante das sementes, garantindo melhor produtividade.
* Fonte: SCHUH, Angela. CARLOS, Ione Sanmartin. Cachoeira do Sul em busca de sua história. Martins Livreiro - Editor, Porto Alegre, 1991, p. 184 a 187.
MR
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