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Mostrando postagens de 2016

Devastação das matas ciliares

Cachoeira do Sul foi castigada pelas intempéries como nunca nos anos de 2015 e 2016. Enchentes, vendavais, granizo... fenômenos que desafiam o homem e ressaltam a sua impotência diante da força da natureza.  Da mesma forma que o homem é sujeito das intempéries, ele também é agente de desajustes ambientais. E a preocupação com as ações humanas sobre a natureza, ao contrário do que possa parecer, não é própria dos tempos atuais, mas motivo de inquietação para muitos que ao longo dos tempos tiveram conhecimento e sensibilidade para perceber os efeitos funestos de determinadas práticas. Foi assim com José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência e patrono da principal praça de Cachoeira do Sul, com o conterrâneo Ramiro Fortes de Barcellos e com Antônio Augusto Borges de Medeiros, para citar algumas personalidades históricas que viram o meio ambiente com olhar de cuidado. Borges de Medeiros, grande líder na política rio-grandense, como se vê pela circular que reme

Hora legal no Brasil

Todo verão, ou melhor, antes do início desta estação, o Brasil tem adotado o dito horário brasileiro de verão. Mas a que órgão compete verificar, corrigir e determinar a hora legal no Brasil? Tais questionamentos surgiram a partir da localização de um conjunto de documentos recebidos pela Intendência Municipal em março de 1914, trazendo ao conhecimento das autoridades o decreto que estabelecia a hora legal no Brasil. Ofício n.º 279, de 13/3/1914 - IM/GI/DA/ADR - Cx. 1 A hora legal no Brasil, como atesta o ofício acima, foi determinada pelo Decreto n.º 10.546, de 5 de novembro de 1913. Pela lei n.º 2.784, de 18 de junho de 1913, o Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, seria o encarregado da determinação da hora, bem como a sua transmissão, para fins geographicos ou maritimos, pelo telegrapho commum e sem fios e pelo "Balão" ou Ttme-baloon , de accordo com o regulamento vigente e as convenções internacionaes que vigorarem. Anexos ao ofício n.º 279, de 1

Boas festas!

Roubo de fios de telefonia

Para quem pensa que roubos de cabos telefônicos são práticas do presente... Ledo engano! Há 95 anos, mais precisamente em 17 de dezembro de 1921, a empresa que administrava a telefonia no município entrou com uma reclamação junto à Intendência Municipal, dizendo que estava sendo vítima de freqüentes roubos praticados nas linhas telephonicas de nossa propriedade, e utilizadas para o serviço de communicações entre a séde e os districtos ruraes do municipio. IM /GI/DA/CR-Cx. 1 A empresa prestadora do serviço, com sede em Porto Alegre, a Companhia Telephonica Rio-Grandense, através de seu diretor, Victor de Araújo, signatário da carta ao Intendente Dr. Annibal Lopes Loureiro, dizia que os roubos até então tinham sido de pouca importância e que deixaram de ser comunicados porque esperava que não mais se reproduzissem, independentemente das medidas que, em taes casos, cabia lançar mão. Infelizmente, tal não se deu e, ainda no decorrer desta semana, verificamos um furto de arame na

Câmara de Vereadores e Arquivo Histórico: uma parceria em prol da memória histórica II

No dia 21 de novembro de 2016, quando o Arquivo Histórico ocupou a Tribuna Popular da Câmara de Vereadores para agradecer o apoio recebido da Casa para a recuperação do Livro CM/OF/A-005, deixou outra solicitação ao Presidente Homero Tatsch e seus pares: o patrocínio dos trabalhos de restauração da primeira planta da Cidade da Cachoeira, obra original de Johann Martin Buff, entregue ainda em 2008 à restauradora Naida Maria Vieira Corrêa, da empresa Restauratus - Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis Ltda., de Porto Alegre. As servidoras do Arquivo Histórico com o Vereador Presidente Homero Tatsch A planta é a primeira representação cartográfica do que era Cachoeira em 1850 e desde a instalação do município, em 5 de agosto de 1820, ter um registro da conformação física da Vila, ou seja, a sua divisão em terrenos, ruas, quadras e praças era uma necessidade, pois uma das atribuições dos vereadores da então Câmara Municipal era o de demarcar terrenos e ruas,

Câmara de Vereadores e Arquivo Histórico: uma parceria em prol da memória histórica

O Arquivo Histórico do Município de Cachoeira do Sul, representado em sua equipe pela assessora e pesquisadora Mirian Ritzel, ocupou a tribuna popular da Câmara de Vereadores no dia 21 de novembro de 2016 para prestar contas e agradecer o apoio recebido daquela casa para a restauração de um importante livro de seu acervo documental - o livro de atas do Fundo Câmara Municipal abrangendo o período de 1851 a 1861, identificado como CM/OF/A-005. A restauração do referido livro só foi possível graças ao fornecimento de todo o material necessário pela Câmara, numa iniciativa do então presidente, Vereador Marcelo Figueiró. Em seu pronunciamento, a representante do Arquivo Histórico fez a apresentação do papel da instituição e em imagens mostrou as diversas etapas pelas quais o restauro do livro CM/OF/A-005 passou, de forma a ilustrar todo o processo desenvolvido pela assessora técnica Jussara Maria de Andrade Garske, que foi auxiliada no início do trabalho pela voluntária Alba Lindemann.

A Bandeira Nacional

Em 15 de novembro de 1889 foi proclamada a república no Brasil. O novo sistema de governo, além das mudanças que acarretou na organização político-administrativa brasileira, obrigou as autoridades a promoverem mudanças de toda ordem, inclusive nos símbolos nacionais, até então representativos do extinto império. Em 20 de janeiro de 1890, Júlio de Castilhos oficiou a todas as juntas municipais - comissões de cidadãos que respondiam naquele momento de transição pelos negócios municipais - cientificando-as que uma nova bandeira nacional havia sido instituída e remetendo o desenho da mesma para que fosse imediatamente adotada. Referia-se, no ofício, ao Decreto n.º 4, de 19 de novembro de 1889: Ofício de Júlio de Castilhos - 20/1/1890 JM/S/SE/CR - Caixa 2 Desenho da bandeira anexado ao ofício de Júlio de Castilhos As instruções contidas no ofício acima resolviam a questão levantada em correspondência de 19 de novembro de 1889, coincidentemente o dia do decreto que institui

Salários dos professores

É sabido e difundido, com muita propriedade, que os salários dos professores não condizem com a nobre missão que desempenham. Histórica já é a luta em prol das melhorias das condições de trabalho e da remuneração a que fazem jus estes profissionais que constituem a base de todas as profissões, porque ninguém atinge formação sem o professor. Um documento do acervo documental do Arquivo Histórico, Fundo Junta Municipal (1889-1892), datado de 13 de abril de 1892, mostra o quanto o assunto não é novo e uma faceta das várias situações a que a classe do magistério tem sido submetida ao longo do tempo: Ofício de 13/4/1892 - JM/S/SIP-Ofícios - Caixa 2 Dizia o documento, enviado à Junta de Cachoeira pela Diretoria Geral da Instrução Pública, em Porto Alegre, que os vencimentos dos professores interinos não normalistas seriam reduzidos de 880 para 600 mil réis, autorizando a municipalidade a abrir concurso para nomeação de outros, desde que fossem abertos editais. Os candidatos

Um outro cemitério para a cidade

No início da última década do século XIX, grande era a insatisfação dos cachoeirenses com os serviços de sepultamento no Cemitério das Irmandades, então o único existente no recinto urbano. Havia grande reclamação com o descaso, com as taxas cobradas pela igreja e também pela questão do credo que limitava os sepultamentos apenas aos católicos. Desde a década anterior, ou seja, 1880, a então Câmara Municipal tratava da necessidade da construção de um novo cemitério, tendo escolhido para isto um terreno no Alto dos Loretos. Em 14 de agosto de 1891, cientificado pela Junta Municipal*, o vigário da Paróquia da Cachoeira, padre Vicente Zeferino Dias Lopes, oficiou a David Soares de Barcellos** dando conta de que já havia feito saber ás Irmandades remettendo uma copia para intelligencia e cumprimento para cessar os sepultamentos no antigo Cemiterio, e fazer-se no novo , o que indicava estar pronto e apto ao funcionamento o Cemitério Municipal. Correspondência do vigário às autorida

Festa Nacional do Trigo em Cachoeira - 60 anos

Entre os dias 20 e 22 de outubro de 1956, Cachoeira do Sul sediou a VI Festa Nacional do Trigo e II Exposição Agro-Industrial, eventos que mobilizaram a cidade e a colocaram em evidência no país. Os jornais locais, O Commercio e Jornal do Povo , fizeram ampla cobertura da programação da Festa e das atividades que a cercaram. A cidade, engalanada, recebeu o Presidente da República, Juscelino Kubistchek, o Governador do Estado, Ildo Meneghetti, e o senador e jornalista Assis Chateaubriand, proprietário da maior revista de circulação nacional da época - O Cruzeiro , dentre outras personalidades políticas, militares, civis e eclesiásticas.                                                       Edição do Jornal do Povo de 20/10/1956                          - Acervo de Imprensa do Arquivo Histórico Edição do jornal O Comércio  de 17/10/1956 - Acervo de Imprensa do Arquivo Histórico Disse o Jornal do Povo na edição de 21 de outubro de 1956, cuja manchete era  &qu

100 anos da visita de Olavo Bilac a Cachoeira

Há exatos cem anos, no dia 14 de outubro de 1916, o celebrado poeta Olavo Bilac chegou a Cachoeira, uma das tantas cidades brasileiras que visitou em razão de uma grande cruzada que empreendeu pelo país com o objetivo de divulgar a recém-criada Liga da Defesa Nacional, entidade com fins patrióticos. Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac A recepção ao poeta, já na Estação Ferroviária, foi festiva. A Banda Musical Estrela Cachoeirense tocava uma marcha quando o trem chegou, às 16h45. Ao desembarcar, o poeta foi saudado em nome do povo cachoeirense pela menina Jenny Pinheiro que lhe ofereceu um ramalhete artístico. Entre vivas do povo que se aglomerava junto à Estação, o poeta desceu a escada do prédio e passou por uma longa ala de alunos e professores do Colégio Elementar Antônio Vicente da Fontoura, liderados pela diretora Cândida Fortes Brandão. Novamente recebeu um ramalhete de flores com dedicatória do colégio das mãos do aluno Waldemar Brum, que proferiu os seguintes ver