Pular para o conteúdo principal

O imponderável acontece

Quem acompanha o blog sabe que desde a pandemia as consultas feitas a distância se multiplicaram. Na medida do possível, levando em consideração o reduzido número de servidores, e quando há referências que permitem a localização rápida do tema solicitado, a busca é feita. Na semana corrente, um pesquisador de Formigueiro, chamado Gildo Bortolotto, entrou em contato com o Arquivo Histórico para solicitar informações sobre processo envolvendo fato acontecido em 1830, tendo por protagonista o carpinteiro Francisco Antônio de Vargas. Como se tratava de processo, o arquivo da Justiça foi consultado no período compreendido entre 1830 e 1834, ano do falecimento do carpinteiro, quando então foi extinta a causa. Nada foi localizado.

Em outra ligação do pesquisador, desta feita para obter o resultado da busca procedida no acervo documental, novos fatos relacionados ao evento que originou o processo foram citados, abrindo possibilidades de outras frentes de pesquisa.

E aí o imponderável acontece. Folheando as páginas de edição do jornal O Commercio, ano 1925, eis que uma coluna intitulada "De São Sepé", enviada pelo correspondente daquele município, tratava justamente da questão envolvendo o carpinteiro Francisco Antônio de Vargas, considerado um dos fundadores do município de São Sepé, por ter, em 1830, obtido provisão do vigário geral para lançar uma cruz em determinado terreno e construir uma capela que desse início a uma povoação. Pois a coluna localizada falava justamente desta questão histórica!

Transcrevemos abaixo o que o jornal O Commercio, em três colunas "De São Sepé" trouxe sobre o fato, tendo como fonte o historiador cachoeirense Aurélio Porto:

Historiador Aurélio Porto - MMEL

DE SÃO SEPÉ

[...]

Quanto á fundação o historiador patricio coronel Aurelio Porto, nos proporciona os seguintes elementos históricos:

"Não foram Placido Lima nem Placido Nunes de Mello, o chiquity, os destemidos pioneiros do estabelecimento da Capella dos Ladrões.

A tradição, conservando o facto, que é quasi o mesmo, obliterou o nome modesto que se havia insculpido no pedestal da lenda. Armado de documentos, que um feliz acaso nos proporcionou, affirma o coronel Aurelio Porto, documentos que se acham no cartorio do Jury desta cidade (Cachoeira) e que hoje se encontram no Archivo Publico, vamos em nome da verdade historica, reconstruir a fundação da Capella de S. Sepé, de que foi protagonista Francisco Antonio de Vargas, do Formigueiro, um pobre carpinteiro, um desses grandes visionarios fundadores de cidades que, incomprehendidos em seu tempo, esquecidos depois, não deixam de si sinão a leve restea de luz de uma lenda que os tempos desfiguram.

Partindo dessa restea abrimos, atravez da poeira, ás vezes luminosa, dos archivos, a grande porta da verdade. Proclamal-a se nos impunha.

Rumando com estas notas a corrente historica que os tempos haviam desviado de seu curso cabe a nós a ventura de reivindicar para o modesto obreiro da fundação de S. Sepé, injustamente pela lenda apeiado do nobre esforço que intentou, o lugar que lhe compete na admiração dos contemporaneos.

Por acto de 15 de novembro de 1822, que dividiu o municipio de Cachoeira em districtos, coube ao Formigueiro ser um delles, comprehendendo um unico quarteirão. Relativamente populoso, dividido em pequenas propriedades, que constituiam chacaras, foi o novo districto attraindo habitantes varios que em 1830 se elevavam a mais de cem.

Longe de Cachoeira, séde do governo civil e espiritual, os habitantes do Formigueiro, religiosos por excellencia, alimentaram o grande sonho de elevar uma capella modesta, que lhe fosse a pedra angular de uma povoação futura. Neste sentido, tendo á frente Francisco Antonio de Vargas, mestre carpinteiro, dirigiram-se ao Vigario Geral impetrando a graça de uma provisão para erigil-a. Obtida esta, em 1829, trataram de escolher local nas immediações do districto, encontrando á margem do arroio S. Sepé, entre este e o Vaccacahy, sitio em "que parece que a natureza de proposito se esmerou", afim de lançar ahi os fundamentos da nova capella com a invocação de N. S. das Mercês.

Oppunha-se-lhe a vontade prepotente dos fazendeiros do districto que faziam guerra viva aos desejos de Vargas e de seus companheiros, procurando por todos os meios obstar a fundação da capella. Varias tentativas haviam sido feitas e todas improficuamente, até que o valoroso fundador de S. Sepé, resolveu dirigir-se á alta auctoridade ecclesiastica que lhe deferiu o pedido feito. O commandante José Elidoro de Figueiredo, guarda-mor do districto de São João, termo de Bagé, lhe havia promettido seu apoio, pedindo lhe scientificasse o dia da demarcação do local para a erecção da capella, afim de comparecer a essa festa com os fazendeiros do rincão. Marcado o dia 15 de fevereiro de 1830, Vargas dirigiu-se por carta a essa auctoridade, convidando-a a assistir esse acto, bem como designando o local de antemão escolhido.

Joaquim Carlos de Bragança Fraga, proprietario do campo em que se pretendia erigir a capella, e seus visinhos Emilio Manoel Moreira de Figueiredo, proprietario da Estancia S. João, Tenente-coronel do Estado Maior Antonio José da Motta, dono do Bom Retiro, Rodrigo José de Figueiredo Moreira, de São João Novo, Cambahy e Boqueiraõ Baixo, Maria Xavier de Freitas, da Estancia do Meio, Joaquim Simões Pires, proprietario do Boqueirão, Manoel e José dos Santos Cardoso, da Estancia de São Sepé e os officiaes de Paz Manoel Lucas e Carlos Antonio Borges e o commandante José Elidoro de Figueiredo, romperam em franca hostilidade contra os habitantes do districto, impugnando a fundação da Capella.

No dia designado, 15 de Fevereiro de 1830, escoltado por trinta e tantos moradores do Formigueiro e São Raphael  (districtos do municipio de Cachoeira) ao passo tardo dos bois, chegava ao local escolhido a carreta que conduzia a Cruz, o symbolo da conquista da civilisação e da crença, que ali devia ser plantada para que estendesse os braços complacentes, magnanimos, num protesto de amor e de fé sobre as aspirações dos modestos obreiros do monumento grandioso, de cujos alicerces o tempo apagaria os seus nomes.

O povo das immediações affluiu ao passo de S. Sepé.

Na estancia de Fraga, onde se tinham reunido varios visinhos, prejudicados com a erecção da capella, que já denominavam antecipadamente dos Ladrões, estavam tambem o commandante Elidoro e officiaes de paz, na perspectiva dos acontecimentos.

Chegando ao local, apeiada a Cruz, com vivas á Religião e S. M. o Imperador, mandou Vargas, pelo sargento dos lanceiros Salvador Caetano, que fazia parte da sua comitiva, pedir ao commandante Elidoro o obsequio de comparecer ali, para o acto da elevação da Cruz. Elidoro mandou-lhe dizer "que Vargas fosse lá onde elle, commandante, se achava, visto como era seu subdito."

Em vista da resposta inesperada, pois o guarda-mór lhe promettera apoiar na justa pretenção, Vargas, acompanhado dos seus amigos, dirigiu-se á casa de Fraga, afim de mostrar ao commandante a provisão de que era possuidor.

Recebida esta, o commandante leu-a attentamente, notando nella a falta de certos requisitos, sem os quaes não poderia ser cumprida.

Objectou-lhe mais Elidoro que aquelle terreno era propriedade particular e que não daria seu consentimento para a perpetração de um abuso de tal ordem.

Exaltando-se os animos, após curta discussão, entraram todos a commentar em altas vozes o procedimento do commandante, adduzindo razões que julgavam ter.

Salientaram-se entre os companheiros de Vargas o tambem carpinteiro João Caetano Rodrigues Portugal, que disse "que uma Cruz elle tinha direito de levantar onde quizesse" e Jeronymo Rodrigues "que nem S. M. Imperial era capaz de revogar aquella ordem".

O alferes Manoel Joaquim Torres, que ali tambem se achava, prendeu os dois amotinados á ordem do Visconde de Castro. Immediatamente todos os companheiros de Vargas, perto de 40 pessoas, proromperam [sic] em grande vozerio, dizendo "que tambem se consideravam presos visto o serem os seus dois companheiros".

Motivou essa revolta fosse sustada a ordem anterior. 

Dirigindo-se todos novamente á capella, ahi levantaram, com toda a solemnidade, e enthusiasticos vivas, a Cruz que indicava a futura  povoação, festejando a sua ascenção com repetidas salvas de pistola.

Não lhes sendo possivel obster, pela força, fosse levantada a Cruz começaram os interessados em que ficasse sem effeito o acto dos moradores do Formigueiro, a punir pelos seus direitos perante as auctoridades legaes. Haviam conseguido anteriormente que fosse annulada a Provisão do Vigario Geral. Antes mesmo de 15 de Fevereiro, em officio, o Official de Paz do Districto, José Manoel Lucas, nesse sentido se dirigira ao Juiz de Paz de Caçapava, Tenente-coronel Manoel Luiz da Silva Borges, pedindo instrucções, em virtude da carta que em 12 de Fevereiro recebera J. C. de Bragança Fraga. 

A' auctoridade competente, depois dos factos que relatamos, enviaram os fazendeiros prejudicados um abaixo-assignado que determinou rigorosa syndicancia dos factos apontados.

Recebida a queixa mandou o Ouvidor Geral da Comarca se instaurasse processo crime contra Francisco Antonio de Vargas e seus companheiros, sendo elle pronunciado juntamente com os principaes chefes da insubordinação.

A 23 de Setembro, a requerimento seu, lhe foi dada Carta de seguro negativa, para livramento, pelo espaço de um anno.

Archivando o processo annos depois, em 1834, foi concluso novamente ao Juiz de Paz de Cachoeira, Antonio Pereira Fortes, que deu nelle o seguinte despacho: "É constante ter fallecido o agressor". E' este o ultimo traço que ficou do fundador de São Sepé.

Lá, porém, junto do arroio, no sitio esmerado pela natureza  para a edificação de uma futura cidade, erecta e gloriosa, ficou a Cruz redemptora, attestando a fé e a tenacidade de um homem que quizera dar ao lugar, que lhe impressionara pelas bellezas que encerrava, um monumento que assignalasse aos posteros a passagem por ali do espirito constructor  da sua época.

Só desappareceu da lembrança e das tradições do povo o nome de Vargas e de seus companheiros, hoje invocado do silencio magestoso dos archivos, a reivindicar o lugar que lhe compete, escudado na verdade inexoravel da Historia".

Na edição do O Commercio de 20 de maio de 1925, o correspondente da vizinha São Sepé publicou mais um documento da história da sua fundação, desta feita a carta que o fundador Francisco Antonio de Vargas enviou ao comandante José Elidoro de Figueiredo, convidando-o para tomar parte na demarcação do local em que seria erguida a capela. Assim escreveu, segundo Aurélio Porto, Francisco Antonio de Vargas, o carpinteiro:

"Illmo. Sr. Guarda Mór Commandante José Elidoro de Figueiredo. 

O culto divino do Creador, tem feito reunir certo numero de familias em redor de um templo, para nelle cumprirem em commum os deveres da Religião, e esta mesma fórma uma especie de sociedade a que nós chamamos Parochia. As partes de um templo parochial são destinadas a differentes funcções proprias a preparar um povo perfeito e conduzil-o á verdadeira felicidade pelo caminho da Sabedoria Christã. Nesse templo está a sagrada Fonte do Baptismo para regenerar os homens em Jesus Christo; o Altar para nelle offerecer o sacrificio da sua redempção nos traços da carne e do sangue do mesmo redemptor; o Tribunal da Penitencia para os purificar dos seus peccados e conceder-lhe o perdão em nome de Jesus Christo; a cadeira da Verdade para os instruir nos deveres que della se deduzem a respeito do Creador de si mesmo e de seus semelhantes. Os habitantes de cada Parochia consideram o seu templo como o logar que lhes é destinado e consagrado por Deus para nelle receberem o pasto da doutrina e dos Sacramentos, para nelle se celebrarem os mysterios divinos e cantar os louvores do Senhor. Esta reunião dos homens ao pé dos altares inspira os sentimentos de fraternidade, mantem a paz e a ordem entre elles, distribue a sua civillização. A vista do que levo dito, tomando os moradores deste departamento, unidos aos moradores do districto de São Raphael, em séria consideração e achando-se privados de tão preciosos bens acima referidos, pelos grandes obstaculos que V. S. não  ignora, requeremos e obtivemos do Exmo. Rev. Sr. Vigario Geral licença para erigirmos uma Capella entre Vaccacahy e São Sepé, que parece a natureza de proposito se esmerou, convidando a que formemos o templo para dedicar á Virgem N. S. das Mercês a quem escolhemos para nossa padroeira. Portanto temos determinado o dia de segunda-feira, que se ha de contar 15 de Fevereiro do presente anno, ajuntarmo-nos no dito São Sepé afim de marcarmos a praça e o lugar da Igreja, e nesse mesmo dia fincarmos a Cruz. Como V. S. me pediu que quando fosse essa occasião convidava os moradores desse rincão, cujo affecto lhe consagram, com todo o acatamento lhe faço esta participação para termos a honra de que compareça a respeitavel presença de V. S. a quem Deus Guarde etc. - Francisco Antonio de Vargas. Rincão de São Sepé, 26 de Janeiro de 1830".

Na próxima edição da coluna, publicada em 10 de junho de 1925, a reação dos proprietários indignados com o levantamento da cruz.

De S. Sepé

A fundação de S.Sepé 

Conforme prometeramos reproduzimos a seguir mais um dos elementos historicos sobre a fundação de S. Sepé, devido ás pesquizas do historiador patricio, coronel Aurelio Porto.

Trata-se do abaixo assignado apresentado pelos fazendeiros que se julgavam prejudicados com o levantamento da Cruz que indicava a futura povoação. Eil-o:

"Dizem os abaixo assignados proprietarios das estancias do rincão de São João na fronteira do Rio Pardo, que estando elles pacificos no gozo de suas propriedades foram interrompidos pelo mau procedimento dos chacareiros do Formigueiro, já conhecidos como perturbadores do socego publico d'entre os quaes appareceu o carpinteiro Francisco Antonio de Vargas, a titulo de uma falsa devoção, requerendo ao exmo. sr. Vigario Geral ordem para edificar uma capella, a qual lhe sendo concedida em termos habeis, projectou o dito Vargas e mais alguns moradores do Formigueiro assim como muitos outros vadios sem estabilidade, fazel-a despoticamente no centro das estancias dos supplicantes, em terra  do primeiro dos assignados Joaquim Carlos de Bragança Fraga, que apenas possue uma legua de campo e na distancia do mencionado Formigueiro para mais de seis leguas. O que fazendo ver ao exmo. sr. Vigario Geral o abuso que aquelles vadios faziam de sua provisão, querendo com a dita provisão atacar o direito de propriedade e a fazer a mencionada capella despoticamente e á força d'armas, no terreno alheio sem consentimento do seu dono, em consequencia do que foi o mesmo Vigario Geral servido mandar ficar sem effeito a mesma provisão, visto quererem com ella tentar o socego dos pacificos moradores daquelle districto, acontece que antes de chegar esta ordem se ajuntou no dia 15 do mez passado toda a caterva do Formigueiro, muitos homens desconhecidos, vagabundos, excedendo a mais de sessenta pessoas, todas armadas e dirigidas pelo dito carpinteiro Vargas e marcineiro João Caetano Rodrigues Portugal que tem promovido toda essa intriga, procedimento proprio de quem não se occupa em cousa alguma, se apresentaram despoticamente, sem attender ás autoridades locaes escolheram o lugar da capella e fincaram a Cruz, e querendo o commandante do Districto e Official de Paz do Quarteirão embaraçar esse arbitrario e violento procedimento emquanto não fosse decidido pela autoridade competente o lugar para a projectada capella, se puseram todos os malvados em disposição de hostilidade, a vista do que vendo o commandante que daquella resistencia  e insubordinação podiam resultar consequencias desagradaveis tomou o expediente de prudenciar e recorrer a V. Exa. para dar as providencias que julgar necessarias, pois se um  attentado dessa natureza não for promptamente corrigido é de presumir que appareçam repetidos exemplos de que os resultados mais desastrosos não poderão os fazendeiros daquelle districto contar com segurança alguma, se os vadios e vagabundos puderem, juntos e armados, decidir dos negocios impunemente. Portanto, pedem a V. Exa. seja servido tomar em sua alta consideração o exposto afim de dar as providencias que julgar convenientes para evitar a continuação de factos que se oppõe á Lei e segurança dos pacificos cidadãos, que podem ter funestas consequencias e por isso devem ser punidos os autores daquelle escandaloso motivo, para exemplo, pois para mostrar a V. Exa. o atrevimento do sobredito Vargas os supplicantes apresentam a copia da carta que elle dirigiu  ao commandante do Districto dias antes do attentado. E. R. M."

31/5/1925                          O correspondente

Jornal O Commercio, 6/5/1925, p. 1

Passados tantos anos dos acontecimentos levantados pelo historiador Aurélio Porto e que remetem à fundação do município de São Sepé, antigo distrito de Cachoeira, é possível o julgamento distanciado dos fatos. O conflito de interesses transformou o panorama histórico e acrescentou outros personagens, criando mais de uma versão para os primórdios da história do município.

MR

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Casa da Aldeia: uma lenda urbana

Uma expressão que se tornou comum em nossos dias é a da "lenda urbana", ou seja, algo que costuma ser afirmado pelas pessoas como se verdade fosse, no entanto, paira sobre esta verdade um quê de interrogação!  Pois a afirmação inverídica de que a Casa da Aldeia é a mais antiga da cidade é, pode-se dizer, uma "lenda urbana". Longe de ser a construção mais antiga da cidade, posto ocupado pela Catedral Nossa Senhora da Conceição (1799), a Casa da Aldeia, que foi erguida pelo português Manoel Francisco Cardozo, marido da índia guarani Joaquina Maria de São José, é mais recente do que se supunha. Até pouco tempo, a época tida como da construção da casa era dada a partir do requerimento, datado de 18 de abril de 1849, em que Manoel Francisco Cardozo: querendo elle Suppl. Edeficar umas Cazas no lugar da Aldeia ecomo Alli seaxe huns terrenos devolutos na Rua de S. Carlos que faz frente ao Norte efundos ao Sul fazendo canto ao este com a rua principal cujo n...

Instituto Estadual de Educação João Neves da Fontoura - 90 anos

O mês de maio de 2019 está marcado por um momento significativo na história da educação de Cachoeira do Sul. No dia 22, o Instituto Estadual de Educação João Neves da Fontoura chegou aos seus 90 anos carregando, neste transcurso de tempo, desafios, dificuldades e conquistas. Muitas crianças e jovens passaram por seus bancos escolares, assim como professores e servidores dedicados à desafiadora tarefa educativa. A história do João Neves, como popularmente é chamado aquele importante educandário, tem vínculos enormes com seu patrono. Em 1929, quando a instituição foi criada com o nome de Escola Complementar, o Dr. João Neves da Fontoura era vice-presidente do estado e há pouco havia concluído uma gestão de grandes obras como intendente de Cachoeira.  Em 1927, ano em que Borges de Medeiros resolveu criar escolas complementares no estado para a formação de alunos-mestres, imediatamente João Neves empenhou-se para que uma destas escolas fosse instalada em Cachoeira, município p...

Série: Centenário do Château d'Eau

O Arquivo Histórico inicia com esta postagem a Série: Centenário do Château d'Eau , marco a ser comemorado no dia 18 de outubro de 2025. Até que o dia da comemoração chegue, o blog tratará mensalmente de algum assunto relacionado à grande obra de ampliação do saneamento empreendida a partir de 1923 em Cachoeira. Foram aqueles anos de 1920 um divisor de águas na história de Cachoeira do Sul no que se refere a investimentos em serviços básicos. Em razão disto, o município foi dos primeiros do estado a investir em distribuição de água e esgotos. Um belo feito para aquela época! Como resultado de vultosos investimentos, foi há um século inaugurada a segunda hidráulica, que tinha no Château d'Eau e no Reservatório R2 o coroamento estético e funcional daquele momento histórico ímpar. As obras do saneamento obedeceram a diversas etapas a partir de setembro de 1921, quando a primeira hidráulica, junto à Praça Itororó, foi inaugurada. Naquele tempo, apenas a zona baixa da cidade estava ...